Opinião

A arte de Matar o Burro

Todos os leitores lembrar-se-ão, com certeza, da história do rapaz, do velho e do burro que, resumidamente, tratarei de sintetizar, mais uma vez, neste espaço de reflexão, para retratar metaforicamente algumas incongruências da nossa vida coletiva.


Era uma vez, um rapaz, um velho e um burro. Certo dia, em plena época das chuvas, quando os três se dirigiam para uma roça, muito longe, chamada Sundy, decidiram que o rapaz deveria ir no burro.

Passaram, entretanto, por umas pessoas, numa localidade chamada Gaspar, que se sentiram indignadas com o facto e entendiam que era uma vergonha ir o rapaz no burro e o velho a pé. Sendo assim, o rapaz e o velho trocaram de posição passando o velho a ir no burro e o rapaz, a pé.

De seguida, cruzaram-se com outras pessoas, já no meio do percurso, que entendiam que era uma vergonha ir o velho no burro e um rapazinho, tão novo, a pé. Sendo assim, pensaram e resolveram que seria melhor irem os dois, a pé. Ao passarem por outras pessoas, mais adiante, estas entendiam que era uma vergonha irem, os dois, a pé, quando tinham um burro.

Então, o velho e o rapaz decidiram montar o burro. Entretanto, outras pessoas, mais à frente, acharam que era uma maldade irem duas pessoas em cima do pobre burro. Foi então que o velho e o rapaz decidiram e optaram por carregar o burro. Ao passarem por uma ponte, chamada ponte Ministro, tropeçaram e o burro caiu ao rio e afogou-se.

Desde aquela altura, aquele rapaz e o velho passaram a ser conhecidos nas redondezas como especialistas em matar o burro. É óbvio que este relato, sendo uma história, retrata, contudo, de ponto de vista simbólico, muito do nosso voluntarismo político, organizacional, procedimental e analítico, feito em torno de conveniências pessoais momentâneas com pouco ou nulo conteúdo reflexivo que poderia balizar as nossas opções num contexto de tomada de decisão. Dois factos recentes, que aconteceram no país, concorrem para esta constatação.

Primeiro – O atual governo, após tomar posse, desencadeou uma série de contactos com os nossos principais parceiros internacionais, com a intenção, pelo menos aparentemente, de pôr em marcha um projeto de intervenção social e económica que fosse a antítese daquilo que, tradicionalmente, todos os governos anteriores têm feito, todavia, sem efeito nenhum sobre o nosso tecido económico e social mantendo, porém, ciclicamente, níveis alarmantes de miséria e pobreza no país.

Basicamente, segundo me apercebo, o referido projeto tem como finalidade o fomento e dinâmica da iniciativa privada, sobretudo no sector primário, criando condições para aumentar a produção de bens alimentares e diminuição da nossa dependência externa neste domínio e, simultaneamente, aumentar a renda dos agricultores e diminuir os níveis de desemprego no país.

Ao contrário daquilo que o anterior e outros governos fizeram, mandando esmola, que não era nossa, de forma genérica e avulsa para cima dos problemas, sem qualquer critério racional e organizacional, todavia, produzindo e multiplicando pobres de primeira, de segunda e de terceira categorias, que aguardavam, ansiosamente, pela mesma receita do governo seguinte; este, de forma pragmática, decidiu arrepiar caminho e fazer o uso de uma receita que, principalmente, pudesse contribuir para ensinar as pessoas a pescar em vez de dá-las, ciclicamente, peixes.

Isto parece-me sensato e mais adequado para um país com o seu sector produtivo parcialmente destruído, com défice de formação e especialização da sua mão-de-obra e contaminado por um assistencialismo cíclico estatal que, em vez de ajudar, criou vícios crónicos.

Por isso, o país recebeu, recentemente, gado bovino, suíno, burros e insumos de diversa ordem suportado, complementarmente, por um programa de formação básica transversal para os agricultores e pescadores, enquadramento logístico e organizacional, minimizador de constrangimentos que poderiam vir a impedir a multiplicação desta ajuda e reprodução de fracassos decorrentes da ausência de acompanhamento e monitorização de todo o processo.

Isto é o que o país precisava, neste domínio, para evitar desperdícios, sair do ciclo crónico de pobreza e começar a estancar a progressão da sua dívida externa.

É óbvio que esta mudança de comportamento não colhe aderência de aqueles que viviam debaixo de um guarda-chuva de todos os governos da república e estimulavam a reprodução cíclica, de propósito, de programas de ajuda internacional, num gesto parasitário assumido, perpetuador das nossas fragilidades.

Estes, disponibilizaram-se, automaticamente, para obrigar o governo atual a carregar o burro e matá-lo num rio qualquer porque prefeririam programas de ajuda internacional que substituísse jipes por burros, subsídios por suínos e viagens por caprinos. É assim que o país foi vivendo durante quase quarenta anos.

