Opinião

Os bancos da nossa urbe

Para que não haja duvidas, o banco que se refere neste artigo tem a ver com assentos públicos existentes em qualquer cidade ou povoação do mundo e não instituições financeiras onde se movimenta dinheiro e valores.

Os bancos públicos têm uma importância fundamental na vida dos citadinos porque são equipamentos que permitem as pessoas repousarem no intervalo de um passeio fora de casa. São locais privilegiados para uma conversa descontraída entre amigos ou momentos amorosos.

Normalmente encontra-se os bancos públicos nos jardins, avenidas, passeios, parques, praças, pracetas, estações de transportes públicos, etc.

Esses mobiliários urbanos, que embelezam as cidades, apresentam-se de diversas formas e tamanhos: Metálicos, em madeira, em material plástico, em betão, em mármore ou marmorite, com ou sem costas, bancos com mesas, decorados com pinturas ou formas artísticas etc.

Referindo concretamente a cidade de São Tomé, é desagradável constatar que esses valiosos equipamentos públicos existem em grande número nos nossos locais públicos, mas que uma boa partes deles encontram-se danificados ou em mau estado de conservação, por ação destruidora do tempo ou de malfeitores.

Trata-se de uma situação que já se verifica há algum tempo, pois, pouco se tem feito para a resolução do problema, impedindo as pessoas desse instrumento útil, para além da má imagem que deixa a nossa cidade.

Há alguns dias, deu-se conta de uma iniciativa de reparação de alguns bancos públicos ao longo da marginal 12 de Julho. Pensou-se que fosse uma atividade camararia, mas veio-se a saber mais tarde que se tratou de uma iniciativa privada de um dos donos de uma firma ali existente. É realmente uma atitude louvável, digna de reconhecimento por parte das autoridades competentes.

Tendo em conta a necessidade de reparação dos equipamentos públicos, neste caso os assentos, necessário se torna que a Câmara Distrital de Agua Grande dê uma atenção a este assunto.

Sabe-se que a Câmara não despõe de recursos financeiros para muitas coisas. Mas se houver uma verdadeira planificação dos parcos recursos existentes e vontade e empenho de resolver os problemas, muitas realizações poderão ocorrer.

Não se tem a noção de números exato de bancos existentes, nem a quantidade que se pretende colocar ainda, tendo em conta que a cidade cresceu nestes últimos tempos. De mesmo modo, não se sabe quantos deles estão danificados ou precisam de pequenos arranjos ou manutenção. Provavelmente a Câmara tem esses dados. Caso contrário, é uma estatística que facilmente poderá ser obtida.

Permitam-me fazer um pequeno cálculo: Se se reparar pelo menos 3 bancos por mês, no final de 12 meses teremos 36 bancos reparados. Se me perguntarem quanto é que isso custaria, não saberei responder. Mas de certeza que não será nenhum valor astronómico.

Dir-me-iam que está-se a fazer um compasso de espera tendo em conta o esperado projeto de requalificação da nossa marginal que tendo em conta informações tornadas públicas, o seu arranque está previsto para breve. Naturalmente, a colocação de bancos públicos está contemplada. Esperemos bem que sim.

Entretanto, é necessário não perdermos de vista que existem outras partes da cidade que carecem desses equipamentos e que não estão contemplados neste grande projeto de requalificação da orla marítima que vai de Pantufo ao aeroporto. Sugiro que se comece por esses locais não previstos no projeto.

Quando os recursos financeiros escasseiam e há muito por fazer, a solução é ir fazendo aos bocados. E quando dermos conta provavelmente quase tudo ficara feito. Não devemos nos conformar com a degradação contínua das nossas cidades, vilas e luchans.

Deve-se perder esse mau hábito que se instalou no Pais, que consiste em deixar tudo degradar-se e só depois inventarmos um projeto qualquer para a sua restauração ou reabilitação. Os decisores do Pais devem privilegiar a cultura de manutenção permanente dos equipamentos públicos como se procede em qualquer sociedade organizada do mundo.

Tenho boas recordações acerca desses bancos públicos. Naquele tempo em que não havia televisão, internet e outras diversões existentes hoje, uma conversa com amigos do bairro ou encontros amorosos no intervalo entre o jantar e a hora de dormida, era muito agradável e saudável. Mas servia também para por em dia a leitura do pequeno livro de “cowboy” , muito lido naquela altura ou dar uma vista de olhos nos livros e cadernos escolares.

Falando do bairro de S. João, onde vivi uma boa parte da minha juventude nos anos 70. Quem daquele bairro não se lembra dos bancos dos largos passeios perto do mar e das movimentações noturnas que ali ocorriam? Havia a particularidade de esses bancos estarem reservados apenas para os moradores do bairro ou forasteiros devidamente autorizados, porque naquele tempo, o bairrismo imperava.

É caso para dizer: – Se esses bancos falassem, contariam muitas histórias alegres mas também algumas desagradáveis!

Fernando Simão

Março/2019

2 Comments

2 Comments

  1. ONDE MESMO?

    13 de Março de 2019 at 9:39

    Sem dúvidas meu caro Fernando Simão que os bancos das nossas praças, avenidas e ruas fazem muita falta aos utentes da nossa capital e não só para além do embelezamento desses mesmos espaços.
    Para além do exemplo que apresentou em relação a reparação dos bancos pelo dono de uma firma na situada na Marginal 12 de Julho, tenho a apresentar também o exemplo dado por um cidadão nacional que recuperou dois dos bancos da nossa Marginal depois da antiga sede do Sporting em direcção ao hospital central. Exemplos desses é sempre bom de salientar e não devemos nunca ficar a espera dos projectos que nunca se tem a certeza do seu início. Como tal também gostaria de dar uma palavra de incentivo a iniciativa de alguns jovens da nossa capital na recolha do lixo na nossa praça, iniciativa essa que não sei se a Câmara de Água grande acarinhou ou não, mas que é de louvar, é. Vamos unir os esforços e dar uma outra visibilidade a nossa Capital com pequenas iniciativas mas que são de grande valor, deixando para o governo outras obras de grande envergadura nomeadamente a recuperação com dignidade das ruas, alcatroando-as e não tapar os buracos como têm estado a fazer esbanjando o dinheiro público e nada resolvem porque tapam hoje e daqui a quinze dias outros ao lado se abrem.

  2. Eu sou a mensagem

    13 de Março de 2019 at 14:51

    Pois é… o shr Fernando Simão teve agora uma boa visão sobre os bancos públicos nas artérias da cidade. Também vivi uma grande parte da minha infância no bairro 3 de Fevereiro e me lembro destes momentos felizes nos lugares de beleza, onde tudo era um encanto. Me lembro de todos esses bancos que vai de Náutico até a CST e outros do cinema Marcelo da Veiga ao estádio 12 de Julho. Sem referir aos outros que situava nos jardins e outros locais de lazer. Hoje, quando passeio pelas ruas de Genebra onde vivo neste momento, me recordo da mini-Suíça que S. Tomé já foi. Estive lá em Agosto passado, vi aquilo que para mim foi uma tristeza. Vamos todos pôr as mãos a obra e mostrar ao mundo, e em particular em África, daquilo que o país já foi e pode ser hoje. Um abraço meu caro Fernando e um bem hajaa todos.

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