O banco central de São Tomé e Príncipe reuniu-se com os bancos comerciais para analisar o impacto da crise financeira internacional sobre o mercado financeiro nacional. As instituições bancárias chegaram a conclusão que não há perigo. No entanto o Presidente da República Fradique de Menezes contesta a leitura feita pelos bancos, e mostrou o exemplo dos exportadores de cacau, que já começam a ter algumas dificuldades na transacção financeira, por causa da crise que abala o sistema financeiro internacional.
Eugénio Soares, vice-governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, assegurou após a reunião com os bancos comerciais que o país não corre riscos, por causa da crise financeira que se assiste no mercado internacional. «Concluímos felizmente que por enquanto essa situação não afecta a nossa economia, não afecta o sistema financeiro e estamos felizmente numa situação salvaguardada sem que nos deixemos de preocupar com a melhoria da qualidade dos nossos serviços em termos de supervisão e em termos de gestão de risco», afirmou o responsável do banco central.
O representante do Banco Internacional de São Tomé e Príncipe, também desvalorizou qualquer impacto negativo sobre o mercado financeiro nacional, por parte da crise que se assiste nas principais praças financeiras internacionais. «Em São Tomé a situação é pouco preocupante, nós não temos uma bolsa de valores, os bancos não estão cotados em bolsas, as suas acções não podem cair rapidamente por causa desta crise. Também nós não temos um mercado imobiliário forte, portanto os bancos não têm uma grande carteira de créditos», explicou o administrador do BISTP.
O Presidente da República que reflectia quarta-feira sobre a insegurança alimentar no país, abriu parenteses na sua intervenção, apenas para manifestar a sua discordância em relação a leitura que as instituições bancárias representadas em São Tomé e Príncipe fazem da crise financeira que está a agitar o mercado internacional. «Foi feita uma declaração por alguns dizendo que isto não afecta São Tomé e Príncipe. Que nós aqui não temos uma bolsa de valores por conseguinte estamos longe da crise. Permita-me discordar com isto, porque somos subsidiados com tudo o que se passa lá for, não sabemos onde é que isto vai terminar. Temos que estar preparados porque vivemos de doações e se amanhã vermos os doadores virarem para nós e dizer que já não podem cumprir cabalmente com o programa ou desacelerarem um pouco o fluxo das ajudas de maneira urgente como costumam fazer?», interrogou.
Fradique de Menezes, avançou com mais um exemplo que segundo ele reflecte o impacto da crise financeira internacional sobre o mercado nacional. «Os bancos aqui para fazerem as transferências dependem dos bancos lá fora. Isto já está a acontecer com os exportadores de cacau. Há um navio que já partiu ou de estar a partir, e há confirmação de que ainda não chegaram os créditos bancários. Eu quando ouvi essa declaração do BISTIP e do outro banco a dizer que a crise é lá fora dava a sensação que estamos longe, que estamos resguardados. Eu sei o que querem dizer com isto, que o sistema bancário nacional não tem receios de uma falência, mas temos que pensar em relação a ramificação lá fora», concluiu.