Análise

Trilhar novos caminhos para São Tomé e Príncipe

O movimento de independência que libertou São Tomé e Príncipe do colonialismo português ansiou a liberdade e a emancipação do país para que fossem os santomenses a escrever as linhas do seu futuro. Esse movimento representou a esperança de milhares de pessoas que buscavam uma vida com mais qualidade, com mais dignidade e com mais liberdade.

Nesse movimento batiam os corações de todos aqueles que sentiam o seu país adiado pelos anos da ditadura portuguesa e que se sentiam injustiçados por saber que era possível fazer mais e bem melhor.

Porém, volvidos quase 40 anos após a independência, São Tomé e Príncipe continua a trilhar um caminho difícil rumo ao desenvolvimento e é com tristeza que constato que ainda estamos muito longe de ter as condições de crescimento económico necessárias para que nossos cidadãos possam viver com maior qualidade de vida e para que o Estado se torne mais sustentável.

Considero que a estratégia de desenvolvimento económico do nosso país assentou num erro sistemático: uma quase exclusiva dependência dos recursos existentes em terra e no mar, que não foram acompanhados pela criação de serviços e indústrias que permitissem dar maior valor económico a esses recursos. Penso, por exemplo, ser incompreensível a falta de aposta no setor do turismo de qualidade, no setor dos serviços e na pequena indústria.

Uma nova visão estratégica para o crescimento do nosso país não se pode sustentar apenas na recolha do que cresce na natureza. Devemos ser mais audazes e perceber o que isso não basta para sermos sustentáveis a longo prazo. Muito deve ser feito para além disso, por exemplo:

– estimular a criação de indústrias transformadoras que permitam diminuir a importação de produtos e a dependência externa a nível comercial;

– incentivar à constituição de empreendimentos turísticos de qualidade e à promoção de desportos de natureza, apoiados pela utilização de novas fontes de energia, limpas e renováveis;

– desenvolver um sistema de saúde capaz de prestar cuidados de saúde de qualidade;

– reformar o sistema judicial, de modo a ser capaz de responder aos desafios da sociedade e às expectativas dos cidadãos, com maior eficiência e qualidade;

– reforçar a aposta nas qualificações dos cidadãos, não dando apenas boa escola mas também ensinando competências profissionais ao longo da vida.

Não acredito que o destino nos tenha reservado um lugar paralelo na História e também não aceito que tenhamos que adiar o nosso futuro para sempre. O nosso futuro começa hoje e começa aqui!

É chegada a hora de São Tomé e Príncipe definir um programa coerente, integrado e abrangente de captação de investimento estrangeiro, aproveitando as potencialidades da sua localização geográfica, e de:

a) criar infraestruturas logísticas de apoio ao comércio marítimo internacional que circula no Golfo da Guiné;

b) desenvolver garantias de segurança pública, saúde de qualidade e celeridade na justiça – sendo estes os factores essenciais para que os investidores estrangeiros possam sentir os seus negócios seguros;

c) qualificar profissionalmente os seus jovens para o desempenho de funções técnicas na área do turismo, logística e exploração industrial;

d) combater a corrupção e criar mecanismos de transparência, uma vez que para atrair o investimento estrangeiro é importante demonstrar que as instituições públicas têm regras bem claras na gestão dos recursos públicos.

No entanto, parece ainda não existir a maturidade política e democrática necessária para concretizar uma visão estratégica deste género. Depois da cena de pancadaria que pudemos assistir no Parlamento, que mancha de vergonha todos aqueles que nela participaram e que fez mergulhar o país em nova crise política, devemos perguntar aos políticos santomenses se não é chegada a hora de pensarem no país e não no seu umbigo, se não é chegada a hora de pensar no legado que estão a deixar para as gerações mais novas (onde os seus próprios filhos estão incluídos) e se não é chegada a hora de finalmente criar as condições de vida que tanto foram prometidas?

Pelo que se tem visto até hoje, o futuro não augura nada de bom, e a situação que vivemos é inquietante. Eu também me preocupo enquanto cidadão, pois constato que ainda existem muitas infra-estruturas que devem ser criadas para que o país possa alavancar o seu crescimento, e enquanto jovem santomense, pois sei que o futuro das novas gerações está intimamente dependente do desempenho da economia e da promoção do emprego.

