Economia

Projecto-piloto de desenvolvimento agrícola integrado renova esperança das comunidades de Santa Luzia e Canavial

canavial.jpgTaiwan é o principal parceiro de São Tomé e Príncipe neste projecto que pretende recuperar a capacidade produtiva das antigas roças, e melhorar o rendimento do grupo social mais pobre, ou seja, os habitantes das roças. O projecto que apresenta soluções para a garantia da segurança alimentar, tem duração de 3 anos. Até final de 2009 mais de 320 mil dólares vão ser investidos em Canavial e Santa Luzia, comunidades com grande potencial para produção de milho, feijão, hortaliças, incluindo gado caprino e ovino.

Canavial, localizada perto da cidade de Guadalupe, é uma das roças de São Tomé que no passado produzia centenas de toneladas de milho. Hoje a maior parte das terras está abandonada. Maria de Fátima, agricultora disse ao Téla Nón, que ela e o seu marido têm um campo de 4 hectares. «Anteriormente para trabalhar o campo, eu e o meu marido tínhamos apoio de tractor, para preparar o terreno. Agora não há e por isso o campo ficou mais de 2 anos sem ser cultivado. Eu soube que este projecto vai colocar um tractor para a comunidade, acho que assim tudo vai melhorar», afirmou a camponesa de Canavial.

Efectivamente os agricultores de canavial têm motivo para sorrir. Estão enquadrados no projecto-piloto de desenvolvimento integrado das comunidades agrícolas. Um projecto financiado pela República da China – Taiwan, que pretende até 2011, aumentar o rendimento dos agricultores, e elevar a segurança alimentar no país.

O objectivo principal é diminuir a importação de bens alimentares, e as terras de Canavial e Santa Luzia, dão garantias. Milho, feijão, mandioca, hortaliças e banana desenvolvem-se com grande facilidade nestas comunidades.

A desorganização, a falta de utensílios e insumos agrícolas, contribuíram nos últimos anos para o abandono dos campos e alimentaram um grande êxodo rural. O projecto lançado terça-feira, pretende dignificar o trabalho nas duas comunidades e incentivar o regresso daqueles que foram reforçar a cintura da pobreza a volta da cidade de São Tomé.

Por isso para além do trabalho nos campos, o projecto privilegia a criação de gado. Um sistema integrado de desenvolvimento rural. Neste ano 327 mil e 93 dólares norte americanos vão ser investidos nas duas comunidades. Dinheiro que vai permitir a reabilitação do sistema de rega, obra já em curso, construção de um hangar para recepção e selecção da produção e as respectivas máquinas de transformação.

Com a introdução de unidades de transformação da produção agrícola, o projecto que conta também com o acompanhamento técnicos de peritos taiwaneses no terreno, cuja execução vai ser acompanhado por técnicos de Taiwan, vai orientar as comunidades na produção, por exemplo de ração para galinhas, e gado.

Por isso mesmo, estão na lista, a construção de aviários, pocilgas para porcos, e currais para produção de cabras e ovelhas.

Sob orientação Taiwanesa, as duas comunidades vão beneficiar de tractores para ajudar no tratamento da terra e demais actividades. Insumos para agricultura e pecuária também vão ser suportados pela cooperação entre São Tomé e Príncipe e Taiwan. «Estamos satisfeitos com este projecto da China Taiwan, porque é um avanço para todos nós. Gostamos de trabalhar o campo, e se produzirmos mais milho, abóbora, bonge(feijão) etc ficamos fartos», afirmou uma das habitantes(na foto).

O primeiro-ministro Rafael Branco, que lançou o projecto-piloto nas duas comunidades agrícolas, disse que o seu governo está apostado numa nova agricultura. «A nova agricultura que queremos para o nosso país, é uma agricultura que tem espaço para os pais deixarem para os filhos o resultado do seu trabalho, onde o filho acha que vai continuar a obra do seu pai, porque sente que pode melhorar a sua vida», declarou Rafael Branco, para depois acrescentar que «É uma agricultura em que não só produzimos, mas também transformamos aquilo que produzimos para aumentar o nosso rendimento. É por isso que esse projecto tem a componente, irrigação, distribuição de sementes, máquinas para transformar, e armazéns para conservar os produtos», pontuou.

O embaixador de Taiwan, Chen Chung, também incentivou os agricultores a abraçarem o projecto. «Esperamos que esta acção possa aumentar a vontade dos agricultores em cultivar provocando o aumento da produção e do nível económico desta comunidade», afirmou.

O diplomata taiwanês, pediu unidade e espírito de equipa, para que depois de 2011, altura em que termina a intervenção do seu país, os agricultores possam caminhar com os seus próprios pés. «que de forma humilde utilizem a sua inteligência, seu conhecimento e capacidade de trabalho para que não se tornem completamente dependentes do governo», reforçou Chen Chung.

Até 2011, o projecto de desenvolvimento integrado da agricultura, vai dar aos cerca de 500 agricultores de Canavial e Santa Luzia, alimento técnico e financeiro suficientes para depois poderem andar com os seus próprios pés.

Abel Veiga  

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