Na última noite o país cantou parabéns pelos 83 anos de vida da mulher que é referência política, social e cultural de São Tomé e Príncipe. Nascida a 30 de Abril de 1926 na cidade de São Tomé, Alda Graça do Espírito Santo, combatente da luta pela independência nacional, instruiu a nova geração pós independência, e pelas suas mãos de poetisa nasceram versos e rimas que sustentam o orgulho da República Democrática fundada em 1975. Uma referência nacional, que rejeita vanglórias e com humildade continua a batalhar pela conquista do progresso do país soberano.
Desde a juventude que Alda Graça do Espírito Santo vive na mesma residência na Chácara, arredores da capital São Tomé. Segundo ela só deixa aquele lugar quando for chamada para o eterno descanso no cemitério do alto São João.
Aos 83 anos, continua lúcida, inteligente, um verdadeiro depósito vivo de saber que continua alimentar gerações de são-tomenses. Foi professor da geração de são-tomenses, que gritou pela independência nacional.
Criou a primeira geração de jornalistas do país, e como poetisa imortalizou o massacre de 1953 no poema TRINDADE, que desde a independência nacional é recitado todos os anos e de forma arrepiante por uma voz feminina.
A poder poético de Alda graça está presente todos os dias, e em todos os momentos de São Tomé e Príncipe. O grito pela independência nacional, a unidade do povo no coro da esperança, é reflectido na letra do hino nacional de que ela é autora. «Somos os frutos produzidos pelas mãos de fada desta nossa grande senhora da cultura e mãe do nosso hino nacional e fundador. Feliz aniversário e longos anos de vida neste mais um 30 de Abril, mês dos poetas e dos escritores», enfatizou o Ministro da Educação e Cultura Jorge Bom Jesus.
Membro do Governo de transição, como Ministra da Educação, Alda do Espírito Santo, foi também ministra da informação e cultura. Fez dois mandatos como Presidente da Assembleia Nacional Popular.
Criou a União dos Escritores e Artistas São-tomenses, onde continua a trabalhar na criação de novos valores para cultura literária são-tomense. «Há 83 longínquos anos apareceu uma luz, com uma missão precisa de nome Alda Graça do Espírito Santo para iluminar o nosso solo sagrado da terra», repisou Jorge Bom Jesus.
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Na festa dos seus 83 anos, foi publicado um livro sobre Alda do Espírito Santo. Iniciativa do escritor Francisco Costa Alegre. «Alda do Espírito Santo é um património nacional. O ícone de todos nós, e argamassa que continua a unir todos os são-tomenses nos difíceis dias que hoje correm. Ela simboliza o orgulho nacional», reforçou o ministro da educação.
Diante da homenagem feita, dos elogios tecidos a sua pessoa, Alda Graça do Espírito Santo, realçou a sua humildade. «Acho um exagero da vossa parte, porque eu não me considero monumento nenhum. O monumento é o povo, o monumento é o país, monumento é aquilo que nós queremos construir. De forma que a vanglória é qualquer coisa que não faz parte de mim mesma». Desabafou.
A poetisa diz que é igual a todos os outros cidadãos, e tem muita pena de não ter podido mudar o rumo degradante do país. «Tenho imensa pena, lamento não ter tido a capacidade de fazer para o meu país, aquilo que eu gostaria de ter feito. De poder por exemplo, encontrar a nossa cidade de São Tomé, erguida a medida dos seus moradores. Precisamos valorizar o que é nosso», concluiu.
“Mataram o rio da minha cidade”, é uma obra de Alda do Espírito Santo, que desperta a atenção dos são-tomenses exactamente para a recuperação da capital e do rio que deu nome a toda a região de Água Grande.
Abel Veiga