Opinião

Primeiro – Ministro ou cosmopolita por opção?

Quando se faz uma opção na vida tem que se ter em conta determinados princípios em função das preferências em relação ao que se pretende. A sociedade tem regras, algumas estabelecidas por Leis e outras de âmbito consuetudinárias. Neste sentido, e para determinados cargos, ou adaptamos a nossa postura a essas regras ou mudamos de opção e vamos fazer outras coisas onde as exigências são outras.

Qualquer indivíduo que quiser ocupar cargos públicos, sabe que tem que obedecer a algumas exigências que estão previstas e não deve atuar de acordo apenas com a sua vontade. A ética e a moral devem estar sempre presentes.

O artigo 109º da nossa Constituição da Republica diz que o Governo é constituído pelo Primeiro-Ministro, pelos Ministros e pelos Secretários de Estados. Cada pasta ministerial é chefiada por um Ministro. Dentre os ministérios, existe um que se convencionou chamar Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo que, por vezes junta-se a pasta de cooperação e/ou comunidades, em função das opções do Partido que vencer as eleições. Há países que essa pasta tem a designação de Ministério das Relações Exteriores.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, que vulgarmente se diz que é “moço de recado” dos governos, tem a vocação de tratar dos assuntos e negócios do Estado fora do Pais, com base em orientações traçadas pelo Governo. É por inerência de funções o Chefe da diplomacia são-tomense, mas não tem que ser necessariamente um diplomata de carreira.

Por isso é que, não se compreende a necessidade do Senhor Primeiro-ministro Patrice Trovoada deslocar-se variadíssimas vezes ao exterior, quando devia estar no Pais para acompanhar de perto e orientar as atividades governamentais. Fica-se com a impressão que é um problema de falta de confiança do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros. Se for o caso, o Primeiro-ministro deve encontrar uma individualidade a altura e da sua confiança para desempenhar essas funções. É verdade que a Lei não limita o número das deslocações do Primeiro-ministro ao exterior mas, devia haver a razoabilidade nesta opção, sobretudo devido as condições económicas do Pais. É mais oneroso para o Pais uma viagem do Primeiro-ministro do que a de um Ministro dos Negócios Estrangeiros. Por outro lado, hoje com as novas tecnologias muitas viagens podem ser dispensadas.

Nunca em São Tomé e Príncipe um Primeiro-ministro viajou tanto em 4 anos. Não tenho esta estatística nem sei quanto é que isso representou para os cofres do estado. Mas sei que deve ser muitas viagens e muitos milhares de dólares.

Para servir de lição para o futuro e moralizar a forma de atuação dos próximos Governos, seria bom que quem de direito fizesse um balanço e torna-lo publico. É um assunto que devia preocupar os Partidos Políticos, mas por estranho que pareça, esse assunto não tem sido debatido nas campanhas eleitorais em curso até agora.

Mas, o mais grave e preocupante é a falta de resultados dessas deslocações ao estrangeiro, que foram manifestamente negativos. O Pais não conseguiu mais ajudas externas, não conseguiu financiamento para as grandes obras estruturantes e nem tão pouco conseguiu investimentos privados para animar a economia nacional. Então, para que serviu essas viagens todas?

O Senhor Primeiro-ministro Patrice Trovoada tem a tendência de ser um cosmopolita. É normal! Há gentes assim que gosta muito de viajar. Acham-se cidadãos do mundo. Mas ele devia saber que está investido de uma função e que não pode fazer o que bem lhe apetece, apesar de inúmeras críticas e chamada de atenção da oposição.

Algumas pessoas dizem que Patrice Trovoada conhece mais do que ninguém os meandros da diplomacia politica e económica internacional. Essas pessoas provavelmente estão redondamente enganadas porque a realidade provou o contrário. Entre as promessas eleitorais feitas há 4 anos e as realizações, constata-se que foi um fracasso estrondoso.

Esta forma de atuação, num Pais que vive de mãos estendidas e o modo como o ADI governou o Pais, não deve ter acolhido a simpatia dos nossos parceiros e da comunidade internacional. Daí a dificuldade de não se ter conseguido financiamentos externos e o Pais entrou numa crise sem precedentes.

O grande problema é que o Primeiro-ministro Patrice Trovoada personalizou muito a governação, evitou sempre o diálogo com a oposição e a população, ousou tomar decisões que em situação normal deviam ser referendadas (exemplo: alteração da hora), pensando que só ele tinha o direito de resolver os problemas de todos nós.  Resumindo, faltou o bom senso.

