Opinião

Malala, 12 de Julho e a mente que muda o mundo

Nos dias que correm hoje, o Mundo tornou-se pequeno demais e num clicar de dedos no aparelho em tamanhos e inovações constantes que aprisiona crianças, adolescentes, jovens e até gente grande, ao contrário da antiga máquina de escrever que era propriedade quase que exclusiva de instituições públicas e privadas, as notícias chegam a qualquer um na hora e podem ser partilhadas no bom ou no mau sentido das intenções e escolhas.

As magníficas e paradisíacas ilhas encaixadas no Golfo da Guiné por onde imaginariamente os estudos científicos convencionaram quebrar a Terra ao meio, há uma África excepcional, nascida no dia 12 de Julho de 1975 como achar-se-ia uma outra data qualquer a acelerar a autodeterminação do povo insular registado no entreposto escravo e de reordenamento de culturas dos quatro cantos do Mundo.

Quem sacou ao proveito das novas tecnologias, na sua máquina e com o convite antecipado do Téla Nón, em qualquer paragem do Mundo, pôde embebedar-se na noite de 12 de Julho da merenda jornalística da RTP-África oferecida aos espectadores num convite a descobrir as turísticas e acolhedoras ilhas virgens. O postal jornalístico cultivou as saudades e a esperança de sairmos ao alto no difícil caminho a percorrer pelos são-tomenses.

Na merenda dos trinta e oito anos da independência nacional, o Presidente da República anestesiou as mentes: «Apesar dos erros e omissões próprias da história de um jovem país como o nosso, temos razões para, retirando as devidas lições do passado, ter esperança no futuro, porque ter confiança no futuro é acreditar nas capacidades que temos como povo e como nação de vencer todos os desafios.» Sem dúvidas! Começamos com quatro médicos nacionais e um português, salvo, o doutor Botica da professora de Matemática, a D. Rosa Botica e, hoje, o país tem médicos a dá chuto e demais quadros di leva terra pá frente.

A diáspora são-tomense pelo mundo fora e os amigos di terra, não só andaram na literatura, no desporto, na gastronomia e na cultura a festejar os trinta e oito anos da independência nacional, como reflectiram o país-Nação, não faltando queixas a má governação e contributos para um São Tomé e Príncipe desenvolvido e mais igual socialmente.

Então! E Malala no nosso dia 12 de Julho? Propomos hoje trazer Malala – entre a religião e a educação – a nossa rubrica com a cumplicidade das Nações Unidas neste ano associar-se de forma especial e homenageante a nossa data festiva.

No dia 10 de Outubro do ano passado, Malala Isufzai foi baleada na cabeça e no braço num autocarro escolar pelos talibãs, por esta defender a escola para as mulheres paquistanesas. Por vezes embaraçam-nos alguns pecados da civilização. Todavia, esta notícia, aos menos atentos do que ainda se passa pelo mundo parece um tanto quanto estranho e desprezível haver países em que as mulheres ainda são perturbadas ou até barradas na aquisição de conhecimentos com o custo da própria vida.

Em pleno século XXI com as portas das escolas em São Tomé e Príncipe – regista-se as limitações infra-estruturais do país – abertas a todos sem qualquer tipo de discriminação e com a agenda de erradicação do analfabetismo desde os anos oitenta do século passado, ainda poluem países em que este direito consagrado na Carta dos Direitos das Crianças é vetado aos nascidos, vindos ao mundo com a missão de serem Eva e não de Adão.

Malala nasceu há dezasseis anos, no dia 12 de Julho, dia de São Tomé e Príncipe, numa região de Paquistão onde os talibãs, eventualmente, parados no tempo ainda fecham a educação as mulheres. Aos catorze anos, ela já tinha tornado numa lutadora implacável no direito das mulheres paquistanesas a educação a par dos homens.

Depois de lutar e vencer a luta contra os estragos da bala na cabeça e no ombro, Malala teve alta do hospital Queen Elisabeth em Birmingham no Reino Unido, onde foi transferida para tratamento e na última sexta-feira, dia do seu aniversário, foi recebida nas Nações Unidas e discursou ao mundo numa sessão dedicada aos jovens, reafirmando a sua luta e que bala alguma jamais apagará a sua voz.

