Luís de Sousa(na foto), que rejeitou a hipótese de branqueamento de capital na operação de transporte de 2.8 milhões de dólares dos cofres do Oceanic Bank para depósito num corresponde internacional, explicou ao Téla Nón que o banco comercial que se instalou em São Tomé no ano passado cometeu ilegalidade por ter avançado 2.8 milhões de dólares na transferência quando a credencial passada pelo banco central em Dezembro do ano passado, estipulava 2.350 milhões de dólares. A presença no aeroporto internacional de um representante do banco alemão correspondente do Oceanic Bank para transportar o montante para Alemanha, é outra anormalidade. Segundo o Governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Luís de Sousa, o Oceanic Bank que abriu as portas na capital – São Tomé desde Junho do ano passado, pediu autorização para transportar 2.350 milhões de dólares para a sua correspondente na Nigéria. O pedido foi feito em Dezembro de 2008. «Por questões internas e constrangimentos, porque têm que transportar o dinheiro para a Nigéria e depois para o banco correspondente na Europa, não fizeram a operação. O atraso do voo para a Nigéria contribuiu para a suspensão da operação», explicou o Governador do Banco central.No entanto no passado dia 6 de Março, o Oceanic Bank tentou executar a operação de transporte de dinheiro de forma ilegal. «No dia 6 de Março foi interpelado um indivíduo alemão que ia com uma credencial passada em Dezembro a transportar o dinheiro do Oceanic Bank. Só que o valor que ia transportar era superior. Eram 2.8 milhões de dólares ao invés dos 2.350 milhões. E a credencial é antiga. A pessoa indicada na credencial deveria transportar o dinheiro para a Nigéria e não para a Alemanha. Por isso congratulamos com os serviços de segurança aduaneira pela interpelação feita», precisou Luís de Sousa.
O Governador do Banco central, adiantou ainda que o cidadão alemão que esteve no aeroporto internacional para transportar o dinheiro, foi credenciado pelo Comercial Bank sediado na Alemanha para transportar o montante. O Comercial Bank é correspondente do Oceanic Bank, aliás era o destino final da operação, mesmo se o dinheiro fosse enviado em primeiro lugar para o correspondente africano do Oceanic baseado na Nigéria. «O Oceanic deveria pedir ao Banco Central para revogar a credencial anterior e pedir uma nova com o valor actualizado», reforçou Luís de Sousa.
O Banco Central garante que já inspeccionou as contas do Oceanic Bank, e está seguro que não houve qualquer tentativa de branqueamento de capital. «Já fizemos a inspecção e comprovamos e temos as provas que o dinheiro advém do simples funcionamento do banco comercial. Acredito que nada de mal foi feito. O dinheiro está no livro da instituição e advém dos depósitos dos clientes», assegurou o Governador do Banco Central.
As informações que indicam a participação de mais um banco privado são-tomense, nesta operação, foi desmentida pelo Banco Central. «Se advém de uma transacção em que existe um outro banco, é possível. É uma operação comercial em que o valor que consta no livro pode ser do passivo desta instituição, e o activo ser de outra instituição», frisou.
Luís de Sousa anunciou que o capital social do Oceanic Bank é de 5 milhões de dólares, como obriga a nova legislação em vigor, e que a transporte de dinheiro em malas para depósito no estrangeiro é prática corrente no mercado financeiro são-tomense, onde não existe ainda o chamado dinheiro electrónico.
Apesar do Banco central ter rejeitado a possibilidade de branqueamento de capital, o Téla Nón apurou junto ao Ministério Público que o procurador geral da república, Roberto Raposo, mandou abrir um inquérito judicial para conhecer todos os meandros da operação financeira do passado dia 6 de Março.
Abel Veiga