Opinião

LEILÔÔ PUXA PRA LÁ!

 

Caros leitores, hoje, vou fazer uma surpresa; vou contar-vos uma estória. Basta de planfletos. Ainda disponho de muita energia… Mas não se riam, por favor. Sou candidato à minha própria sucessão. Ah! Que bom.
Era uma vez um senhor muito ganancioso que queria ser governador de uma Província nos confins do mundo, onde vinha trabalhando como roupeiro. Não é que isso seja mau, mas o senhor que se chamava Leilôô, era muito egoísta e passava por cima de tudo e de todos para conseguir o que queria. O senhor Leilôô fazia muitas trafulhices, desrepeitava seu superior hierárquico, traçava planos maquiavélicos, enganava os amigos e colegas e mentia, só para parecer ser o melhor roupeiro alguma vez conhecido naquela Província.
Surpreendentemente, ao fim de algum tempo, o senhor Leilôô, homem ruim como lhe apelidavam, conseguiu chegar onde queria. Era, finalmente, Governador.
Muita gente não compreendeu o que teria contribuído para o sucesso da desgraça. Ficara indagado e indignado a classe pensante, com a subida do roupeiro naquela província. Por este motivo, e desconfiados que algo de estranho se passava, estavam sempre atentos aos passos do senhor Leilôô. Registaram tudo, atitudes, comportamentos, truques e “alambamentos” em todas as Regedorias a longo dos tempos. Um dia, descobriram uma grande falcatrua, e denunciaram. Conclusão, tanto quis, que tudo perdeu!
Numa tarde, três nascituros e reputados cidadãos res-publicanos, conhecedores da história da província, respectivamente, Má Fili, Comadê e Almeida, comentavam sobre o assunto, na Féla Baiá. O “sinfo-estadu” Sô Zetadu, “nguê têla”, reputado pelo sentido da álgebra e lógica matemática, venerado aluno da Dra. Rosa Botica, ouvia, em surdina, fingiu que não compreendia a língua materna e transcreveu toda a conversa. Felizmente, esta escuta não fora ao telefone, como já era comum na Província!
Ora, no passado Music Awards, no defunto Parque da Trindade, foi lançado planfleto acerca das próximas presidenciais, e por sorte, estava esta obra prima junto aos autos. Pois bem, guardamos, imediatamente, a fim de oferecer aos nossos caros leitores notícias da nossa amada terra, por um lado e, por outro, levar a nossa gente ao corrente do dito pelas vozes da sapiciência do mundo – os velhos, “nguê támen” de cabelos brancos – à esse propósito:
Má Fili – Credo, os nossos governantes estão a bater no fundo! Inacreditável! E, não há como dar-lhes com palavras mansas.
Comadê – Ah, pois, sim! Até somos os mais generosos do planeta terra. Estou desempregado; e tenho fome.
Almeida – Creio, certamente, que nós não vamos permitir que, de novo, o sangue vá correr pois tudo parece que imprevisível será o caudal que terá!
Comadê – Senhor, julgo que nem com a Democracia compreendem e entendem que não são solução para tudo, ademais, neste pisar o chão tão arrogante que detonam aos olhos de tão forte raça como a que se tornou a gente, nestes últimos tempos! Humm! Nem sei..!
Má Fili – Essa gente usa a democracia como escudo protector e o seu todo poderoso “patrono”, chefe protector dos bandidos e dos mafiosos e o ópio dos ingénuos pensa que o voto da maioria vale tudo nos estados de regimes democráticos!
Comadê – Olha, esses políticos “klinkatás” que, em campanhas, prometeram uma coisa, e agora, a fazerem outra, dizem-se servidores da Nação para enganar os tolos e melhor se servirem dela.
Almeida – Que chatice! Não há coração fora deste Regime que possa sobreviver; o mesmo aconteceu com os grandes impérios quando, depois de exigir e de sacrificar a vida de milhares de verdadeiros filhos do Povo, os tribunos e os senadores começaram a satisfazer os seus instintos exacerbados em orgias e bacanais, férias pré-pagas e – todo o mais – pagos com os impostos dos contribuintes.
Comadê- Também podem comprar a justiça para fazer injustiças? E os processos “icebergues”, que fazer deles? Isso não é ingerência ou é apoio legal? Vou-me embora para a Guiné.
Má Fili- Ora bem, na minha terra, acontece o mesmo, com “touros” e “vacas” sagradas a viverem à grande e à francesa com os cartões dobras 24horas, que este Paraíso lhes disponibiliza. A passear a “sorridente” e a “glória” em “jobs” estratégicos, pelo mundo fora, onde tudo é permitido, porque o povo é que pagará as dívidas quando, no futuro, os credores vierem bater à porta. É justiça ou injustiça? Quem será o juíz?
Almeida – Basta de maldades! Puxa pá, “nón konvetá kuá”..! Esta elite tem tudo. Mas falta-me dinheiro para comprar um estofo novo para a minha trotenete, pois já me dói os “tomates” pá..!
Má Fili– Vá ao ministério da Empregabilidade, guardas o cartão político, talvez, você possa safar-se.
Comadê- É verdade que em menos de meio século da nossa vida democrática muita coisa passou. Mas agora, é mais veloz, a relâmpago, intenso, muita “cobardia” e demasiado larápio, mas como os que governam são de uma raça transgénica, resistente ao pudor, à honra e à dignidade, filhos do Satanaz -diabinhos – tudo sacrificam, despudoradamente.
Almeida – Mas cobardia porquê? Só porque não querem ir descansar à Assembleia? Compreende-se, estão a t-r-a-b-a-l-h-a-r. Talvez, tenham a barba longa, uma grande tesoura de aço sem fio e dedinhos de anjos?
Comadê – Claro, que sim. Muita coisa para se perguntar, com certeza. Família, mas agora, têm mais tempo?
Má Fili – Repare, se lhes fizer uma radiografia a alma, ficaremos apavorados e perguntar-nos-ia se não serão os descendentes de Carlos Gorgulho e de Oliveira Salazar!
Almeida – Olha, só sei que esta cambada de malandros, bandidos e biscateiros não têm, seguramente, o sangue vermelho ou, provavelmente, já descobriu uma máscara invisível para se ignorarem da vergonha e, assim, andar sempre com cara de bons samaritanos, dignos das palavras de Deus!
Comadê – Até quando estes coitadinhos, zé-povinhos, vão aturar estes malambaristas?
Má Fili – Quem?
Almeida – Os que têm a crença das 70 virgens e das delícias de Allah!
Comadê – Oh! Nascemos aqui nesta terra cristã. Crescemos e seremos sempre cristãos. Mudar para ganhar corôas da desgraça?
Má Fili – Sô Bispo há-de ficar zangado, e com razão, perdemos as origens. Diz-se, por aí, que estão sem norte.
Comadê -Que Santo Tomé, Deus Todo-Poderoso e Santo António do Príncipe nos livre de todas as desgraças..!
Almeida – Lembre-se que de tanto ouvir, vem aí os obreiros da Santa Fé, para redimir-nos do pecado..!