A pequena mulher que, com a bala que lhe atirou ao chão conseguiu levantar o imenso Paquistão e tornar-se símbolo de luta das mulheres do mundo inteiro pela educação feminina e, quanto jovem é, já tem o nome de ouro na lista das nomeadas para o Galardão do Mundo, Nobel de Paz – jubilemos pela sua condecoração – leva-nos a repensar no nosso país que reclamamos enes de vezes o estrondo da consciência nacional.

Na quinta-feira da semana passada, chegou a imprensa internacional as queixas de quatro jovens e do seu advogado, detidos na polícia central entre as 15h00 e 20h00 do dia anterior, mais coisa menos coisa – sem água, sem comida – por pretenderem organizar na véspera de 12 de Julho, uma manifestação designada de “STP indignados”.

O activista dos Direitos Humanos em São Tomé e Príncipe, Óscar Baía, disse a imprensa que a democracia são-tomense podia ser manchada com a liberdade individual na atitude da Polícia Nacional em deter os quatro jovens – o advogado, não detido, manteve ao lado dos seus clientes com o receio de deixar-lhes a mercê das autoridades – com a justificação policial de insegurança e aconselhamento na troca da data e do local da concentração que vinha de quatro frentes distritais para desembocar na Praça da Independência na capital das ilhas.

Não só o poder temia sair mal e até beliscado na fotografia das comemorações do dia da independência nacional como não é de se dar menos importância aos defensores de que cada coisa é cada coisa, ou se quisermos, uma coisa é uma coisa e outra coisa …

Entenda-se dos defensores de separarmos as águas de que a semana dos festejos da Nação, jamais deveria misturar-se com o vale tudo. O mal no meio disto e no respeito pelos jovens enclausurados, é tudo sair a praça pública com a partidarização das mentes, quando devia ser entendível a independência do pensamento juvenil em sair as ruas num levantamento pela indiferença do país aos impunes de colarinho branco que até já desespera o diabo no inferno.

Por outro lado e em qualquer democracia mesmo das mais avançadas, reclama-se a autoridade do Estado e, caso de São Tomé e Príncipe contestada também de coloração partidária. Muitas das vezes somos confrontados com excessos de zelo de praticadores dessa autoridade que para fazerem valer o mando pá gente pequena chegam ao extremo do uso da força ou de medidas intimidatórias, algo para que levantamos sempre as nossas vozes de condenação.

A Acção Democrática Independente que ousamos na nossa última rúbrica assinar por baixo as queixas populares e as informações técnicas do director científico do CIAT, Severino Espírito Santo, membro desse partido, que negava ao uso do arroz camaronês impróprio para a saúde dos são-tomenses, o partido na sula luta ao poder e na voz do seu Secretário-Geral apoiou a iniciativa dos jovens indignados e apoia tudo quanto possa forjar política e ida quanto cedo do possível as urnas. Nada a contrariar pelos ditames democráticos, pese a demora da festa de recepção ao líder no estrangeiro com contas a saldar ao povo pequeno.

Os resultados técnicos solicitados aos credíveis laboratórios internacionais dão-nos confiança em acreditar no Governo – não retiramos uma só palavra da anterior rubrica – se bem que fica ultrapassado a cruz sanitária e de segurança alimentar. O Governo presidencial de Gabriel Costa com o caso de arroz tem outros pormenores criminais com ofensas a Nação para o proveito negocial e judicial que nos chutam aos custos do produto e, não só, até então não clarificados.

O Chefe do Estado ainda na sua mensagem de 12 de Julho agastou-se com o politicamente incorrecto e quase que direccionou a sua mensagem contra as forças de bloqueio: «As polémicas constantes, repetem-se com os mesmos protagonistas, numa lógica que impede de “nos situarmos todos do mesmo lado da canoa”, nas palavras da saudosa Alda Espírito Santo, para que todos juntos possamos, decisivamente, remar em direcção ao tão almejado desenvolvimento e progresso.» Do outro lado da canoa o pescado, produto do trabalho e da justiça social, base arquitectónica de alavancar o país.