A ignorância, irresponsabilidade e soberba com que muitos falaram dos burros ofertados por Angola ao país, num tom jocoso e nada construtivo, reflete este propósito. Só espero que o governo atual faça o acompanhamento técnico, monitorização rigorosa e avaliação deste projeto transformando-o num modelo pedagógico de intervenção estatal, para diminuir a pobreza no país, alargando-o aos outros sectores produtivos, e não insista no espetáculo panfletário e indecoroso de promessas para todos os gostos como a construção de fábrica de computadores Magalhães no país, a construção de uma autoestrada para ligar Guadalupe ao aeroporto internacional de S.T.P ou, ainda, a requalificação total da marginal da cidade capital.


Segundo – Recentemente, dois navios foram apreendidos, pela guarda costeira de S.T.P, pelo facto de estarem a praticar atividades ilícitas nas nossas águas territoriais. Tudo parecia correr com normalidade, seguindo critérios de natureza legal, de acordo com o ordenamento jurídico-constitucional do país.

Houve julgamento do caso, as partes envolvidas esgrimiram argumentos nas instâncias judiciais e, posteriormente, houve sentença do caso que confirmou a prática de ilícitos, pelas duas embarcações, nas águas territoriais de S.T.P, segundo notícias dos jornais nacionais.

Até aqui, tudo parecia normal, para um país atolado em anormalidades jurídicas que obrigou o anterior primeiro-ministro a ordenar uma sindicância internacional aos juízes nacionais. Para espanto meu, começou a aparecer, posteriormente, uma quantidade de informação nos espaços mediáticos nacionais e, sobretudo, internacional, com origem aparentemente não identificada, dando conta do perigo que o país corria com o trânsito em julgado da referenciada sentença pelo facto dos proprietários dos referidos navios terem interposto, como retaliação, uma queixa no Tribunal das Ilhas Marshall contra o primeiro-ministro, o Presidente da Republica, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Juiz do referido caso, o respetivo Procurador e o advogado assistente do Estado de S.T.P no referido caso.

É obra! Houve, até, quem, motivado com este gesto de coação vergonhosa e ignóbil sobre um país soberano, tivesse insinuado que as instituições do país deveriam pedir desculpas aos donos dos navios e, fazer marcha atrás nos referidos processos, tendo em conta a nossa pequenez e insignificância internacional perante o todo-poderoso Tribunal das Ilhas Marshall. Ou seja, estes especialistas em questões de burro, não perderam a oportunidade de nos aconselhar, mais uma vez, a ajoelhar e atirar o burro ao rio, matando-o, num gesto de penitência perante um reconhecido transgressor, segundo as instâncias judiciais do nosso próprio país.

Eu que não percebo nada de direito, e deveria calar-me relativamente ao caso em apreço, senti-me completamente ofendido como cidadão nacional. Em primeiro lugar porque não se deve confundir a força de um Estado com a sua dimensão territorial.

O que faz a força de um Estado é o grau de adesão do seu corpo social às instituições coletivas de decisão e distribuição que lhe compete garantir. Por isso tenho dificuldades em compreender que estas receitas ou afirmações partam, exatamente, de autoproclamados liberais cujo enquadramento ideológico é, reiteradamente, manifestado nos antípodas destes propósitos.

Em segundo lugar, a soberania é a comunidade e o seu direito, que se manifesta, prévia e fundamentalmente, na constituição material do país e no seu sistema fundante de valores que vai muito para além do primeiro-ministro, Presidente da Republica, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Juiz do referido caso, o respetivo Procurador e o advogado assistente do Estado de S.T.P no referido caso. Portanto, esta queixa apresentada pelos donos dos navios no Tribunal das Ilhas Marshall visa, em primeiro lugar, achincalhar-nos como comunidade de valores que vive num Estado de Direito Democrático com altos e baixos inerentes ao seu aprofundamento.

Tenho, por isso, muita pena, que cidadãos nacionais, por razões partidárias ou de outra natureza, se predispõem a entrar neste achincalhamento coletivo, não obstante vivermos em democracia e eu ser o primeiro a defender a manifestação deste pluralismo.

Em terceiro lugar, a particularidade das relações, no nosso contexto comunitário, regem-se pelo cumprimento de normas legais que dão corpo ao nosso ordenamento jurídico. É mediante a conduta orientada por este ordenamento jurídico que se estabelece a comunidade estatal.

Sendo assim, a partir de agora, sempre que os cidadãos do nosso país, forem julgados e condenados, devem meter uma ação judicial, no tribunal todo-poderoso das ilhas Marshall contra o primeiro-ministro, Presidente da Republica, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Juiz do referido caso e o respetivo Procurador da República, como retaliação pela referida atitude.

