O presidente do partido Manuel de Deus Lima(na foto), eleito em congresso de Setembro último rejeita a decisão do conselho nacional liderado pelo Presidente Honorário Fradique de Menezes, de criar uma comissão coordenadora para gerir o partido até a convocação de um novo congresso extraordinário. Manuel de Deus Lima diz que querem afastar-lhe da liderança porque não concorda com a política de instabilidade tradicionalmente promovida por certos círculos do partido. Minho como é vulgarmente conhecido deixou entender que há vontades no MDFM-PL para derrubar o actual governo de Rafael Branco.
Manuel de Deus Lima, presidente do MDFM-PL que viu a sua direcção ser dissolvida na reunião do conselho nacional do partido realizada na Quinta da Favorita, não concorda com a decisão. «Não estou afastado. Continuo como Presidente, não pus o cargo a disposição. Devo dizer que fui democraticamente eleito num congresso de 1200 pessoas, o conselho nacional não tem legitimidade para depor seja que direcção for», afirmou, rejeitando assim todas as justificações apresentadas pelo conselho Nacional.
Frederico Ferreira, na qualidade de porta voz da reunião, havia explicado que «Nós temos vindo a conhecer um certo mal-estar no seio do partido liberal. Perante a situação os membros da comissão política subscreveram uma carta ao Presidente Honorário mostrando a sua preocupação em relação ao funcionamento do partido», relatou para depois acrescentar que após várias reuniões onde ficaram patentes os desentendimentos entre o Presidente do partido Manuel de Deus Lima e o Secretário Geral Agostinho Rita. «Chegou-se a consenso na reunião do conselho nacional em criar um órgão coordenador do partido. Recaiu na pessoa do senhor João Costa Alegre como coordenador do Secretariado-geral do partido, e também integra o mesmo órgão os senhores, Frederico Ferreira e Eugénio Tiny, com a supervisão do Presidente Honorário. Esta comissão tem um tempo limitado de vigência até encontrarmos as condições para a realização do próximo congresso», pontuou o porta-voz.
Uma decisão que veio agudizar a crise interna no partido, uma vez que o presidente Manuel de Deus Lima, decidiu atacar as estruturas do MDFM-PL que lhe são hostis. Segundo ele a sua decisão de reestruturar as bases do MDFM-PL, com realce para os secretáriados distritais, é uma das razões da tentativa de o afastar da liderança. A maioria dos secretários distritais teme a mudança de rosto nas estruturas de base.
Mas é na segunda razão explicada por Manuel de Deus Lima que reside o cerne da crise.«A segunda razão tem a ver com o provocar de crises sucessivas. Aquando da minha eleição no dia 13 de Setembro tinha dito que não seria um presidente, que pauta-se a sua conduta com a provocação de crises. Disse que seria uma presidente imbuído de um espírito que una os liberais, mas fundamentalmente que una os são-tomenses. Nós conhecemos 7 primeiros-ministros de 2001 até agora. Eu enquanto presidente e líder do partido que está no governo, entendo como atitude responsável que este governo actual deve ir até o final do seu mandato. Mas, provocar crises eu não vou pactuar com este tipo de atitude», declarou deixando entender que há sectores do MDFM-PL que pugnam pela instabilidade governativa.
Manuel de Deus Lima vai mais longe e mostra o exemplo do governo de coligação MDFM-PCD que venceu as eleições legislativas. Estava no poder sob a liderança de Tomé Vera Cruz, mas tombou pelas mãos do próprio MDFM-PL. «Quem fez cair o governo da coligação MDFM-PCD, liderado pelo secretário-geral do partido o senhor Tomé Vera? Foi o próprio MDFM mandatado por alguém, não vou dizer quem é porque os senhores sabem quem são essas pessoas. Portanto há pessoas que não têm paciência de deixar um governo ir até ao fim do seu mandato. E na política deve-se ter essa paciência», frisou.
Críticas duras que não deixaram de fora o Presidente Honorário do partido e Chefe de Estado são-tomense Fradique de Menezes. Minho como é vulgarmente conhecido entre os são-tomenses, garante que vai concorrer a liderança do partido no congresso extraordinário ainda sem data e desafia Fradique de Menezes para o confronto. «No último conselho nacional chamei a atenção do presidente honorário para que rapidamente se agende um congresso, porque estou na disposição de concorrer e desafiar seja quem for, incluindo o próprio presidente honorário. Mas para isso queria que ele respeitasse a concorrência. Primeiro que ele renunciasse o cargo de Presidente da República e depois concorrer a presidência do MDFM, que eu disputarei com ele peito a peito, porque sou homem de terreno», conclui.
A crise política se agudiza no MDFM-PL.
Abel Veiga