O governo da Guiné Equatorial promete um acto eleitoral aberto, permitindo que todos os actores políticos tenham acesso permanente aos órgãos de comunicação social. Plácido Micó Abogo, secretário-geral do partido Convergência para a Democracia Social (CPDS), é o único adversário do Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo nas eleições do próximo dia 29 de Novembro.
Com 616 mil 459 habitantes, segundo as estimativas de 2008, a Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola que dependia da agricultura, é hoje o terceiro maior produtor de petróleo da África sub-sahariana. O produto interno bruto explodiu nos últimos anos, graças a exploração de petróleo, sendo o maior de todo o continente africano, 15 biliões 537 milhões de dólares. Posição financeira forte que destaca a Guiné Equatorial a nível da Comunidade dos Estados da África Central como a potência económica emergente.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, há mais de duas décadas no poder, após um golpe de estado, é o líder do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE). No próximo dia 26 de Novembro, o chefe de estado da Guiné Equatorial disputa a revalidação do mandato de 7 anos, com Plácido Micó Abogo, líder do partido Convergência para a Democracia Social (CPDS), na oposição.
Nos últimos tempos o governo da Guiné Equatorial, decidiu implementar uma política de reforma e de maior abertura democrática. O Chefe de Estado indultou a pena de prisão a dois mercenários estrangeiros que pretendiam destituí-lo do poder, através de golpe de estado.
Numa entrevista dada a imprensa em Washington, a embaixadora da Guiné Equatorial nos Estados Unidos de América, garantiu que o processo de reforma e abertura democrática vai ficar mais vincada no decorrer da campanha que já começou para as eleições presidenciais. «Como parte do nosso esforço para a reforma queremos assegurar que nesta campanha eleitoral todas as vozes serão ouvidas. Consideramos o acesso dos candidatos as eleições aos órfãos de comunicação social como factor importante neste processo de reforma», afirmou a embaixadora.
Talvez como prova de maior abertura da comunicação social, na promoção da liberdade de expressão na Guiné Equatorial, uma entrevista dada pelo candidato Plácido Micó Aboa uma televisão espanhola, foi retransmitida pela imprensa equato-guiniense.
Apesar de ser vizinho de São Tomé e Príncipe, as movimentações políticas na Guiné Equatorial não são conhecidas pela maioria dos são-tomenses. Pouca informação sobre o vizinho circula no arquipélago. Recentemente foi aberta uma ligação aérea semanal entre Malabo e São Tomé.
No entanto a Guiné Equatorial, afirmou-se nos últimos 5 anos e até 2008, como um dos principais doadores de São Tomé e Príncipe. Em 2008 ofertou ajuda alimentar e deu dinheiro num período crítico para o mercado nacional. No meio da Crise energética o país vizinho, ofertou a São Tomé, um gerador de electricidade cuja utilização pela empresa nacional de electricidade (EMAE) é desconhecida.
A Guiné Equatorial através do seu Presidente propôs a São Tomé e Príncipe a realização de projectos estruturantes para o desenvolvimento, nomeadamente a construção de um porto petrolífero na ilha do Príncipe, a reabilitação e ampliação do aeroporto da ilha do papagaio. Ambos os projectos acabaram por não serem realizados por recusa da parte são-tomense, mais concretamente do governho regional do Príncipe.
A intenção da Guiné Equatorial em reabilitar a estrada número 2 que liga cidade capital a Porto Alegre no sul da ilha de São Tomé, começou a ser materializada, mas também acabou por morrer. Sendo um dos países que mais cresce a nível económico na sub-região da África Central, e localizado tão perto de São Tomé e Príncipe, analistas em São Tomé, reconhecem que o arquipélago são-tomense apenas tem perdido oportunidades importantes de atracção de investimentos da maior economia da sub-região, adoptando numa espécie de política de auto-isolamento no Golfo da Guiné.
Abel Veiga