Os cidadãos de outros países que violam as normas nacionais não podem ter um tratamento diferenciado e privilegiado, perante as sanções decorrentes desta violação, com recurso a atos retaliatórios, tendo em conta a pequenez territorial e insignificância internacional do país. Em quarto lugar, as sanções decorrentes da violação de normas garantem, simultaneamente, a força motivadora e a eficiência das mesmas nos casos, muito mais frequentemente, em que se constata a sua observância voluntária.

Desta forma, o Estado, quando reage com alguma frouxidão contra as infrações às normas em causa, também está a lesar, pelo menos indiretamente, o funcionamento normal da ordem jurídica favorecendo, deste modo, a dissolução da comunidade jurídica. Por isso, uma eventual marcha atrás, neste processo, temendo as retaliações do todo-poderoso Tribunal das Ilhas Marshall, tendo em conta a nossa pequenez territorial e insignificância no concerto das nações, seria o sinónimo de estar a transmitir uma ideia errada aos cidadãos sobre os fundamentos e eficiência da nossa ordem jurídica.

Em quinto lugar, S.T.P é um Estado de Direito Democrático estruturado, entre outros, na divisão e equilíbrio de poderes públicos e na sua subordinação à Constituição, à Lei e ao Direito. Por isso, tenho dificuldades em compreender como é que espíritos que passam a vida a vociferar chavões, incorporadores dos ideais liberais, por convicção ou conveniência momentânea, podem compartilhar a ideia, típica do centralismo democrático como doutrina da organização da sociedade, desvalorizando os pressupostos de autonomia e divisão de poderes e subjugação dos detentores de cargos políticos de um país, sem qualquer distinção, ao julgamento no todo-poderoso Tribunal das Ilhas Marshall, como estratégia de retaliação por crimes cometidos, em países terceiros, pelos proponentes das referidas ações.

O estado não pode abdicar da sua soberania interna nem deixar de estar obrigado a garantir, com a sua autoridade, o desempenho de tarefas e funções que lhe competem só porque existem infratores que, num gesto de manifestação de força e poder financeiro, tentam subjugar um país inteiro através de manifestações de gestos retaliatórios num Tribunal todo-poderoso qualquer.

Como um simples cidadão nacional, recuso contribuir com as minhas ações para a morte do burro, atirando-o ao rio, com receio do todo-poderoso Tribunal das Ilhas Marshall que mete tanto medo aos defensores dos infratores dos referidos navios.

Mesmo não estando na posse de todas as informações relacionadas com este episódio, qualquer cidadão nacional fica com a sensação, que, o infrator, transvertido mimeticamente de alguém muito poderoso, pode continuamente transgredir perante um Estado pequeno e insignificante, como lhe chamaram, convencido que o seu potencial poder é suficiente para garantir reiterados sucessos nesta encruzilhada de infrações. Onde chegámos nesta festa de morte aos burros!?

O conteúdo do artigo que escrevi recentemente no qual mencionei, criticamente, algumas fragilidades do ADI, decorrente da ausência local do seu líder, ficou comprovado com o episódio desencadeado por este mesmo partido ao solicitar um debate de urgência, ao governo, em torno da questão dos referidos navios.

Isto é de um amadorismo atroz só explicado pela ausência física do seu líder no contexto local; ou, em alternativa, para minimizar estragos, direta ou indiretamente, relacionados com este mesmo episódio, antecipando factos com conteúdo político relevante com o objetivo de ter algum controlo sobre a agenda política no contexto pré-eleitoral que se avizinha sobretudo numa sociedade como a nossa em que a homogeneidade da cultura política prevalecente diminui o grau de diferenciação e conflitualidade partidária. Só assim se percebe a tentativa de politização, por parte do ADI, de uma questão meramente judicial.

Adelino Cardoso Cassandra

 

39 Comments

39 Comments

  1. Adálio

    25 de Outubro de 2013 at 13:23

    Este rapaz ou senhgor é fantástico! Leiam por favor. Os senhores políticos, leiam por favor.
    Bem haja

    • Lelê Múm

      25 de Outubro de 2013 at 15:06

      Onde é que está o Drº Abílio Neto para ler estas coisas?

    • Mais Velho

      25 de Outubro de 2013 at 18:47

      A forma como eu ouvi o senhor Abílio Neto a falar deste problema na rádio, como sãotomense fiquei perplexa. Não são formas de representar o país num debate desta natureza. A democracia é assim mesmo. Cada um tem a sua opinião.

