Política

Governo da Região do Príncipe garante que vai mandar desligar mais uma vez o radar das forças armadas de forma a recuperar as emissões da RTP e RDP – África na ilha

baia-santo-antonio.jpgEstá aberta uma polémica entre o Governo Regional do Príncipe e o Ministério da Defesa Nacional, por causa do corte das emissões da RTP e RDP – África no Príncipe. Segundo José Cassandra, ciclicamente a população do Príncipe deixa de ter acesso as emissões das duas estações portuguesas, por causa da potência do radar para fiscalização marítima instalado na ilha pelas forças armadas são-tomenses em parceria com o departamento de defesa dos Estados Unidos de América.

Há algum tempo atrás a população do Príncipe, ficou mais de 30 dias sem acompanhar as emissões da RDP-África e da RTP-África. Duas estações portuguesas cujas emissões são captadas em sinal aberto em sinal aberto em todo o território são-tomense.

No entanto, segundo o Presidente do Governo da Região Autónoma do Príncipe, José Cassandra, o sinal da RDP e RTP África desaparece quando o radar instalado na ilha pelo ministério da defesa nacional em parceria com o departamento de defesa norte americano, entra em funcionamento. «Confirmo que estamos sem as emissões da RDP e RTP-África, mais concretamente há uma semana. Porque quando os americanos instalaram o radar, começou a bloquear as emissões da RTP e RDP. Falamos com o anterior delegado da CST aqui no Príncipe e mandamos desligar, porque estava a tirar a população do Príncipe a possibilidade de ter informações do país e do mundo via a RDP e RTP-África», declarou José Cassandra.

No entanto explica o Presidente do Governo Regional, a delegação da CST (Companhia São-tomense de Telecomunicações), recebeu uma nota do Ministério da Defesa Nacional, ordenando a CST a ligar os radares. «Porque atentava contra a segurança nacional», frisou José Cassandra.

Assim há cerca de uma semana que a população do Príncipe perdeu as emissões da RDP e RTP-África. O Tenente da Guarda Costeira Amílcar de Sousa, que comanda o centro operacional dos radares, também considerou ilegal a decisão do Governo Regional em desligar os radares. «Claro que o desligar do radar põem em causa a segurança nacional. Acho que ninguém tem autoridade para mandar desligar um radar que faz parte da segurança marítima de São Tomé e Príncipe, apenas porque alegadamente faz interferência com uma rádio ou uma televisão local. É um problema que está a ser resolvido ao mais alto nível», afirmou o Tenente.

Por seu lado José Cassandra, Presidente do Governo Regional do Príncipe, diz que o Primeiro Ministro Rafael Branco  a Ministra da Defesa Nacional, Elsa Pinto, e o Ministro das Infra-estruturas Benjamim Vera Cruz, estão ao corrente da situação e já foram advertidos a «repor rapidamente a normalidade», pontuou.

José Cassandra, acredita que o problema deverá ficar resolvido ainda esta semana, caso contrário «nós vamos voltar a instar a CST a desligar o radar de forma a população aqui ter acesso a informação tanto na rádio como na televisão portuguesa», conclui.

No entanto o Ministério da Defesa Nacional, através da unidade da guarda Costeira desmente que seja o radar instalado há cerca de 4 anos na ilha do Príncipe que está a provocar constantes cortes nas emissões da RDP e RTP-África. «O radar emite na onda de 3 a 4 giga hertz. Por isso não vejo a possibilidade de interferência com as emissões da rádio ou da televisão, cujas frequências são menores. Mais ainda, são conhecidas as bandas para transmissão de rádios, televisão e radares e não pode haver de maneira nenhuma qualquer interferência», sublinhou o Tenente Amílcar de Sousa.

Segundo a guarda costeira, está a ser criada uma comissão para estudo do problema. A CST, a Autoridade Geral de Regulação, a equipa americana parceira do estado são-tomense no projecto de fiscalização marítima e a guarda costeira, vão trabalhar juntos no sentido de identificar o problema técnico que está a cortar as emissões da RDP e RTP-África no Príncipe. «Na verdade existe algum problema. Quando o radar está a funcionar perde-se o sinal da RDP e RTP no Príncipe. Vamos descobrir a causa», precisou o Tenente das Forças Armadas.

Acesso a informação através da RDP e RTP-África e a necessidade de fiscalização da zona económica exclusiva são-tomense e da sub-região do Golfo da Guiné, a provocarem polémica entre o Governo Regional do Príncipe em representação da população local e o Governo Central.

Abel Veiga

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