Política

“Nós não podemos ser a placa giratória de prestação de serviços na região do golfo da Guiné estando de costas viradas para a região”

ministro-negocios-estrangeiros.jpgAfirmação esclarecedora do Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Carlos Tiny. São Tomé e Príncipe quer se transformar numa placa giratória de prestação de serviços na região do Golfo da Guiné e da África Central, e por isso mesmo, garante o ministro, o país tem que desenvolver uma política de integração na sub-região.

Carlos Tiny, não tem dúvidas. Se São Tomé e Príncipe quer ser plataforma giratória de negócios no golfo da Guiné, «devemos integrar na região. Julgo que um vector fundamental da política externa são-tomense, deve ser a integração regional», assegurou.

Região rica em petróleo, onde se destacam Nigéria, Guiné Equatorial, Camarões, Gabão e Angola, o futuro diz que arquipélago são-tomense não poderá virar o rosto para destinos longínquos, e as costas viradas para os vizinhos. «Nós não podemos ser a placa giratória de prestação de serviços na região do golfo da Guiné estando de costas viradas para a região», confirmou o ministro.

Segundo Carlos Tiny, o governo tem trabalhado nesse sentido. Participou recentemente em Bruxelas numa reunião entre a União Europeia e a África Central, exactamente para debater a Integração Regional. «Somos observadores da CEMAC(comunidade económica e monetária da África Central). Por exemplo a entrada na CEMAC passa pelo mecanismo de adopção do Franco CFC. E nós fizemos uma opção que é a ancoragem ao EURO, isso por razões objectivas. 85% do nosso comércio externo faz-se pela zona euro. Mas isso não significa que nós não possamos entrar na CEMAC. Por exemplo a Inglaterra é membro da União Europeia mas não adoptou o euro como moeda mantém a libra. Portanto são todos esses mecanismos que estamos a estudar», salientou o ministro.

Estudo cuidadoso, porque a integração regional implica exigências, segundo Carlos Tiny, que São Tomé e Príncipe tem dificuldade de corresponder. «No nosso orçamento mais de ¾ das nossas receitas vêm das alfândegas. Uma integração que tem implicação de supressão de barreiras alfandegárias deve merecer estudo e estamos a trabalhar nesse sentido», reforçou.

Após a chegada ao poder do Primeiro-ministro Rafael Branco há cerca de 17 meses, as relações entre o arquipélago e os países da sub-região, excluindo Angola, parecem ter arrefecido. Em nenhum momento o Chefe do Governo visitou a Nigéria, a Guiné Equatorial, ou o Gabão, contrariamente ao que acontecia durante os mandatos dos ex-Primeiros Ministros Tomé Vera Cruz e Patrice Trovoada.

Questionado sobre o assunto, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, demonstrou que não é bem assim. Aliás segundo Carlos Tiny, «estamos a preparar uma visita oficial do Primeiro-ministro a Guiné Equatorial que por certo ocorrerá logo depois das eleições, para o reforço das relações. Sua excelência o Primeiro Ministro visitará ainda durante o seu mandato a Guiné Equatorial, e também a Nigéria com quem temos relações particulares, como sabe a zona de exploração conjunta. Ainda ontem (terça-feira), recebemos uma carta da Nigéria, convidando o Primeiro-ministro. Talvez ainda este ano o primeiro-ministro visitará a Nigéria. Portanto existe uma actividade diplomática intensa em relação a esta região», fundamentou o ministro.

Antes, Carlos Tiny explicou que o Presidente da República Fradique de Menezes, contactou com os seus homólogos dos dois países para viabilizarem a visita do Primeiro-ministro Rafael Branco.

Numa altura em que os países da sub-região do golfo, reforçam parcerias a nível económico e também a nível militar para garantir a segurança marítima da região, São Tomé e Príncipe, não quer ficar sozinho no golfo como um barco sem rumo.

Como prova do interesse nacional na paz, segurança e progresso da democracia na região, o Ministro Carlos Tiny, enalteceu a importância das eleições presidenciais que se realizam este domingo na Guiné Equatorial. «Seguimos com muito interesse e amizade o que se passa na República da Guiné Equatorial. Nós entendemos que a realização das eleições enquanto um factor que contribuiu para a evolução do país, para níveis mais elevados da democracia, nós desejamos que todo processo corra bem. Queremos reforçar os laços de colaboração com a Guiné Equatorial», concluiu.

O isolamento do arquipélago em relação aos vizinhos mais próximos diminuiu nos últimos anos, com a abertura de ligações aéreas para Malabo, capital da Guiné Equatorial, e para —- capital económica da Nigéria. Gabão é outro vizinho que tem ligação aérea semanal com São Tomé e Príncipe.

Abel Veiga

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