    • MICOLÓ

      28 de Outubro de 2013 at 8:42

      ABÍLIO NETO:
      O Abel Veiga esqueceu de dizer que o SALVADOR RAMOS também esteve na NEGOCIATA dos PIRATAS DO MAR.
      O próprio Gabriel Costa ao ler o famoso Acordo Secreto, explicou qual foi o papel dele nisso tudo.
      Eu sempre dizia que SALVADOR RAMOS era o DIRECTOR COMERCIAL da Bluesky.
      Gabriel deu show no Parlamento.
      Xin Xió!!!!

      DINHEIRO É CAPIM!!!!!!
      Agora já sabem porquê dessa afirmação, minha gente?
      Donde estava a sair o capim para BANHO?

      O problema é que o PATRICE TROVOADA quis comer sozinho e vai pagar sozinho. Ao querer comer sozinho, alguém do grupo, aborrecido a ver a caravana a passar, desvendou o segredo dos barcos da CALADA DA NOITE, pondo boca no trombone e a Guarda Costeira recebeu ordens de surpreender.

      O ABÍLIO NETO e o SALVADOR RAMOS sabem do que estou a falar.

      O Bala Também sabe do que estou a falar.
      Lembras-te da nossa conversa no Papa-Figo, Bala?
      Não me digas que traíste o Patrice, Bala!
      Eu pensei que estavas a bater-me barriga.
      Estavas a falar a sério, afinal!
      Keeeeeeei…. ôcê matô Patrice, pá. Kei rapaz!
      Todo esse dinheiro d’homem que comeste, pá?

      Coitado do Abílio Neto!
      Dá tanta vida, defendendo o Patrice Trovoada…
      Sabem porquê?
      O Patrice prometeu ao Abílio Neto o lugar que o Afonso Varela ocupava, SECRETÁRIO GERAL DO GOVERNO.
      Uma espécie de Vice-Primeiro Ministro.
      É por isso que Abílio faz da RDP África, o palco da oposição ao Pinto da Costa e o poder actual.
      Ele é capaz de passar sobre o cadáver da própria mãe para conseguir esse lugar.
      Pinto da Costa devia fazer com RDP África o que Eduardo dos Santos fez com a parceria estratégica com Portugal;
      INTERROMPER AS EMISSÕES DA RDP ÁFRICA EM STP, e ponto final!!!!!

      É mentira Abílio?
      Estou a pôr boca no trombone agora, para saberes!
      Quando participei na criação do ADI, tu nem tinhas nascido ainda.
      Apareces como um paraquedista e transformas-te no homem mais fiel do Patrice. E nós que criamos o ADI?
      Eu sei que tu e o Patrice sabem quem sou eu, mas estou-me nas tintas.

      Ê STÔ A PRÉPARÁ FUBA CU PÊXI PÁ LEVÁ ÔCÊS N’CADÊIA!
      SALVADOR RAMOS, PREPARA-TE! Kinga ôcê ku êu!
      ESTÁ QUASE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

      PS:
      Já agora:
      Já ouviram o Dêntci Bétu 2, do Pêpê-Lima?
      O CD não para no mercado.
      Desta vês, Pêpê vai ficar rico.
      A saída do CD colou tão bem com o debate solicitado pelo ADI.
      Se eu fosse Patrice, comprava todos os CDs para não ficar nada no mercado.
      Levy, LUPUIÉ: Ainda não acreditas que Pinto da Costa é médium?

    • Anibal

      18 de Novembro de 2013 at 13:41

      Caro Adelino Cassandra.
      Apenas tenho a felicitar-lhe por saber colocar o dedo na ferida, acho que quando a maioria dos habitantes de S.Tomé e principe converterem-se em pessoas imparciais principalmente os mais esclarecidos (Doutores,Engenheiros,tecnicos em geral e uma franja da população activa), poderemos
      ver, comentar e defender a nossa nação como o Senhor o faz, minhas felicitações.

      Olavio Anibal

  2. Indignado, Sempre!

    25 de Outubro de 2013 at 14:04

    Nós estamos a defender os barcos, porque já tomamos o dinheiro desde 2011. Foi com esse dinheiro que calamos boca ao Gastão Ferreira, ao Aurélio Silva (Cawik), que fizemos as manifestações e até pagamos os infiltrados em alguns locais. Por isso temos que gritar e fazer barulho.

