Opinião

Hoje, Vou Divagar!

Gostaria de iniciar esse texto com um bom exemplo vindo de Cabo Verde. O Presidente da República e o Primeiro Ministro juntaram-se os dois para fazer um veemente apelo aos cabo-verdianos para a necessidade de se vacinarem contra a Covid 19, tendo em conta a gravidade da pandemia nesses últimos tempos, e porque é uma das melhores armas até ao momento para mitigar os efeitos da doença. Trata-se de um desígnio nacional que tem que unir toda a população de qualquer Pais, apesar das suas diferenças políticas e ideológicas.

Aqui em São Tomé e Príncipe, alguns dos nossos responsáveis políticos ainda não se aperceberam que se trata de uma situação grave que tem condicionado as nossas vidas em toda a sua dimensão, e não devemos utilizar essa pandemia para aproveitamentos políticos seja em que circunstancia for.

Um Pais como São Tomé e Príncipe, como uma economia pequena, fortemente dependente da ajuda externa, é claro que, com essa terrível pandemia, tudo esta condicionado. Se o Pais não esteve bem antes da pandemia, imaginem agora?! As pessoas ainda não deram conta que as ajudas que o Pais tem recebido para debelar os efeitos da Covid 19 eram as mesmas que vínhamos recebendo para desenvolver a nossa economia. Até porque, essa pandemia tem também afetado todas as economias do mundo, grandes e pequenas, tirando-lhes a capacidade de contribuir mais para aqueles que mais necessitam.

Por isso é que, em vez dos políticos que governam o Pais andarem a criticar uns aos outros nesta fase difícil em que vivemos, deveriam desenvolver ações conjuntas com vista a passar uma imagem de unidade nacional para superarmos as grandes dificuldades que vivemos atualmente. E o apelo a vacinação em massa seria também uma dessas ações.

Posso concordar no que diz respeito a corrupção. De facto, a pandemia não pode servir de justificação para negligenciarmos seu combate, sobretudo neste momento que temos que demonstrar aos nossos parceiros que estamos a utilizar corretamente as preciosas ajudas que põem a nossa disposição, fruto dos esforços dos seus contribuintes. A corrupção é um grande e velho problema que corrói e bloqueia a possibilidade de desenvolvermos o Pais. Por isso é que francamente acho estranho no pronunciamento dos políticos afirmar que é um problema atual e está-se a agravar agora. Basta recordamos os vários casos que estão a adormecer nas instâncias judiciais, sem sabermos se vão acordar um dia ou aqueles que nem sequer chegaram lá.

As vezes pergunto a mim mesmo: será mesmo que os políticos são-tomenses querem combater a corrupção neste Pais que empobreceram deliberadamente?

Acho que os políticos andam a divertir o povo com esses pronunciamentos quando lhes convém e nas lutas políticas partidárias. De resto percebe-se que há cumplicidades entre eles como quem diz: ‘’não tomo as medidas que devo para não ser incomodado quando eu também fizer’’.

Na verdade, não existe diferença entre os Partidos Políticos existentes na nossa praça. Nem da forma de governar o Pais muito menos ideologicamente. Muda-se os Governos, mas fica tudo rigorosamente na mesma. Mesmo quando se propalou o surgimento de Partidos da Mudança, foi apenas uma falecia para atingirem o poder. Afinal o que é que mudou?

Por isso é que acho piada quando ouço uns distraídos da nossa praça que vivem a custa de migalhas dos políticos desonestos a dizerem que temos que mudar o Governo. Mudar o quê? Em que direção? É verdade que a alternância faz parte do nosso sistema de governação e quando se muda em princípio, é para fazer diferente, para melhorar. Não é o caso no nosso Pais, lamentavelmente! Não há o espírito de missão de servir o Pais e o povo. Por isso é que São Tomé e Príncipe encontra-se nesta profunda pobreza, apesar dos inúmeros recursos que dispõe.

É com frequência que se constata que muitos, depois de saírem do Governo não fazem mais nada enquanto estiverem na oposição. Alguns ate mudam de Partido de forma oportunista, inventando desentendimentos da última hora com o seu antigo Partido, para não perderem a oportunidade de manter-se no Governo ou na esfera do poder porque isso facilita muita coisa. Não esta em causa princípios, mas sim a defesa dos seus interesses pessoais e de grupo.

Fico também atónico quando ouço o que dizem sobre o último um escândalo de arroz do Japão, como se tratasse de novidade no Pais. Ou as pessoas têm a memória curta, ou então é puro aproveitamento político.

Todos os Partidos que governaram o Pais geriram de forma irregular o arroz do Japão. O que muda entre eles é apenas o modus operandi.

Houve ate um Governo que foi demitido por causa de arroz do Japão. Entretanto, devido a tal cumplicidade que eu referia, ninguém fez nada, para dar um destino mais decente a essa preciosa ajuda, que bem gerida, ofundo de contrapartida gerado com a sua venda, serviria melhor o desenvolvimento do Pais, objetivo pelo qual foi concebido.