Quarenta e oito horas depois do alerta de Pinto da Costa, a única jóia da coroa, fresca de iluminação para ganhos nocturnos da economia nacional, com portas de entrada e saída aos seus filhos e visitantes quase que ia pelos ares com um incêndio de mãos metidas. O deflagrar das chamas com as suas frentes na hora em que aconteceu, ajudou ao juízo sem que as autoridades especializadas e criminais dissessem da sua peritagem de fogo posto ou fogo de gravana.

Desde miúdos que nos chamaram a atenção a termos cuidado com a língua de sal e malagueta para que o feitiço não nos engate. Não faltaram de imediato reacções a ligar o incêndio que podia levar vidas humanas de número incalculável, caso atingisse os depósitos de combustível das aeronaves, ao caos, caos e caos prometidos por Patrice Trovoada aquando da queda do seu governo.

É perigoso para a democracia, a oposição ser acusada de um acto desta dimensão e lesiva a economia nacional quando todos somos necessários para o erguer da Nação. A oposição deve encontrar um meio-termo para fazer parte do projecto social e económico do país como alternativa ao poder e, não colar no contrário que lhe pode custar danos.

A ausência dos membros de ADI na cerimónia de 12 de Julho em Mé-Zóchi faltando o militante respeito ao Presidente da Câmara, Nelson Carvalho, não só retirou prestígio ao partido como impossibilitou aos eleitores desse distrito tão marcante nos actos eleitorais de postarem para memória com os seus deputados que mamaram meio ano de salário e mordomias sem um dia sequer de trabalho parlamentar.

Pinto da Costa para encerrar ao seu discurso aniversariante trouxe-nos a memória os ensinamentos, aquando miúdos, ministrados pelo ilustre e malogrado Januário José da Costa – cremos não ser seu parente, embora “STP” – professor de Língua Portuguesa de várias gerações em São Tomé e Príncipe, falecido no dia 24 de Novembro de 2009 em Portugal, pontuando: «Celebremos pois com o orgulho de sermos Santomenses o dia em que há 38 anos conquistámos a liberdade e a nossa independência. O dia em que o nosso destino passou a estar nas nossas mãos.» O resto da caminhada difícil mas ganhadora dependeria apenas de todos nós, os são-tomenses, ensinava-nos o professor Januário – Deus tenha por perto a sua alma que jamais cansou os pés de São João ao Liceu Nacional.

Quem aguardava sobremesa, só em 2014, o ano eleitoral, o Presidente Pinto da Costa sairá da rotina das palavras para marcar a sua diferença em relação aos seus antecessores, Miguel Trovoada e Fradique Menezes, sobrepondo-se aos discursos partidários concorrentes as eleições, porque a cor partidária a apoiar deverá ser a do povo são-tomense, penosamente, na triste corrida ao banho das consciências.

O nosso 12 de Julho a partir deste ano tem uma companhia especial declarada pelas Nações Unidas, a de Malala, jovem paquistanesa que acordou ao mundo para a questão de educação feminina. Em São Tomé e Príncipe para quando o estrondo das nossas consciências rumo ao orgulho e desenvolvimento nacional?

Seria descuido injustificável, fecharmos sem palavras de consternação e de luto aos cabo-verdianos, a África, a Lusofonia e ao mundo amante da morna que ficaram mais pobres com a partida de Adriano Gonçalves, aos seus 81 anos.

A voz do coração parou-lhe no hospital de Loures em Portugal na passada sexta-feira, após doença prolongada. Rendemos aqui homenagem ao Bana, o rei da morna!

José Maria Cardoso

18.07.2013

12 Comments

12 Comments

  1. Xuta Xuta

    18 de Julho de 2013 at 11:07

    Não entendi absolutamente nada.

  2. Caueh a pagueh SagiNon

    18 de Julho de 2013 at 11:30

    Isto de não se ser grego nem troiano, e querer beliscar a todos, dá nisto:

    Pelo menos numa crónica, dificulta e de que maneira uma escrita inteligível e consentânea com todo o resto…

    Um bem-haja Tozé! Esta crónica até gostei mais do que as outras.

