Opinião

Água está boa para Santo António –Parabéns, Ilha do Príncipe

A Ilha do Príncipe descoberta pelos navegadores Portugueses João de Santarém e Pedro Escobar, com uma superfície de 142 km2 e cerca de 7 mil habitantes, comemora hoje, 17 de Janeiro de 2017,os 546 anos do seu achamento.

Como natural desta parcela de território nacional,considero que o momento não pode ser visto somente como uma efeméridee decidi, por isso, descrever um pouco o percurso político da região.

Em 29 de Abril de 1995 a ilha passou a constituir uma região autónoma. Damião Vaz D’Almeida foi o primeiro Presidente do Governo Regional.Não obstante o constrangimento financeiro que a ilha vivia na altura, foi considerado por muitos como o pior de todos os Presidentes, face a sua política de arrogância e distanciamento para com a população.Em 2002, Zeferino dos Prazeres foi nomeado como novo Presidente do Governo Regional em detrimento de DamiãoVaz D’Almeida, que foi chamado para o executivo central.

Zeferino foi, sem sombra de dúvida, o Presidente mais próximo do povo no verdadeiro sentido da palavra: um homem de causas que posteriormente passou a ser mal-amado pela população regional. Enquanto Presidente, teve a coragem de implementar pela primeira vez na ilha as 10.ª e 11.ª classes, aliviando assim o sofrimento dos estudantes “moncós” que eram obrigados a descolarempara a capital do país para terminar o estudo liceal.

Mas nem todos viam Zeferino com os bons olhos. Em Junho de 2006, um grupo de revoltosos encabeçados pela União Para a Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), sob liderança de Carlos Correia, vulgo Namber, o famoso autor do filme pornográfico na rede social facebook, saiu a rua protestando contra a decisão do Tribunal de Primeira Instância que rejeitou todas as candidaturas para às eleições regionais. O grupo confiscou todos os transportes de Estado que circulavam na ilha, arrombou as portas do edifício de Paços de Concelho, sede do Governo Regional, levantou barricadas na cidade de Santo António, arrombou as portas da casa do Presidente do Governo Regional, entre outros atos. Em nome da paz e da tranquilidade que sempre caracterizou a região, Zeferino dos Prazeres colocou o seu lugar à disposição do Primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe, que criou um Governo de Transição sob o comando de João Paulo Cassandra, até as eleições.

José Cardoso Cassandra é eleito no mesmo anode 2006como novo Presidente do Governo Regional com maioria absoluta, marcando assim uma nova era na política regional.É considerado por muitos como o melhor político nacional dos últimos tempos, o salvador da pátria. Defensor com unhas e dentes dos interesses da ilha do Príncipe, Tózé, como é vulgarmente conhecido, consolidou a Autonomia Regional e permitiu à ilha ter instrumentos de combate a dupla insularidade.

Afinal quem foram e quem são eles nesta nova era?

Presidentes da Assembleia Regional: Nestor Umbelina e João Paulo Cassandra. Presidente do Governo Regional: José Cardoso Cassandra.

Secretário do Governo Regional para Assuntos Organizacionais e Institucionais: Carlos Gomes.

Secretários do Governo Regional para Infraestrutura e Meio Ambiente: Tiago Rosamonte, Nestor Umbelina, António Reffel e Francisco Gula.

Secretários do Governo Regional para Assuntos Sociais e Culturais: Felícia Silva, Natália Umbelina, Francisco Pina Gil e António Tebus.  

Secretáriodo Governo Regional para Assuntos Económicos e Financeiros: Hélio Lavres

Secretário do Governo Regional para Assuntos Financeiros e Administração Pública: Hélio Lavres.

Secretáriodo Governo Regional para Assuntos Económicos: Silvino Palmer

Hélio Lavres, que já vem desde o primeiro mandato, é sem dúvida a figura central do executivo regional. O homem que gere o erário público é insubstituível, é intocável e é o suporte de Tózé Cassandra. Por que será?

Após 10 anos de governação, Tózé e a UMPP concluíram recentemente que o balanço é extremamente positivo com ganhosna educação, na saúde e no sector energético. Em todo o mundo, nenhum governo faz um balanço para dizer que o resultado é negativo. É e será sempre positivo, por mais que a realidade tenda mostrar o contrário. Na verdade, temos que reconhecer que o Príncipe de hoje é diferente do Príncipe de ontem. A ilha está aberta ao mundo e houve decerto melhorias em alguns sectores, mas não tanto como se tem vindo a propagandear. Talvez os resultados pudessem ser melhores, se não existissem algumas condicionantes ligadas ao governo central.