Portanto, esse último episódio foi apenas mais um escândalo do arroz do Japão e desta vez em forma de teatro e chacota política, protagonizada por aquele que foi o nosso mais alto magistrado da Nação, durante 10 anos.

Para mim, não está em causa a denúncia, mas sim, a forma e o porquê que só agora ela foi feita? A conclusão fica ao critério de cada um.

Numas Ilhas tão pequenas como as de São Tomé e Príncipe, em que as pessoas se conhecem umas as outras, e de repente algumas começam a exteriorizar riquezas de origem duvidosa, seria assim tão difícil saber quem são os corruptos do Pais?

O curioso é que toda a gente fala de corrupção no Pais, muitas vezes indicam nomes, mas, entretanto, não se vê ninguém a ser criminalizado sobretudo os chamados ‘’colarinho branco’’. É verdade também que a corrupção é muitas vezes utilizada como uma arma de assassinato político ou mesmo para molestar cidadãos impolutos que se recusam determinantemente a entrar no esquema e fazer parte do clube dos corruptos. Esses, normalmente são alvos a ser atingido porque estão fora de caixa, em detrimento dos corruptos que prejudicam o Pais.

Se os nossos Políticos quiserem acabar com a corrupção, em vez de andarem a repetir de forma demagógica, aquilo que todo o mundo já sabe, deviam unir-se e propor formas objetivas como encontrar o melhor mecanismo de controlo e combate a corrupção, fundamentalmente na Administração Publica e em toda a sociedade.

E depois, é preciso perceber-se por que razão os processos não avançam nas instâncias judiciais com vista a melhorar esses serviços. É frequente ouvir-se dizer que «o assunto já esta nas instâncias judiciais» e depois nunca mais se fala do assunto. Afinal o que é que se passa? Onde é que está o estrangulamento? Na Polícia Judiciaria? Na Procuradoria-geral da República? Nos Tribunais? São todas essas questões que deviam preocupar quem nos governa para se encontrar soluções para a sua rápida resolução. Se não o fazem é porque efetivamente não querem.

O ano de 2021 tal como os dois anteriores foram horríveis para o mundo, para o nosso Pais e para as nossas vidas fundamentalmente devido a pandemia. No início de 2021, tínhamos a esperança de que ficaríamos livres dessa terrível doença, mas não aconteceu! Contudo, os cientistas encontraram uma forma para minimizar os efeitos da doença, com o aparecimento de várias vacinas. Esperemos que a comunidade científica continue e envidar esforço para solucionar o problema. Enquanto essa solução não aparecer, não temos outra alternativa senão aprender a viver com a doença.

Como não bastasse, em finais de 2021a ilha de São Tomé foi devastada com um autêntico dilúvio que afetou sobretudo o norte e o centro, com consequências desastrosas para a débil economia do Pais e a vida das pessoas. Cheias, inundação da cidade capital, deslizamento de terras com corte de acesso a algumas comunidades do interior, colapso de pontes e estação de tratamento de água que abastece o distrito de Lembá, deixando a população sem água potável, destruição de casas, enfim, um autêntico desastre natural. O mais grave foi perca de vidas humanas que é sempre lamentável.

Estas são também daquelas situações que devem apelar a unidade de todas as forças vivas do Pais para conseguirmos encontrar formas para minimizar o sofrimento das populações diretamente atingidas.

Essa intempérie que se bateu sobre o nosso Pais durante cerca de 24 horas dos dias 28 e 29 de Dezembro findo, embora tratar-se de caprichos da natureza que em alguns casos torna-se difícil evitar aqui e em qualquer parte do mundo, devemos tirar ilações de modo a livrarmos no futuro de situações evitáveis.

Para terminar, desejo a todos os são-tomenses e os estrangeiros que vivem e labutam no nosso Pais, um próspero ano de 2022.

São Tome, 5 de Janeiro de 2022

Fernando Simão

9 Comments

9 Comments

  1. Andorinha

    8 de Janeiro de 2022 at 0:37

    O Fernando no princípio aborda o bom exemplo do Presidente e Primeiro Ministro de Cabo Verde, mas não podemos somente comparar aquilo que nos convém só porque o nosso Presidente pós dedo na ferida e bem para dar muru na mesa porque não ha nenhum país que aguente com tanta gatunagem mesmo na pandemia.

    Eu quero lembrar o Fernando que o governo de Cabo Verde não desvia contentores de medicamentos deixando o hospital sem nada, nos hospitais de Cabo Verde energia não vai embora no meio de uma cirurgia os doentes nos hospitais de Cabo Verde não tomam banho na varanda,acontrario de S.Tomé os governantes de Cabo Verde não desviam dinheiro de fundo de Covid-19, S.tomé recebeu vários apois materiais e monetários e foram todos desviados por seus camaradas da nova maioria país nenhum consegue combater a pandemia assim.
    Português bonito é bom mais fala com seus camaradas para pararem de roubar.