    • J.P

      25 de Outubro de 2013 at 15:13

      Patrice Trovoada tem que vir meter ordem nesta brincadeira toda. Assim o ADI não vai a lado nenhum. Tenho muita pena de estar a dizer isto. O nosso partido está a perder credibilidade. Peço desculpas se estou a exagerar mas é a pura sensação que tenho. O ADI na situação que o país está deveria estar a capitalizar mais simpatia em vez de antipatia. Esta é a minha sensação que creio corresponder a realidade. O partido ainda pode dar a volta a isto com o nosso grande líder.
      Viva Patrice Trovoada
      Viva S.Tomé e Príncipe

    • Angolares Livre e Independente

      25 de Outubro de 2013 at 15:51

      Oh Adelino Cassandra você é demais. Simplesmente cinco estrelas. Li e gostei muito. Grande profundidade reflexiva. Também ouvi uma quantidade de pessoas a dizerem que os burros eram uma brincadeira de Angola para com S.Tomé. É muito triste estas ideias porque para além de atrapalharem a relação entre os dois países revela muita ignorância das pessoas, sobretudo as mais novas que nunca viram um burro nem sabem o papel que os burros têm em trabalhos agrícolas. Eu que fui criado na Santa Margarida, no tempo colonial sei daquilo que falo. Os burros tiveram um papel importante nos trabalhos agrícolas. Faz-me impressão que se esteja a falar de coisas que não se sabe criando problemas de relações entre estados. Ainda por cima S.Tomé não tem nada e produz pouco. Não têm nada de estar a reclamar de aquilo que recebe dos outros países. É muita ingratidão.
      Bem haja a todos

    • joão pedro

      27 de Outubro de 2013 at 6:14

      Muito sinceramente, continuo perplexo por mais sacrificio que submeto a minha memória, não consigo descortinar a pequenez da vossa modéstia. Olhem, a modéstia quando é exagerada, não é virtude, é acanhamento e burrice.
      Acham que a oferta de burros é eticamente correcta no âmbito em que se ralizou?
      O espectáculo da ignorância é quando ela ignora a se própria.
      Tenham juízo, escrever bem não significa escrever certo.

    • Adamastor

      25 de Outubro de 2013 at 16:10

      Patrice, por favor vem para Terra. Nós já não aguentamos isto. Você foi embora e isto está uma confusão. O LEVI não está a dar conta do recado.
      Fui e já não volto a falar sobre isto.

  3. Quinta do Moxo

    25 de Outubro de 2013 at 15:01

    Boa reflexão. O senhor está muito inspirado, meu caro. Kékua!!!!

    • Gigolo Gordo

      25 de Outubro de 2013 at 18:38

      Merece ser lida com atenção. Parabéns mais uma vez.

  4. Aristides Barros

    25 de Outubro de 2013 at 15:38

    Falou e disse.

    • Pau Três MMMM

      25 de Outubro de 2013 at 17:48

      Sim senhor. Li e gostei. Parabéns.

    • Catita

      25 de Outubro de 2013 at 23:38

      Parabéns senhor Exclú pelo seu brilhante artigo.
      Do amigo
      C.S

    • A..B.C.D

      25 de Outubro de 2013 at 23:40

      Sim senhor! Falou e disse como alguém já afirmou. Meus parabêns, caro.

    • De Longe

      25 de Outubro de 2013 at 18:48

      Só com Cristo, minha gente. Salvem o país nas mãos desta gente.

  5. XYZ

    25 de Outubro de 2013 at 18:12

    HUUUMMMM! Ja esta tornando pretencioso e dai o motivo de parcialidade. Audacia e bom. Mas nao tentando lesar os outros.

  6. fg-RESUMO

    25 de Outubro de 2013 at 18:32

    Achei sim Interessante, e há que dar a mao á palmatoária quanto a sua clareza e sentido lógico de escrita e raciocinio.

    Contudo, apenas achei que faltou imparcialidade da sua parte, quanto a:

    1)- nao ter comentado, “o afogamento causado ao burro”, proveniente do Indulto que o PR concedeu aos Infractores ( na pessoa dos Comandantes das Embarcacoes).

    2)- Tambem, atinente ao facto do Governo, nao ter apresentado o valor que efectuou a venda do Combustível, bem como ao modo conivente como negociou com o infractor, como se ambos piratas fossem.

  7. Filipe

    25 de Outubro de 2013 at 18:36

    De facto a forma como algumas pessoas andaram a falar deste problema de barcos foi triste. Ouvi pessoas a dizerem que o país estava muito mal porque não deveria prender os navios porque os donos destes navios são muito poderosos. Onde já se viu uma coisa desta. Para quê que somos independentes? O país tem que defender os seus interesses. Não é pelo facto de sermos pobres e pequenos que cada um pode vir para cá explorar os nossos recursos e vamos ficar a vê-los de mãos estendidas. Bobô…