  3. Negro de STP

    18 de Julho de 2013 at 12:07

    Eu não concordo com nada escrito neste artigo,o periodo pós a independência teve tudo menos a democracia só faz sentido para os miudos que nasceram depois da epoca do partido unico.
    O Pinto da Costa no periodo pós independência governou o pais com mão de ferro eu ja levei um pontapé no cu na altura porque não fiquei de pé quando o Pinto da Costa estava a passar.
    Nos estavamos privados de eleições para se comer chocolate tinha que ser na antiga loja franca porque não havia liberdade de inportação como há hoje.
    Em democracia é o povo quem mais ordena a avaliação de um politico deve ser feito pelo povo nas urnas não se deve interomper o mandato de um Primeiro Ministro duas vezes consectivos.
    Por outro lado em S.Tomé reina a inpunidade.
    A cadeia centrar é para quem rouba banana.Por isto e muito mais a democracia ainda é uma miragem em S.Tomé.
    Espero que o Tela Non publique o meu comentario.

    • Filipe

      18 de Julho de 2013 at 14:18

      Tive muita dificuldades em perceber o conteúdo da crónica. Misturas muito as coisas num mesmo texto. Falas de alho e de bogalho ao mesmo tempo sem um estilo favorável que permita ajudar o leitor a passar de uma coisa para outra. Muito confuso, meu caro.

  4. CEITA

    18 de Julho de 2013 at 16:33

    xuta xuta es analfabeto ? ou não aparece no comentário, diga la quê que não entendeste?

  5. CEITA

    18 de Julho de 2013 at 16:39

    Negro de STP, o José Cardoso não falou nada a contrario, se ele fala da jovem Malala quer dizer que ele esta a fazer referencia a liberdade, vocês têm que começar a ler mais e sobre tudo Obras de Eça de Querois. fuimmmmmmmmmmm

    • Negro de STP

      18 de Julho de 2013 at 20:17

      Olha Ceita eu reitero tudo que disse.Diga-me se há alguma mentira no meu comentario.
      O senhor nunca dormiu na bixa da loja para comprar 1kilo de arroz ou pão.
      Falar da jovem Malala é treta .
      A Malala foi baliada porque esta a luta por seus direitos .
      O senhor Ceita acha que em S.Tomé pode-se manifestar por seus direitos ?Não esta a ver ameaças da policia a inpedir manifestações?
      Olha eu ja vi um jovem a ser baliado junto aos predios de riboque por causa de estar a manifestar.
      Ó Ceita você é criaça não sabe nada vai ver boneco animado e jogar playstation é melhor.

  6. Male

    18 de Julho de 2013 at 18:37

    Gostaria desde ja de Agradecer ao senhor Toze pela magnifica inspiracao e dize-lo que existem mentes atentas as suas cronicas nao obstante a critica que lhes tem estado a ser feito pelos”menos literarios”.Nao e todos os dias que se tem a oportunidade de ler uma uma materia tao rica e com inumeros zigui-zagui do estilo Oscar Willde.
    Obrigado Professor.

  7. Barão de Água Izé

    18 de Julho de 2013 at 23:12

    ….”retirando as devidas ilações do passado”…. Não creio que isso tenha sido feito até hoje, pois nunca o Sr. Presidente duvidou, colocou em causa ou tentou inverter a politica económica aplicada no pós-independência e que é a causa principal do atraso e pobreza de STP.

  8. Stwart Neto

    19 de Julho de 2013 at 7:01

    Será que tiramos lições do passado? será que depois de 12 de Julho já esquecemos que o MLSTP, instalou uma ditatura tendo ficado apenas o Pinto da Costa no MLSTP e Alda Graça, todos os seus ditos camaradas foram eliminados. Sera que ja esquecemos da nossa recente história? No nosso pais existem pessoas que só sabem é mamar do Pais, roubam, passam anos sem fazer nada só sabem esperar pelas eleições, e nada mais. Uma passam vinte anos ou mais.
    Formaram um pais de preguiçosos e de vadios, nada mais.

  9. deus

    22 de Julho de 2013 at 6:36

    santomensea nao sejamos criticos a cronica foi boa realmente

  10. deus

    22 de Julho de 2013 at 6:37

    santomenses

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