Segundo o decreto presidencial emitido na última sexta-feira, a decisão do Chefe de Estado responde ao pedido feito pelo Tenente-coronel na reserva Victor Monteiro(na foto). O assessor para os assuntos de defesa e ordem interna considerado por muitos como um dos homens de confiança do líder são-tomense, já havia abandonado o partido de inspiração do Presidente da República o MDFM-PL, e agora preferiu também pôr fim a sua colaboração no palácio do povo.O decreto que exonera o seu assessor para defesa e ordem interna, foi a primeira decisão tomada pelo Chefe de Estado são-tomense logo após o seu regresso da missão oficial ao estrangeiro.
O ex-assessor do chefe de estado, preferiu não divulgar as causas do seu pedido de demissão que foi aceite pelo Presidente da República. «Eu gostava que me dessem algum tempo já que estou expectante aguardando que o diferendo entre o Minho e o MDFM-PL seja resolvido o mais breve possível. Diferendo em que não estou associado. O meu afastamento não deve ser colado de maneira nenhuma ao do Minho e muito menos que eu esteja associado a ele nisso tudo», afirmou Victor Monteiro.
O ex-assessor manifesta-se preocupado com o facto de estarem a circular boatos segundo os quais ele estaria a trabalhar no terreno junto com o exonerado presidente do MDFM-PL, Manuel de Deus Lima, vulgo Minho, contra o Presidente Fradique de Menezes. Victor Monteiro manifestou para o Téla Nón total lealdade ao Chefe de Estado, a quem ele diz nunca poder criticar. «Por princípio nunca cuspo no prato em que comi. Alguma vez ouviu que eu falei mal de Pinto da Costa? Nunca. Eu fui ajudante de campo dele de 1985 a 1988. Preparado para o defender entregando a minha vida caso fosse necessário. Da mesma forma nunca me verão a maldizer do Fradique de Menezes. Eu trabalhei com ele durante seis anos e por outro lado, alguns factos condicionam as minhas atitudes. Primeiro, ele é Presidente da República e como tal, devo-lhe o devido respeito. Segundo, eu sou militar e Fradique de Menezes para além de Presidente da República, por inerência de Funções é também Comandante Supremo das Forças Armadas, por isso devo-lhe um respeito reforçado», explicou.
Victor Monteiro considera que não tem moral para falar mal do Chefe de Estado, ainda mais quando foi adversário de Fradique de Menezes nas eleições presidenciais de 2001, para depois lutar pela reeleição do actual presidente em 2006.
Sem abrir o jogo o tenente-coronel na reserva referiu que em São Tomé e Príncipe, «só és quando fazes e não és quando fizeste», precisou.
Outra revelação estranha feita pelo assessor exonerado tem a ver com o facto de não ter podido conversar com o Presidente da República há já bastante tempo. Antes mesmo de ter abandonado as fileiras do MDFM-PL. «Eu ainda não tive a oportunidade de conversar com o Presidente da República, pessoa que me convidou a militar no MDFM-PL. Já faz um bom bocado de tempo que não tenho tido essa possibilidade de conversa com ele. Nos últimos tempos tentei por duas vezes mas não consegui. Enfim», concluiu.
Abel Veiga