Aproximando-se o 7 de outubro, faço votos que Patrice Trovoada continue cosmopolita, como ele gosta, mas que deixe de ser Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe.

Fernando Simão

outubro/2018

10 Comments

10 Comments

  1. Paula

    30 de Setembro de 2018 at 20:21

    Concordo plenamente
    Boa sorte para o vosso povo

    • jerniltom furtado

      1 de Outubro de 2018 at 21:42

      concordo plenamente com as suas palavras,grandes poderes de reflexao tem este cota,um bem aja para o senhor espero que nunca pares de fazer abrir os olhos de muitos nossos irmao saotomenses que la estao.muito obrigado pelas dicas meu cota estao distraidos com muitas coisas meu velho mas afinal ninguem deu contas de aquilo que publicastes .

  2. Seabra

    30 de Setembro de 2018 at 20:32

    Apoiado à 1000%. Nunca mais on PT-ADI deve fazer parte de seja o que fôr em STP, e que leve com ele as suas trouxas de Varela e capangas oportunistas ! Limpar profundamente STP…há URGÊNCIA em eu estou bem em STP, para contrariar aos puxas saco . A quem doer que se arrebente (os balões gordinhos e kambutas especialmente ).

  3. Guitton Amaral Managem

    30 de Setembro de 2018 at 22:19

    Caro cidadão Fernando Silva, tenho acompanhado com muita atenção às mensagens que tem sempre transmitido aos cidadãos São Tomense, de que também faço parte.
    De facto precisamos melhor o aspecto triste que o nosso país se tornou… Obrigado pelos belos contributos textual que tem transmitido.
    Tenho certeza que o novo Governo irá devolver a Honra que São Tomé e Príncipe sempre teve.
    Bem haja,São Tomé e Santo António todo poderoso.

  4. Lupuyé

    1 de Outubro de 2018 at 0:00

    Com toda a família fora de STP, Patrice tem que viajar muitas vezes para estar com a sua esposa e filhos. A nossa educação, a sociedade em geral não são bons para eles. E o Zé Povinho ali a sofrer. Por isso é que é sempre ele a viajar.

  5. Madredeus.igreja

    1 de Outubro de 2018 at 4:46

    Nesses 4 anos, sem esquecer + 3 anteriores. Só em viagem deste senhor e os seus capangas, dava para investir nos hospitais.
    Dava para tira lixos da nossa cidade capital. Dava para melhorar lares de idosos.
    Dava para reparar a nossa cidade.

    Acontece que ele pensa ser dono da verdade, só ele sabe. Mais não passa de um grande mentiroso.
    Ele e os seus capangas, depois do dia 7/10, não devem abandonar o país antes de serem julgados. Tem que haver responsabilização neste país.

    Uns entram rouba, desgraça o país, e vão se embora, entram outros a mesma coisa. Nada os acontece e o país, vai ficando para trás.
    Não pode ser, que aja justiça.

  6. Onde mesmo?

    1 de Outubro de 2018 at 10:06

    Aplausos para si Fernando Simão. O problema não está numa questão de confiança nas capacidades do ministro dos negócios estrangeiros. o problema esta nos assuntos que o senhor primeiro ministro vai tratar extra S. Tomé e Príncipe, assuntos que só ele sabe quais são e quais os graus de obscuridades existem. Mas espero que no dia 7 o povo saiba dizer um basta.

  7. Armando Pereira Dos Santos

    1 de Outubro de 2018 at 10:16

    Boa analise do Sr Fernando Simao! Parabens!

  8. Matrusso

    2 de Outubro de 2018 at 4:34

    So tenho a apoiar a explanação do Sr Fernando Simão.
    De facto como sempre repontei é triste uma nação ter um PM q não reside nesta nação. Prq esse sr realmente não vive em STP, ele apenas viaja mtas vezes á STP.

  9. Adeliana Nascimento

    2 de Outubro de 2018 at 7:11

    Como é que um Primeiro Ministro, pode fazer durante quatro anos 152 viagens ao estrangeiro, e nem sequer conseguir novos parceiros de desenvolvimento e novos financiamentos para o país.

    PT falou de Turquia e de Kuwait para investir no Hospital Central nada só. Tudo o que se têm hoje, é o mesmo que temos a 15 -20 anos, os mesmo parceiros, que de tempos em tempos, quanto acaba um projecto, financiam outro. De resto é só conversa, Um grande Flá Sô.

    Continuamos a ter os nossos BM,FMI;BAD;FAD;IDA;BADEA,FED e outros poucos. Agora o patrice prometeu e disse que já estavam a caminho, mas nada. Se calhar é um problema de credibilidade da Governação

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