Sociedade

São Tomé está a arrebentar pelas costuras

stp-rua.jpgQuase metade da população de São Tomé e Príncipe vive nos 16,5 quilómetros quadrados de terra que formam o distrito de Água Grande, onde se localizada a cidade capital. Não há mais espaço para tanta gente. O Presidente da Autarquia de Água Grande em entrevista a TVS, deu o grito de desespero. São Tomé está a arrebentar pelas costuras.

 

Pequena povoação plantada a beira – mar, a cidade de São Tomé uma das mais antigas da comunidade lusófona, nasceu a 22 de Abril de 1535, ganhou novas infra-estruturas durante o massacre de 1953, através do trabalho forçado nas obras públicas. É linda, e foi durante muito tempo considerada como a cidade mais limpa da região africana.

São Tomé gozava desse estatuto, enquanto o país tinha uma organização política e económica. As antigas roças absorviam grande parte de mão-de-obra do país. Factor que ajudava a concentrar as populações nas suas comunidades e bairros (luchãs) do interior.

A degradação das infra-estruturas económicas no interior, provocada pela delapidação dos bens públicos e o consequente abandono das populações, forçou o êxodo rural para a pequena cidade de São Tomé. Na capital e nos seus arredores vivem actualmente 60 mil pessoas, quase metade da população do país (150 mil habitantes).

Homens, muitos homens enfileiram-se na antiga ponte cais, para fazer nada. Outros passam o dia noutros pontos da cidade para fazer nada. Jovens reforçaram o comércio ambulante nas ruas. O fenómeno motoqueiro veio apertar ainda mais a pequena cidade.

A imundice foi crescendo em São Tomé, que deixou de ser a cidade mais limpa da região africana. As sarjetas velhas já não resistem ao enorme caudal de lixo produzido pela população crescente. Quando chove grande parte da capital se transforma num lago.

Nos arredores da cidade a situação de vida dos habitantes é chocante. No meio da lama quando chove, ou no meio do pó quando chega a estação seca, os moradores que vivem praticamente uns em cima de outros, estão sujeitos há vários problemas de saúde. «Temos uma cidade superpovoada. Temos cerca de 3 mil habitantes por quilómetros quadrados. Temos cerca de 60 mil habitantes para 16,5 quilómetros quadrados. Portanto é uma cidade superpovoada sem as principais infra-estruturas de base», reclamou o Presidente da Autarquia de Água Grande, João Viegas, em entrevista a TVS.

Um problema sem solução a vista. «Não há hipóteses de dar a volta a situação se não houver uma acção concertada a nível das várias instituições e que desejam uma cidade com estilo de vida saudável», reforçou João Viegas.

A desordem urbana, ou seja, construções anárquicas ajudou a complicar a situação. Bairros chamados de elite como o de campo de Milho, não tem água potável, não tem arruamentos, as residências que custaram milhares e milhares de euros, ficam completamente enlameadas nos dias de chuva.

Aliás nos dias de Chuva, note-se que o país chove durante 9 meses, a capital são-tomense e seus arredores mudam de aspecto, parecendo um matagal, com muito capim, água estagnada, lixo amontoado, e muita lama por todo lado.

Abel Veiga  

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