Há ou não diferença entre ganhos e melhorias?

Energia. Alargar a rede de energia para 80% da populaçãoe não ter meios para garantir a sua sustentabilidade não pode de maneira alguma ser visto como um ganho. Não se compreende por que razão o Príncipe continua a apostar 100% no gasóleo como fonte de energia, se o grande lema do Governo Regional é a preservação do ambiente. A ilha do Príncipe é por natureza chuvosa, é inacreditável que não haja uma barragem em funcionamento e que não haja iniciativas noutros tipos de energia. Talvez porque o gasóleo faz bem financeiramente a muita gente.

Saúde. Dizer que houve ganhos também é conduzir as pessoas ao erro. O Governo Regional deve assumir sem hipocrisia, e sem demagogia, que os cuidados de saúde no Príncipe não são adequados. Construir postos sanitários não pode ser visto como um ganho, tendo em conta que as necessidades de saúde dos “moncós” já não são primárias. Há diariamente casos de acidentes que justificam a introdução de serviços especializados na ilha. Se o ganho na saúde referido pelo Governo Regional for no âmbito do paludismo, então, estamos todos de acordo.

Educação. É indubitavelmente uma grande conquista do Governo. A meu ver, o executivo apostou – e bem – na política de valorização dos recursos humanos e apostou na formação dos seus jovens. Hoje, o Príncipe já conta com um número razoável de quadros, quer ao nível do ensino profissional, quer ao nível do ensino superior. Mas não podemos ficar por aí e achar que já está tudo consolidado. É preciso continuar a formar mais jovens e a criar meios para absorver os quadros sem preferência partidária.

Num país democrático, criticar o governo não pode ser o sinónimo de inimigo ou alvo de exclusão social.

Viva a ilha do Príncipe! Somos Príncipe, Príncipe somos nós.

Silton Monforte

Estudante Universitário

16 Comments

16 Comments

  1. Jaca

    18 de Janeiro de 2017 at 11:01

    Deixa de hipocrisia Silton você sabe que Zeferino nada fez para ilha do Príncipe, vens aqui dizer que foi o presidente mais próximo do povo?

  2. Ponte Papagaio

    18 de Janeiro de 2017 at 11:07

    É triste ver jovem como Silton a vender-se. Rapaz não deixa Angela Costa te enganar, ela nunca será Presidente do Governo Regional. To ze vai mandar mais 15 anos.

  3. 17 de Janeiro

    18 de Janeiro de 2017 at 11:14

    Haja jovem com coragem. Parabéns meu caro Silton.

  4. Budu Budu

    18 de Janeiro de 2017 at 11:27

    To Ze não tira Hélio porque o mesmo já lhe ameaçou que abre todo jogo se não fizer parte do governo. Homem manda com tempo, Deus manda para sempre. Toda mulher de Príncipe é vossa. Tudo que tem inicio tem fim.

  5. Zequinha

    18 de Janeiro de 2017 at 11:37

    Senhor Damião era arroganti mandou prender um cidadao por este ter pedido boleia no carro de estado quando ele era Presidenti.

  6. Estou Triste

    18 de Janeiro de 2017 at 21:52

    Hélio Lavres não sai do governo porque tem rabo do Tó Zé, ele uma vez comeu agua e publicamente disse “se mexerem comigo vou a cadeia mais nao vou sozinho”… Só defende o Tó zé quem anda a comer algumas migalhas na mão dele. Para mim já chega Tó Zé Rua .Viva Nestor

  7. Estanislau Afonso

    18 de Janeiro de 2017 at 23:06

    Na verdade gostei de artigo. Aproveito para felicitá-lo Dr. Silton Monforte. Desejo-te muita força, e continue sempre com as tuas opiniões. A Ilha de Príncipe precisa de opiniões diversas.

  8. Diaspora

    19 de Janeiro de 2017 at 11:24

    Na minha estada no Príncipe, constatei que o Té Zé incutiu na cabeça naqueles que admiram ao UMPP um enorme ódio para com as pessoas do MLSTP/PSD. Para mim este é principal erro politico que Tó Zé cometeu, assim que tomou poder no Príncipe.