    • Serafim

      25 de Outubro de 2013 at 23:35

      Este espaço está a melhorar felizmente. Parece que as pessoas cairiam em si e agora fazem comentários mais apropriados de acordo com os textos que são postados, tirando um ou outro comentário desajustado. Também é verdade que os textos postados estão muito melhorados. Este artigo está mesmo muito bem feito. Embora longo lesse com facilidade e compreensão.
      O país só ganha com artigos desta dimensão e comentários que procuram contribuir para melhorar o nosso país.
      Este caso de navios está cheio de coisas desde o princípio que merecem muita atenção e seguimento de todos.
      Concordo que se abra uma comissão na assembleia nacional para analisar todo este processo desde o início e descobrir a verdade. Não vou falar aqui que o partido X ou Y é culpado nem que o ministro X ou Y é culpado. Mas o país já está em condições de analisar as coisas e ir aprendendo para melhorar a sua atuação nestes e outros momentos de crise. Não vale a pena andarmos a politizar as coisas sem necessidade. Há coisas que não devem ser politizadas para o bem do próprio país.
      Esta questão dos burros e dos navios acho que foi politizada sem necessidade. Os partidos têm de reconhecer que hoje podem estar no governo e amanhã estar na oposição. Por isso também não podem ter uma postura ou posição no governo hoje e mudar de posição na oposição amanhã. Os meus agradecimentos a todos os participantes.
      Serafim

  8. Miss da Terra

    25 de Outubro de 2013 at 18:40

    Mais onde anda o Levi, o Agostinho, o Varela e todos os Adeistas convictos? Organizem-se e tomem o partido de assalto.

  9. Pão com Chouriço

    25 de Outubro de 2013 at 19:51

    Vunvúm fê mélé matá ubuêde…
    Um´bé múê

  10. Feijoada

    25 de Outubro de 2013 at 23:46

    Sejamos sérios! Este caso tem que ser muito bem explicado.Há muitas coisas ainda por explicar neste caso de navios. Será por causa disto que o Patrice Trovoada está fora do país? Eu não acredito nisto. Se for assim é muito perigoso.

  11. Kanimambo

    26 de Outubro de 2013 at 1:11

    De economia esse senhor não percebe nada! Oh senhor Cassandra que tradição é que nós temos, para além do Senhor Primeiro Ministro e da sua família é claro, na manuseamento e no uso de burros? Nota-se claramente que não deve conhecer bem o seu país.

    • Colónia Açorena

      26 de Outubro de 2013 at 10:52

      Meu caro amigo este senhor Cassandra tem toda a razão. Eu trabalhei quase toda a minha infância, adolescência e juventude na roça colónia açoreana e posso falar daquilo que vi e fiz naquela roça, na santa margarida e outras dependências e o contributo dos burros nos trabalhos agrícolas. Só quem nunca trabalhou nas roças de s.tomé é que pode dizer uma coisa desta. Nestas roças havia trabalhadores próprios para trabalhar com os burros, fazer ferradura, dar banhos, e mais coisas. Só na colónia açoreana havia 3 responsáveis para fazer ferradura e ferrar os buros e cavalos. O senhor não conhece nada disso e está a falar daquilo que não sabe. Quem ia buscar os sacos de cacau nas grotas e trazer para estrada para tratores carregarem? Eram os burros. Na colónia existia mais de trinta burros mais cavalos e mulas. Rio De Ouro também tinha muitos burros. Vocês tomaram independência e mataram todos os burros. Ainda por cima são malo agradecidos a quem vos dá burros novos. Este país não vai longe.

    • Caboverdiano

      26 de Outubro de 2013 at 11:02

      Quem deu cabo dos burros em S.Tomé e Príncipe foi o MLSTP depois da independência. S.Tomé e Príncipe tinha uma data de burros que ajudavam nos trabalhos nas roças. Quem viveu nesta altura nas roças sabe muito bem disto. Tomamos a independência só esta gente do MLSTP começou a estragar tudo. Foi nesta altura que os burros começaram a acabar.
      Agora Angola deu burros ao país vocês começam a criticar um país que fez o favor de dar-vos burros. Vocês queriam dinheiro não é? É assim que o país está atrasado. Querem só dinheiro para andarem a gastar sem fazer nada para o país.
      Vão trabalhar mais nas roças para melhorarem o vosso país e não serem mal agradecidos com quem vos ajuda.