Acredito que o desenvolvimento sustentado de um país necessita do esforço conjugado de todas as gerações, numa interajuda simbiótica. Penso, por isso, que o desenvolvimento do nosso país passa pela concertação de esforços e por uma visão estratégica de longo prazo que invista nos jovens, apostando no capital humano e não desperdiçando a energia, criatividade e capacidade transformadora tão características de uma juventude cada vez mais qualificada e bem formada.

A nossa juventude deve perceber que encerra em si grandes potencialidades, mas também grande responsabilidade. Pela maior formação a que teve acesso, pelo maior contacto com realidades de outros países, pela melhor preparação para lidar com os desafios do futuro, os nossos jovens têm uma voz determinante no futuro do país. Essa voz deve ser ouvida e o seu contributo não deve ser desprezado.

Negesse Pina

16 Comments

16 Comments

  1. joão luis santos

    9 de Dezembro de 2012 at 21:01

    CARO AMIGO,ACHEI DEVERAS INTERESSANTE O ARTIGO AQUI REPORTADO,PORQUE SOU EM CONJUNTO COM UM HABITANTE LOCAL,POSSUIDOR DE UMA FIRMA EM S.TOME(LUSAC),ESTAMOS DEVERAS INTERESSADOS NO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS E TUDO FAREMOS PARA QUE ISSO ACONTEÇA,MAS GOSTAVA QUE SE PASSASSE DAS PALAVRAS AOS ACTOS.POIS ISSO ESTÁ NAS VOSSAS MÃOS DESDE QUE HAJA VONTADE POLITICA PARA ISSO.PORTANTO AGUARDO QUE EM BREVE OUÇA NOTICIAS DE BOM AGRADO.OBRIGADO

  2. António de Jesus Bombin

    10 de Dezembro de 2012 at 9:25

    Ei calma aí. Só quero te fazer uma pergunta, resides em S.Tomé? Meter-se num fato e fazer uma cara de intelectual não é tudo tens que vir e ver a realidade e depois fazer comentarios. OK

  3. Foi uma Pena

    10 de Dezembro de 2012 at 10:00

    O senhor a mais de 10 anos andam a tentar fazer um curso como economia. Tenha vergonha rapaz andas a tirar lugar do outro.

    • silvia

      11 de Dezembro de 2012 at 9:47

      o senhor é que lhe está a pagar o propina?. me que parte deste fórum os estudantes nao podem escrever aqui? povo difícil.continue Neguesse Pina. muita força gostei se todos tivessem a capacidade de escreverem e se ao menos nao soubessem fazar pautassem por um processo de continuidade o pais não estaria nesse mar de dificuldades que está.

  4. STP sempre

    10 de Dezembro de 2012 at 11:30

    É pena que uma opinião reflectida e ponderada sobre o país resulte em ataques pessoais e sem nexo. São Tomé e Príncipe não é apenas dos que lá vivem é de todos os santomenses.
    Espero que os jovens santomenses que residam fora do país continuem a dar as suas opiniões e não se desmoralizem por estes comentários covardes.

  5. luisó

    10 de Dezembro de 2012 at 11:34

    “…O movimento de independência que libertou São Tomé e Príncipe do colonialismo português…”.
    Por amor de Deus rapaz onde é que você estudou?
    Tu sabia que nunca houve guerra chamada de independência em STP?
    Os tugas deram a independência no seguimento de outras, não foi ninguém que lutou por ela.
    Quem falava por STP estava no Gabão no bem bom.
    Se calhar por isso estamos assim…

  6. HéraLopes

    10 de Dezembro de 2012 at 12:07

    Hei! pessoal.
    Temos que reconhecer que as visões apresentada neste artigo é boa, para a melhoria da do nosso país. Ainda que já é conhecida por todos santomenses.
    Questionamos sim, é no porquê que essas medidas não são tomadas. Falta de inteligência? Competência? Não. Diria, exclusivamente, falta de interesse político. Há quase 40 anos que o nosso país é “governado” (em áspas, porque não é isso que realmente acontece. seria mais desgovernar) pelas mesmas pessoas. Pessoas que estão cada vez melhor nos bolsos.
    Se realmente queremos que essas ideias, conhecidas por todos, se materialize é necessário mudarmos, digo todos, os nossos governantes, juristas, políticos.

