Política

“Em 2009 receio que teremos que atravessar o cabo das tormentas”

Um alertfradique-de-menezes.jpga lançado pelo Presidente da República Fradique de Menezes a todo o povo de São Tomé e Príncipe. O Chefe de Estado pede unidade de todos os são-tomenses, para enfrentar e vencer a crise económica e financeira mundial que deverá se agravar no ano novo. Fradique de Menezes apoia as políticas de aumento da produção alimentar, com destaque para os sectores da agricultura, pescas e pecuária, mas lança outros desafios ao governo no sentido de melhorar a qualidade de vida dos são-tomenses.

A perspectivar um ano difícil, Fradique de Menezes, fez as contas para minimizar o sofrimento dos são-tomenses que são forçados a viver no estrangeiro por razões de saúde, e outros que estão a estudar. Cálculos feitos, desafio lançado ao governo para encontrar soluções. «Preocupação profunda quanto a situação dos nossos doentes que beneficiaram da junta médica ao longo de vários anos e que se encontram a sobreviver no estrangeiro, sobretudo em Portugal onde o seu número ultrapassa oitocentas pessoas. Se tivéssemos que atribuir uma pensão de sobrevivência equivalente ao salário mínimo do país de acolhimento precisaríamos de mais de trezentos mil euros mensais, aproximadamente 6 biliões de dobras mensais. Quero ver um programa do governo para fazer face a este problema humanitário gravíssimo. O mesmo posso dizer relativamente aos estudantes bolseiros do estado são-tomense que não recebem pontualmente a sua magra bolsa», declarou o Chefe de Estado na mensagem a nação por ocasião do ano novo.

Missão complicada num ano que pode ser negro para São Tomé e Príncipe. Fradique de Menezes receia que 2009 traga tormentos para o arquipélago. Tudo por causa da crise económica e financeira mundial, que devasta o mundo e que poderá se complicar em 2009. «Em 2009 receio que teremos que atravessar o cabo das tormentas. Trata-se de uma das piores crises económicas dos últimos 100 anos a nível mundial. Somos dependentes da ajuda e assistência externas a vários níveis para fazer funcionar a economia, a administração pública, os cuidados de saúde, as instituições centrais do estado, as autarquias, a região autónoma do Príncipe, entre outros sectores da vida nacional. Espero que os nossos parceiros tradicionais não invoquem a crise mundial, para reduzirem a preciosa ajuda humanitária que nos têm proporcionado ao longo de décadas», apelou.

O Presidente da República só encontra saída para as consequências da crise se a não se unir. Se os são-tomenses abandonarem as inúteis disputas como as que marcaram 2008, se lançarem para trás «as costumeiras intrigas e panfletos», referiu o Chefe de Estado, e estenderem as mãos numa unidade nacional que tem força para vencer qualquer desafio. «Nos dias salpicados de crise que correm, torna-se imprescindível unirmos em torno da estrutura administrativa do país, do governo, deste actual e de qualquer outro que vier a sair das próximas eleições par exercitarmos e aprofundarmos a cultura de unidade essencial para a sobrevivência deste pequeno estado e da nação, num contexto global que se afigura no mínimo tumultuoso. Que cada um de nós se posicione como se a actual crise nos dissesse pessoalmente respeito, alterando em consequência a sua disposição e comportamentos para vencê-la. Esta postura é tanto revolucionária como indispensável para que toda a nação são-tomense se posicione com prontidão para participar na cruzada de 2009», sublinhou.

No balanço do ano findo, Fradique de Menezes, destacou o arranque da promoção do turismo no arquipélago protagonizado pelo Grupo Português Pestana, assim como o nascimento da companhia de bandeira nacional, a STP-Airways.

O esforço do tribunal para mudar a sua imagem mereceu comentários do Chefe de Estado. «Uma palavra de estímulo e de reconhecimento também para o órgão de soberania Tribunais. As informações que tenho dão-me conta de esforços sinceros par mudarem o panorama de descrédito da nossa justiça», pontuou, para depois indicar o escândalo financeiro do GGA actualmente em julgamento como sendo um momento crucial para provação da credibilidade dos tribunais são-tomenses. «Todos dizem que no julgamento do processo GGA a nossa justiça joga toda a sua credibilidade. Creio que toda a abordagem que fizesse neste momento acerca deste processo poderia ser mal interpretado. Limito-me como o resto dos cidadãos a aguardar pelo acórdão do tribunal e o seu trânsito em julgado, quando se tornar definitiva, irrecorrível e de cumprimento obrigatório», conclui.

Abel Veiga

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