Primeiramente, quero render a minha homenagem às vítimas do recente naufrágio e apresentar as minhas condolências aos sobreviventes que perderam os seus entes queridos, pois toca-me também pelos laços de consanguinidade
Seguidamente, quero fazer um balanço sintético da actuação do nosso actual Governo em São Tomé e Príncipe (STP).
Tendo em conta a dinamização dos vários eixos estruturais para o desenvolvimento do país, dou uma nota positiva a este Governo nos seguintes aspectos:
a) A ligação do nosso sistema de comunicações ao cabo de fibra óptica internacional.
b) Aliança estratégica com Angola e Portugal. O Sr. PM Rafael Branco tem tido uma postura elegante e encorajo-o a prossegui-la. Eu sempre defendi esta estratégia e patilhei-a com os meus concidadãos desde o meu primeiro “grito de socorro” que soltei há uns anos atrás através do jornal Tela Non.
c) Aumento da produção agrícola.
Entretanto, há outros eixos estruturantes em que a actuação do Governo deixa algo a desejar. De uma forma sintética, há pelo menos dois aspectos que aqui saliento:
1) Dobra/Euro.
Nós, os Santomenses, tivemos conhecimento através da comunicação social portuguesa que a moeda de circulação em STP será o Euro, em substituição da Dobra. Apresentam como fonte o nosso PM Sr. Rafael Branco.
É triste e revelador de uma falta de respeito aos seus concidadãos, Sr. PM Rafael Branco, ao termos conhecimento de um assunto tão importante para o nosso país, não através de uma comunicação directa sua ao país como nosso PM.
Além disso, a notícia é confusa. Trata-se afinal da fixação de uma paridade Dobra/Euro ou uma substituição da Dobra pelo Euro como moeda de circulação? É que há uma enorme diferença entre estas duas situações. Esperemos que o nosso PM e/ou as autoridades monetárias do nosso país nos clarifiquem.
2) STP Airways.
Penso que este é um assunto da competência do executivo que é o Governo. Faltou ao Governo a coragem para decidir e surpreende-me como é que a Assembleia Nacional aceitou ter assunto nas suas mãos. Afinal quem tutela o INAC (Instituto Nacional de Aviação Civil), não é o Governo?
Bem, por aquilo que se ouve da comunicação social, dá a entender que se pretende dar algum tempo à STP Airways para se afirmar no mercado antes de se aceitar os vôos adicionais da TAP.
Eu não estou contra os vôos adicionais da TAP mas julgo que a decisão mais correcta é: Dar algum tempo à STP Airways para que ela tenha os “mínimos olímpicos” para competir com a TAP.
As nossas autoridades deviam explicar aos cidadãos que os vôos adicionais da TAP são benéficos para o país pois trazem a concorrência e o consumidor poderá ganhar mas, por outro lado, temos que aceitar que a STP Airways traz-nos a produção de um serviço que nos ajudará a produzir riqueza e criar emprego para saírmos do subdesenvolvimento. Por isso, não gosto da expressão “luta contra a pobreza” mas sim da “luta pela criação da riqueza”. Isto só se consegue com muito trabalho e não apenas com o consumo de bens e serviços finais baratos e importados.
Por fim, espero que, com a memória deste recente naufrágio, as autoridades competentes finalmente resolvam o problema da ligação entre as duas ilhas, senão é a própria unicidade do país que se está a trair.
Setembro 18, 2008
Silvino Palmer