    • Gente da Terra

      26 de Outubro de 2013 at 11:52

      Boa reflexão como nos tem habituado. Temos que entender, todos incluindo os governantes, cá em S.Tomé como para aqueles que estão na diáspora, que em democracia o exercício de reflexão e opinião sobre assuntos que nos diz respeito é um direito e dever. Eu particularmente embora não tendo familiaridade nem amizade com o autor deste texto só posso louvar a sua atitude descomplexada e continuada de colocar os problemas e produzir debate. Isto é muito importante. Também sou da opinião que o país durante muito tempo foi estabelecendo relações diplomáticas com países amigos mas não soube tirar proveito desta relação como deveria ser. Andamos a pedir apoios, dinheiros e outras coisas que somando dá um valor exorbitante de dinheiro que entrou para o país mas não foi bem aproveitado. Na minha opinião tudo isto aconteceu porque não houve controlo destas coisas que entraram no país, um plano idealizado para a sua absorção e desenvolvimento nem a monitorização e avaliação rigorosa e periódica destas ajudas para se saber o que é que se foi fazendo, qual o impacto que as ajudas tiveram, onde é que estão as coisas, etc., como afirmou o senhor Cassandra no seu artigo.
      Num país sério antes de se pedir ajuda tem que se saber :
      1- Para quê que serve esta ajuda.
      2- O que é que se vai fazer com esta ajuda
      3- O que é preciso fazer para se absorver esta ajuda e mudar a realidade existente no país e não estar constantemente a pedir ajudas
      4- A existência de quadros técnicos no país que possam estar a altura de trabalhar e compreender todos os assuntos relacionados com estas ajudas.
      5- A existência de equipamentos e infraestruturas adequadas para absorver as ajudas e multiplica-las
      6- Mecanismos de acompanhamento constante das ajudas junto de quem está a beneficiar e administrar as mesmas
      7- Mecanismos de avaliação constante das ajudas no terreno de forma a se saber que impacto estão a produzir junto dos beneficiados e eventual apoios de forma a melhorar a administração e generalização desta ajuda a mais pessoas
      8- Divulgação periódica de relatórios da avaliação destas ajudas e do processo de monitorização das mesmas.
      Na minha opinião só assim que poderemos escapar ao ciclo de pobreza e miséria. Caso contrário os países que nos dão ajudas nunca mais nos darão nada porque começam a pensar que somos irresponsáveis e não tratamos bem aquilo que nos é fornecido.
      Isto tem que ser assim em todos os sectores de atividade. Quando se compra um barco ou um avião tem que se pensar em tudo relacionado com o funcionamento e manutenção destas estruturas. Estão ou não adequadas para o país? O que é vão fazer? Como? Em que contexto? Existe condições de manutenção? Existem técnicos formados nesta área? Se não existem qual deveria ser a alternativa? Qual é rentabilidade deste negócio? Qual é o modelo de intervenção económica? Qual é a parte de intervenção do estado?
      Nunca percebi a razão de S.Tomé e Príncipe estar há mais de 30 anos sem um plano de intervenção para melhorar de uma vez para sempre o problema de eletricidade no país. É inacreditável. Podemos fazer um plano bem elaborado tendo em conta as potencialidades do país nesta matéria para se resolver de uma vez para sempre o problema de eletricidade. Mas isto não pode ser feito com amadorismo e as pinguinhas. E é preciso de uma vez por toda inserir a politica de avaliação em S.Tomé e Príncipe em todos os sectores.
      Como é possível S.Tomé ter um aeroporto internacional como aquele que nós temos ai. Isto é uma miséria. Aquele aeroporto já recebeu muitos milhares e continua numa lástima. Porquê que um governo responsável não pega em apenas três coisas para resolver durante uma legislatura e resolve-as e vai embora. Vem o outro e faz mais três coisas bem feitas e vai embora. Custa fazer isto? Por exemplo o governo do Rafael Branco deveria responsabilizar-se por um grande projecto: o aeroporto internacional de S.Tomé. Mais nada em termos de infraestruturas. Quando ele fosse embora o país ficaria a ganhar com uma infraestrutura que seria o nosso orgulho. O governo do Patrice Trovoada pegaria outra coisa. Por exemplo o porto de águas profundas e mais nada. E ia embora deixando a sua marca. Agora o de Gabriel Costa pegaria outra coisa. E assim sucessivamente. Mas enfim… Não sei o que será que vão fazer.
      Bem haja a todos

    • Chateada com Tudo Isto

      26 de Outubro de 2013 at 14:28

      Minha gente deixa Abílio Neto com vida dele. Os nossos familiares sofreram muito no tempo do regime único. Ele também tem o direito de dizer aquilo que lhe apetece na RDP-África. A democracia não é só para alguns. Só o senhor Adelino Cassandra é que estudou e que pode escrever? Sejamos razoáveis. Se o Abílio Neto disse que o país tem de pedir desculpas é a opnião dele que cada um de nós deve respeitar. É preciso estarem a dizer isto sempre aqui. Sãotomenses são muito mesquinhos. Deixa o rapaz com vida dela. Não matem o rapaz por favor. Tenham dó. Já chega. Quando não é Patrice Trovoada é o Abílio Neto. Já chega.
      Agradecida

    • J.S

      26 de Outubro de 2013 at 21:48

      Subscrevo. Ponto final parágrafo.
      Parece perseguição familiar.

    • Amigo

      26 de Outubro de 2013 at 16:09

      Meu caro Exclú, o senhor está a mostrar a sua classe, não é? Gostei muito. Parabéns.
      Passô.