  2. Vamos ver

    8 de Janeiro de 2022 at 14:45

    CARO COmpatrita Fernando, eu tambem sou da opiniao do Andorinha, so para dizer que Cabo Verde esta se firmar aos poucos, daqui a pouco os nossos dirigentes irao evaciados para cabo verde em tratamento, s.tome é uma ilha pequena que tem todo potencial para brilhar, so nao sai do posso, por conta do ma fé dos que dirigem este pais, maus de coração ate o espirito. Veja so esta situacao do calema que aconteceu no pais, ja estao a fazer apelo a comunidade internacoonal para nos dar ajuda, meus senhores, sinceramente mobiliza sociedade civil, corpo dos bombeiros, Militares para ajudar na limpeza na zona afetada, e o senhor sabe que em stome sempre tivemos situações de caalema,!!! As casas destruidas sao deadeira, e o hoverno nao consegue apoiar a população com chapas e madeira para construi? Ate porque ja esta na hora desta populacao ter casas de blocos ou tijolos.

  3. Toni

    8 de Janeiro de 2022 at 18:27

    O Sr, faz parte do sistema…..

    Deixe essas teorias da treta e seja honesto….

    Stp não é viável enquanto país independente, o que lhe falta para compreender isto, talvez ainda mais miséria para o povo, Stp não tem nada, com 200 mil habitantes, montanhas de donativos e mesmo assim nada fizeram!!!!

    Ridículo estas teorias pseudo intelectuais, de quem ganhou das políticas comunistas de miséria para o povo.

    STP não é viável!!!!!! Encontrem outra solução.

    E a culpa não é do colonizador, já passaram 46 anos, 4 gerações, , muitos licenciado….. enfim é o que é!!!!!

  4. Idalecio

    8 de Janeiro de 2022 at 20:25

    Subscrevo-me íntegra a opinião proferida pelo Sr. Andorinha!
    O senhor Simão já tem idade para ter juízo, por isso deixa de vestir a pele de Advogado do Governo da Nova Maioria.
    A realidade Cabo Verdiana é totalmente diferente da nossa. EM Cabo Verde as instituições do Estado funciona e os seus políticos são mais sérios e comprometidos com causa nacional, ao contrário das instituições e dos nossos políticos.
    No atual estado em que o país se encontra mergulhado, é imperioso e necessário que tenhamos um presidente interventivo e anti-corrupto, porque causa contrário estaremos mortos.
    Bom fim de semana.

  5. Mepoçom

    8 de Janeiro de 2022 at 22:02

    Como esse senhor não foi do meu tempo e nem o conhecia como funcionário do ministério de estrangeiros, e a princípio pensava que fazia parte de uma cidadania civil, até apreciava algumas reflexões suas. Finalmente fiquei aperceber que ele é partidário. A partir daí as suas reflexões só servem para dar banho ao cão, pois não reflete de uma construtiva, mas partidária, sem promover consenso. Que continue que vamos bem longe.

  6. Alcino Nazare

    9 de Janeiro de 2022 at 8:25

    Muito obrigado pelas sábias palavras.
    Todos não são obrigados a concordar consigo e estão no seu direito. Infelizmente todos não têm a capacidade de análise e de interpretação. Um bem haja e que Deus olhe por nós.

  7. Joel do Nascimento

    9 de Janeiro de 2022 at 9:21

    Comparar STP com Cabo Verde Seria o mesmo que comparar a Lua e o Sol. Cabo Verde tem tido eleicoes sem atritos, sem maculas e sem lutas dos juizes no Tribunal. Umas eleicoes que nasce com confusao nao pode bem Vai dar fruitos harmoniosos. E o resultado ai nos discursos inflamados dos mais altos dirigentes do pais nos ultimos tempos.

  8. Sem assunto

    9 de Janeiro de 2022 at 13:45

    Ainda bem que é mesmo “divagar”.
    Este conceito sinonimamente quer dizer: desconversar, desatinar, desvairar e por aí fora.
    Agora Fernando, decida quais deles era a tua pretensão com este texto cheio de nada.

  9. Tiberio

    27 de Janeiro de 2022 at 11:06

    Sr. Fernando Simão, quando eu lia as suas intervenções anteriores, pensava eu que o senhor as fazia de forma isenta, mas desconfiava que não era. Agora tenho a certeza que o senhor nunca foi isento. O senhor foi muito infeliz ao escrever que os atos de corrupção sempre existiram e por isso este governo está perdoado, porque ele não está a fazer nada de mais. O senhor está errado: este governo ajunta a incompetência a corrupção, que é muito mais grave.
    O povo não quero nenhum governo incompetente nem tão pouco corrupto, por isso devemos contribuir de forma a pressionar qualquer governo que seja, para ser mais competente e menos corrupto, e não defender os seus camaradas. A sua mascara caiu Camarada Fernando Simões.

    Um bem haja.

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