Sociedade

Virose ainda desconhecida está a provocar surto diarreico que já afectou 207 pessoas em São Tomé e Príncipe

O alertapediatria.jpg foi lançado pelo médico Ito Bandeira que preside uma comissão clínica responsável pelo controlo do surto de diarreia que está a assolar o arquipélago são-tomense. Segundo o médico São Tomé e Príncipe não tem condições técnicas para descobrir o tipo de virose que para além de provocar diarreia causa infecções respiratórias. Ito Bandeira, explicou que os primeiros testes efectuados no Instituto Pasteur dos Camarões, provam que o actual surto de diarreia não tem nada a ver com a cólera.

Tradicionalmente a diarreia é provocada por bactérias e parasitas, explicou o médico que coordena a equipa de controlo do surto diarreico. Mas neste ano o índice de casos diarreicos não para de aumentar. Segundo Ito Bandeira, até Novembro o sistema nacional de saúde já diagnosticou 207 casos de diarreia.

Uma tendência anormal, porque segundo o médico, tradicionalmente em São Tomé e Príncipe, o surto diarreico característico da estação seca, gravana, diminui drasticamente no mês de Setembro. «Até a semana passada, tínhamos 207 casos, quando nos anos anteriores em Novembro já teríamos um número muito mais baixo, isso não está a acontecer», afirmou o chefe da equipa de controlo.

Uma virose ainda desconhecida está também a contribuir para o aumento de casos de diarreia e infecções respiratórias, anunciou Ito Bandeira. «Há uma virose que está no ar e que tem provocado casos de diarreia, tanto a adultos como as crianças, mas também há diarreias de origem bacterianas e parasitárias. È uma associação, mas a maior parte deve ser de origem virósica e isto faz com que não tenhamos muito controlo sobre o contágio», assegurou o médico.

A prevenção contra a virose desconhecida, é considerada como sendo bastante difícil, uma vez que «é difícil dizer as pessoas para andarem com as narinas tapadas. Por isso mesmo é que temos visto surgir neste momento casos de gripes, uns manifestam com tosse e constipação e as outras pessoas fazem diarreia», frisou Ito Bandeira.

Uma virose desconhecida e que as autoridades clínicas não conseguem decifrar a sua origem, uma vez que só na estação seca que dura três meses(Finais de Maio, Junho,  Julho, e finais de Agosto), é que o arquipélago recebe grande camada de poeiras oriundas do deserto do Sahara.

Altura em que as infecções respiratórias, por causa de viroses, torna-se comum. «Mas estamos na época chuvosa, era momento para essas situações não ocorrerem. No entanto tende a agravar», sublinhou.

O surto diarreico que continua a produzir casos, é considerado pelo responsável da equipa técnica como sendo banal. Ela é tratada apenas a base de soro oral. Ito Bandeira aproveitou para rejeitar todas as especulações que têm vindo a baila, que admitem a possibilidade da cólera juntar-se ao surto diarreico. «Felizmente não temos caso de vibrião colérico. As amostras que mandamos para investigação em Yaoundé-Camaões deram resultado negativo. Não há situação de cólera. É uma diarreia banal que temos tratado simplesmente com a hidratação oral», pontuou.

A descoberta da virose desconhecida é outra tarefa sem fim a vista. O médico deixou claro que o sistema nacional de saúde não tem competência técnica para investigar o caso. Para situações de diarreia bacteriana, a equipa de controlo recomenda como medida preventiva, lavar as mãos com sabão antes de comer e depois de defecar, bem como a lavagem e desinfecção das frutas e hortaliças.

Para as diarreias de origem virósica, única prevenção é o uso de máscaras, medida difícil de ser acatada.

Abel Veiga

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