  7. venicius santos

    10 de Dezembro de 2012 at 12:16

    Tipico Santomense esses comentarios. O artigo em causa tem rosto. Tomara que muitos que aqui opinam pusesse nome e rosto. Nao se intimide Negesse Pina. STP e de todos nos.

  8. PETER

    10 de Dezembro de 2012 at 14:29

    granda sabedoria do rapaz, PUTO! o mal de sao tome e ter pessoas gatunos e lumpenos na lideranca do pais, e quando veem um joven como voce a dar uma boa sura dessas fiquem nervosos.
    entao temos figuras na nossa politica como vendedores de cabra no gabao? se quisermos que o pais realmente avanse, nao poe pobres no poder porque vao burlar e roubar.

  9. homemserio

    10 de Dezembro de 2012 at 15:03

    Esse jovem está a procura de TACHO DESSES CORRUPTOS de MLÇSTP e PCD.

    Ele quer manifestar o seu interesse aos aos corruptos de MLSTP e PCD e dizer-lhes assim ” MEUS AMIGOS ESTOU AQUI EM TUGA, A COISA ESTÁ MAL, ESTÃO A FORMAR O GOVERNO LEMBREM-SE DE MIM”.

    Oh jovem, deves mais é terminar o curso que estás a fazer há mais de 10 anos e regressar ao país e pôr a mão na massa como os outros verdadeiros trabalhadores desta nossa nação.

    Deixa dessa maninha de procurar TACHOS.

  10. borboleta

    10 de Dezembro de 2012 at 15:57

    BOA PUBLICAÇÃO, FAÇA MAIS VEZES, ESTAMOS A LER, FORÇA…AJUDE O ABEL VEIGA VENDER ESTA PALHAÇADA DE AUDIÊNCIA COM NOTAS BEZERAS..

  11. Lucas vaz

    10 de Dezembro de 2012 at 15:58

    Com todo respeito, sem querer ofender niguem, há muita gente fora de STP escrevendo muitas besteiras por aí!
    Este Negesse Pina foi formar no governo de Posser Costa e até hj n termina…

    • Parvo

      10 de Dezembro de 2012 at 18:43

      Nem o Sr.nem um tal de homem que se diz serio,mereciam uma resposta ao nível o problema esta,mas a vossa escuridão é um breu cujo a tentativa de vos iluminar traduz-se-ia em enlamear-se,e como verdadeiro democrata que sou,prefiro apenas lamentar a vossa falta de cultura para não ser mais indiscreto,cada povo tem os políticos que lhes merece e isso assenta que nem uma luva a São Tomé,é triste muito triste,perceber que hoje muitos vão para Brasil sem nem 9º ano,e vêm de lá com licenciatura,Sr. homemserio,leio enormidades varias escritas por si que revelam a sua subserviência ao ADI,que nos dias de hoje,se confunde com Patrice Trovoada,o Sr sabe,e já viu o Diploma do Patrice,algum dia por mero acaso leu alguma coisa escrita pelo seu patrão sobre economia,?Porque dizem que ele é economista! Critiquem com argumentos,e não façam ataques pessoais gratuitos,indecorosos,e inverosímeis…o vosso intuito è claro,desmoralizar,…

  12. Shiloe

    10 de Dezembro de 2012 at 17:52

    O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros.

  13. Shiloe

    10 de Dezembro de 2012 at 17:56

    Sejamos firmes e procuramos dar o maximo para ajudar que esta para nos ajudar.

    Reflitam…

    * No imposto profissional o justo paga mais e o injusto menos, sobre o mesmo rendimento.

    * Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência.

  14. Barão de Água Ize

    22 de Dezembro de 2012 at 11:01

    STp necessita de uma nova Indepedência, que corte radicalmente com os erros do passado e lute de forma enérgica contra a pobreza; que seja feita lavagem mental das ideologias que prometem “gloriosos” futuros mas que alimenatm a mediocridade e a indigência.

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