    Não se faz politica com odio e só com aqueles que nos diz “sim senhor”.

    Ainda no tempo de Damião Vaz de Almeida eu recordo que Damião introduziu Osório Umbelina, e Silvestre Umbelina num governo em que o MLSTP tinha maioria e não precisava de nenhum partido para governar, e se memória não me falha esses elementos eram opositores terríveis. Outro exemplo o Diretor das Finanças era uma pessoa muito próximo do ADI julgo que pessoa chama-se Juca. o Diretor de Gabinete do Zeferino enquanto secretario dos assuntos socias. E mais na visita que Jorge Sampaio fez a ilha do Príncipe o Presidente da comissão que recebeu Jorge Sampaio foi Rodrigo Cassandra irmão TÓ Zé. Julgo se o Té Zé fizer uma aproximação politica ao MLSTP no Príncipe sinceramente o Príncipe ficara a ganhar, essa aproximação não pode ser feita a algumas pessoas suas amiga do Partido, tem que ser feito a partido MLSTP até porque o pai do Tó Zé foi alguém muito influente no MLSTP.
    Não podemos odiar pessoas que tem outras ideias, temos sim que chama-los para mostrar as suas competências.

  9. Rodrigo Cassandra

    19 de Janeiro de 2017 at 15:03

    Primeiramente dizer ao autor do artigo que esqueceu do Carlos Gomes que foi também Secretário dos Assuntos Sociais.
    Segundo dizer ao senhor ou senhora Diáspora que eu em nenhum momento fui presidente de qualquer comissão para receção ao antigo Presidente Português Jorge Sampaio.
    Relativamente ao opiniões não comento ,, mas chamo a atenção apenas quando escreverem ou comentarem para fazerem com propiá identidade e escrever com conhecimentos de causa.
    As opiniões são sempre validas as criticas devem servir para melhorar e corrigir, mas têm de ser sim construtivas e objetivas e além de criticar seria sempre perfeito as criticas virem acompanhadas de sugestões
    Rodrigo Cardoso Cassandra

  10. Principeconvida

    19 de Janeiro de 2017 at 15:26

    Caro Silton, eu sou do Principe é uma pouca vergonha vires ca defender o Teu tio Zeferino. O resto estiveste muito bem. Esse Tozé é um dissimulado, pego o principe e fez sua casa, dos seus amigos e familiares. Nós no principe somos vitimas. Se dissermos o que pensamos o Tozé nos tira o emprego e es visto como inimigo. Todos, mesmo o Number hoje esta arrependido de ajudar o Tozé.

  11. Fonseca Da Luz

    20 de Janeiro de 2017 at 11:37

    Meu amigo Silton, não esqueças que comeste e bebeste na custa de UMPP. Se hoje estás na Universidade é graças a UMPP e as suas políticas. Já vendeste ao desbarato, não se iluda com falsas promessas, não caia nas conversas da tua prima Angela Costa, ela nunca será Presidente Regional muito menos Nestor. Muda de vida e deixa de escrever disparate.

  12. Kadaf

    20 de Janeiro de 2017 at 15:18

    Noticia da Ultima Hora: Secretario Coker futuro Presidente do Governo Regional.

  13. Santa

    20 de Janeiro de 2017 at 15:26

    Este senhor Number é aquele deputado do ADI e a mesma pessoa que apareceu a tocar punheta na Internet? Ele é do Príncipe?

  14. Rádio Regional

    20 de Janeiro de 2017 at 16:06

    Silton ganha vergonha na cara, quem é você para apontar dedo a UMPP? O que teu Tio Zeferino fez para o Príncipe? és um delinquente, indivíduo sem escrúpulo. Combinou com teu amigo Eliel que trabalhava no BISTP aqui no Príncipe para desviar dinheiro da conta da tua própria avó. Quando terminares os estudos melhor ficares por lá porque aqui na ilha não terás hipóteses. Pirata

  15. De Robert

    22 de Janeiro de 2017 at 14:30

    Enfim, pelo visto todos sao familia na regiao do Principe

  16. daniel

    23 de Janeiro de 2020 at 19:52

    só vim ler os comentarios

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