  12. Barão de Água Izé

    26 de Outubro de 2013 at 12:31

    Caro Adelino Cassandra: Na generalidade está tudo bem no que escreveu. Mas, desculpe dizer que a si e muitos e muitas Sãtomenses, falta a ousadia de tocar, falar ou propor no que é de facto importante para a nossa Terra:
    – Revisão da Constituição com decorrente Presidencialismo Democrático(não a “democracia” marxista);
    – Alteração da(s) Lei(s) da Terra, com afastamento do Estado da sua propriedade, de forma a sejam permitidas Economias Agrícolas de escala viradas para a exportação;
    – Reprivatização das Roças (empresas agrícolas) com abertura de concursos internacionais;
    – Lançamento de rendas de mercado ou venda de imóveis e terrenos ocupados por privados mas de propriedade do Estado.
    E mais se poderia apontar.

    • Madalena é Nossa

      27 de Outubro de 2013 at 9:50

      É verdade que o país precisa de tudo isto. Mais do que isto também é preciso mudar a forma de fazer política em S.Tomé. Não se pode estar a politizar tudo só para tirar dividendos políticos. Os nossos partidos políticos passam a vida a fazer isto e quem perde é o país. Eu penso que há momentos para os partidos políticos fazerem o seu trabalho para ganharem eleições e conquistar simpatia do povo mas também há momentos para se olhar mais para os interesses do país. Eu não estou a dizer isto contra nenhum partido em especial. Estou a dizer isto para todos os partidos políticos de uma forma geral. Senão o país não arranca. Este caso dos barcos e dos burros é um bom exemplo disto que eu estou a dizer. Quem sofre com estas coisas é o povo pequeno.

    • Diogo Vaz

      27 de Outubro de 2013 at 11:17

      Patrice por favor regressa. Isto está muito mal para nós. Levi não aguenta, Agostinho está desaparecido, Varela está escondido e ninguém sabe dele, o Vila Nova abandonou-nos depois de saber da vida dele. Enfim… Só a Ângela é que está um bocado ativa mas ela é fraca e também saiu do país. O Elísio é maluco e só quer boquitas. Por favor meu presidente vem rápido senão nós estamos lixados com esta gente. Esta foi uma semana terrível para os Adeistas como eu. Por favor regressa senhor Presidente.

    • Agora é que Vai

      28 de Outubro de 2013 at 11:34

      Eu avisei Patrice Trovoada, a frente de três pessoas que ele sabe quem são, que algumas pessoas do ADI que ele confiava muito iria traí-lo. A coisa já começou. Onde estão muitos daqueles em quem ele confiava e que agora passam a vida a conspirar contra ele?
      Aquelas pessoas já abandonaram o barco e já foram embora.
      Nós temos de erguer o ADI e começar por expulsar muitos oportunistas do seu seio.
      Para tal temos de contar com a presença do nosso líder cá dentro. Senhor Presidente estamos a aguardá-lo cá com muita força.
      Viva Patrice Trovoada
      Viva ADI

  13. Frank

    28 de Outubro de 2013 at 10:59

    O Abílio Neto nao se importou da soberania do Pais, embora sendo este minusculo comparativamente a outros Paises. Este, simplesmente fez-se de advogado dos sem vergonha,pondo a frente a questao que ha tempo ocorrera com o seu Pai, procurando de alguma forma fazer-se vingar.Devia o mesmo ter em conta que, o facto ocorrido” prisao do seu pai” foi um caso entre pessoa. A materia que tem a ver com a ilegalidade dos navios apanhados pela guarda costeira, briga com a soberania do Estado Santomense, e que requere a mais viva condenacao.Perante este facto, o sr.Abílio Neto mostra ser conivente com o crime,e a sua pessoa no quardro do debate africano baixo, e muito, na consideracao dos demais elementos que fomam o Painel.

    • Cabo na Tropa Colonial

      28 de Outubro de 2013 at 17:23

      Eu percebo o problema desta família mas também não podem continuar com este rancor até aos limites. Kékua!!!!! Assim também não. Mesmo tendo razão as pessoas já estão cansadas deste rancor, ódio de morte ao presidente da república. Isto já parece uma obsessão do senhor Abílio Neto. Eu aceito que ele tenha razões para estar contra o presidente da república e gente do MLSTP. Mas transformar este ódio e rancor para ambiente político ao ponto disto cegá-lo completamente e andar a dizer disparates que ninguém o leva a sério é mau para ele sobretudo.
      Não me leve a mal senhor Abílio Neto. Este é o meu conselho para si dado de boa fé e de gente que o senhor não imagina que lhe quer muito bem.
      Os meus cumprimentos para si e para a sua família.

  14. Quá Téla

    28 de Outubro de 2013 at 13:24

    Bonito e nem argumentado!

  15. Luis

    28 de Outubro de 2013 at 21:15

    … Bem fiquei impressionado com a nitidez deste artigo … Mais claro nao podia ser … Saudações …

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