As autoridades taiwanesas já começaram a dar resposta prática ao pedido feito pelo Presidente da República em Setembro de 2008, para que o país asiático avançasse para uma intervenção no hospital Ayres de Menezes, a fim de elevar a qualidade de prestação dos cuidados de saúde no principal hospital do país. Uma equipa de médicos e enfermeiros taiwaneses, já está a trabalhar junto com quadros nacionais, sobretudo no banco de urgências. O objectivo nesta primeira fase é conhecer a realidade, fazer o levantamento das carências, e formar o pessoal de saúde com vista a melhorar o atendimento ao público. Seguindo o espírito do leve-leve na vertente da prudência e fazer com inteligência, o governo taiwanês assumiu o desafio lançado pelo Presidente da República Fradique de Menezes, e já tem técnicos seus a trabalhar junto com quadros nacionais no banco de urgências do hospital Ayres de Menezes.
Um médico ortopedista e uma enfermeira, fazem parte da lista de reforços da equipa médica taiwanesa, que está a tomar o pulso do funcionamento das urgências do hospital Ayres de Menezes. O primeiro grande objectivo é a formação dos quadros nacionais de saúde, e ao mesmo tempo trabalhar na mudança de mentalidades. Trabalho moroso, que pretende dar ao serviço de urgências, competência, celeridade e qualidade na prestação dos cuidados de saúde.
O apetrechamento do hospital com meios mais modernos de diagnóstico e tratamento é outra grande prioridade, que vai evoluir ao ritmo da capacitação do pessoal clínico.
O desafio de Fradique de Menezes em Setembro de 2008, surgiu como resultado do sucesso que tem sido a intervenção da equipa médica taiwanesa no centro policlínico de São Tomé, a antiga delegacão de Saúde, localidade no centro da cidade capital.
A unidade que passou a absorver grande parte de pessoas que antes dirigiam-se ao hospital Ayres de Menezes, foi apetrechada com meios de diagnóstico de base que muitas vezes não existem ou não são funcionais no hospital Ayres de Menezes. Electrocardiograma é um dos exemplos. As constantes avarias do Raio X do hospital central, é outra razão da opção de médicos e pacientes para o uso dos serviços do centro policlínico.
Através de uma gestão seria e rigorosa a cooperação taiwanesa conseguiu abrir uma farmácia no centro policlínico que atende tanto os pacientes que se dirigem ao centro como os que são atendidos no Hospital Ayres de Menezes. «Por exemplo a farmácia da delegacia de saúde já é auto-suficiente. Entramos com um certo investimento, mas agora a farmácia já tem uma reserva de 200 mil dólares o que permite a auto-suficiência em abastecimento em medicamentos», assegurou o embaixador de Taiwan Chung Chen.
Sucesso que sustentou o desafio presidencial, para socorrer o hospital Ayres de Menezes. «No mês de Setembro passado sua excelência senhor Presidente da República pediu o nosso apoio especialmente na área de cirurgia e para o banco de urgências. E a nossa equipa médica foi reforçada como pessoal vindo do hospital cristã de Taiwan. Já estão em actividade há um mês e nesta primeira fase vamos analisar como melhorar os serviços, através de levantamentos em curso. Vamos levar o exemplo da delegacia de saúde para o hospital central», concluiu Chung Chen(na foto).
O médico ortopedista taiwanês Wei Wang , que está a trabalhar nas urgências do hospital Ayres de Menezes, salientou a importância desta especialidade em São Tomé, onde tem aumentado os casos de acidentes de estrada. O fenómeno dos motoqueiros é uma das causas do aumento da sinistralidade. «Vamos também realizar formações no domínio da cirurgia e apetrechamento em equipamentos», frisou o médico ortopedista.
Shy – Chung LIN, é o nomde de outro médico. O estomatologista, reconhece por sua vez que a saúde dentária no país não é famosa. O médico aposta na educação de base para inverter a situação. «Vamos trabalhar nas escolas primárias para orientar as crianças na preservação dos dentes. Para manterem a boa saúde dentária», enfatizou.
O reforço da cooperação com São Tomé e Príncipe acontece numa altura de profunda mudança política em Taiwan. A ilha que acolheu o governo da República da China, após o avanço dos comunistas liderados por Mau Tse Tung na China continental em 1949, está a ser dirigido desde Maio de 2008 pelo Presidente Ma Ying – Jeou do partido histórico Koumitang.
O novo presidente adoptou uma política de reforço da parceria económica com a República da Popular da China. A nível político assiste-se a um desanuviamento da tensão militar entre os dois países. Situação que para o embaixadorem São Tomé, permite a Taiwan dinamizar as relações de cooperação com os países amigos. «Esta nova política tem a ver com uma convenção económica com a China Popular. Começamos as negociações com vista a abertura da ligação aérea e marítima entre os dois países. Começamos com voos charters, mas estamos a evoluir para voos oficiais entre os dois lados, uma vez que o número de turistas está a aumentar de ambos os lados. A nível económico temos a posição de cooperar com a China, e na área de política internacional estabelecemos uma trégua. Não queremos mais confrontações com a China Popular», pontuou o embaixador.
Uma posição que favorece o desenvolvimento da cooperação internacional. «Isto tem uma consequência importante, porque ajuda a estabilizar as relações no estreito de Taiwan, e por outro lado melhora as nossas relações com os países amigos. Antes nesta situação de confrontação, não tínhamos tempo para concentrarmo-nos no desenvolvimento das relações com os países amigos. A nossa relação actual com a China tem bases na igualdade, de benefícios mútuos, e a comunidade internacional está a apreciar esta nova política. Assim vamos concentrar os nossos esforços na área da cooperação internacional», acrescentou, Chung Chen.
Quanto a questão da independência da ilha formosa, as autoridades taiwanesas consideram que a questão não se coloca, uma vez que Taiwan vive soberanamente desde 1949. Aliás segundo a história a República da China nome que identifica Taiwan a nível internacional é anterior a criação da República Popular da China. Note-se que só em 1972 as Nações Unidas deixaram de reconhecer a República da China, passando a ter como membro privilegiado a República Popular da China nascida da revolução comunista de 1949.
A República da China, foi o nome original que os representantes do poder derrotado pelos comunistas decidiram manter quando abandonaram a china continental para refugiar em Taiwan.
Desde o estabelecimento das relações diplomáticas com São Tomé e Príncipe em 1997 Taiwan já disponibilizou mais de 130 milhões de dólares em vários projectos de desenvolvimento.
Abel Veiga