Risos. Muitos risos. E, confesso que fiquei surpreendido com a conversa desta “velha guarda”, e isso me fez lembrar aquelas sapicientes, às vezes doridas, palavras do Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe, em exercício, Dr. Manuel Pinto da Costa, quando participou nas festividades da Associação dos Naturais e Amigos de Santo Amaro. Ele disse qualquer coisa traduzida subtendia-se com “úlulu” e eu quis perguntar ao meu antigo professor e o melhor professor do mundo – Alberto Camblé Pinto – o que isso significava, mas faltou-me coragem. E, assim, engoli um grande sapo seco, sem água. Bonita estória, não é?

Caros leitores, de tanta satisfação e risos, já estou exausto, vou fazer xixi e dormir!
Até a próxima!

Santo Amaro, 12 de Maio de 2016.
Júlio Neto

2 Comments

2 Comments

  1. Maria Susana

    19 de Maio de 2016 at 20:20

    Caro Amigo
    Faça o seu xixi e beba todo o seu xixi sozinho e faça bom proveito dele, pois não mereces beber outra coisa do que o seu próprio xixi.
    O tal senhor Governador retirou-te a chupeta e transformaste mesmo num Almeida e companhia limitada. Isto é para deixarem de ser lambe-botas.
    Bom proveito com o seu xixi
    Bem haja stp
    MS

  2. Salomao Andrade

    20 de Maio de 2016 at 15:47

    A senhora Susana manifesta total desconhecimento do autor. Está completamente enganada acerca da personalidade dele. Que pena, a senhora não lhe conhecer pessoalmente. Estou de acordo que existem muitso lambebotas neste país, talvez a senhora possa ser uma delas, mas pergunte por essa praça fora acerca do autor do texto. As respostas obrigar-lhe-á pedir desculpas.
    E, saiba mais, não venho defender o senhor Júlio, mas que ele é uma pessoa de respeito é sim. E, saiba mais nunca ele escreveu sob pretexto de falsos nomes.
    Vá e reveja a sua mente.

    Salomão

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