Política

Conflito Ucrânia e a Rússia – Pinto da Costa defende diálogo como solução

“As armas não vão resolver nada!… Vão complicar ainda mais a vida para ambas as partes – Palavras proferidas, em fevereiro passado, em Portugal, onde se encontra, desde há vários meses por razões de saúde.

“Invadir um país, eu sou contra! Condeno! Toda invasão a um país é condenável!” – Sublinha, no entanto, haver razões históricas, entre os dois países, que desconhece. Referindo, porém, que todo esse jogo da Ucrânia, de  apoio à Ucrânia, da guerra na Ucrânia,  também não me posso envolver nisso!… São questões de resultantes de interesses que não são os meus!… Não são do meu país!

Questionado sobre a posição de S. Tomé manter uma posição neutral, se considera que esta é a posição que o seu país deve manter, recordando-lhe que, ainda recentemente, o Embaixador da Federação Russa, foi ali recebido, frisou que condena a invasão e é pelo diálogo entre os dois.

Jorge Trabulo Marques (JTM) – Não é pelas armas?

Manuel Pinto da Costa (MPC) – Não!… Não! …As armas não vão resolver nada!… Tem que haver diálogo entre as partes!

Ainda longe de se conhecer a polémica, que. nos últimos dias,  tem marcado a imprensa internacional ocidental,  sobre as recentes posições de Lula da Silva, bem como das posições  de Brasília e Pequim defendendo que os diálogos e negociações pela paz são ‘única saída viável para crise” ,  já o co-fundador do MLSTP  e da nacionalidade santomense, o 1º Presidente de S. Tomé e Principereferia haver um grupo de países que podiam mediar o conflito, entre os quais o do atual presente do Brasil 

Esta é outra das passagens, que recordo  da interessante e honrosa entrevista,  que me concedeu, na visita de cortesia que tive oportunidade de lhe fazer, no intimidade acolhedora e discreta da residência de pessoa amiga, nos arredores de Lisboa, para me inteirar do seu estado de saúde e lhe  transmitir uma palavra amiga, de admiração e apoio, em cujo reencontro me apercebi do seu olhar atento sobre a situação do seu amado país, a que ainda não pôde voltar, visto, entretanto, ter tido algumas recaídas, pese a dedicada assistência que tem recebido do seu médico, o mesmo que o tem assistido desde há alguns anos atrás, quando vem a Portugal..

Como já tive ocasião de referir, foi um reencontro de simpatia e de cordialidade, muito restrito e pessoal, visto não ser seu intuito ter encontros com a imprensa, de carácter social ou político, senão os de assistência médica e pouco mais; oportunidade honrosa e amável, proporcionando uma troca de memórias de ambos  https://canoasdomar.blogspot.com/2023/02/ex-presidente-manuel-pinto-da-costa-em.html

Além de outras questões, a que já me referi, perguntei-lhe também o que achava do conflito Rússia -Ucrânia, reconhece que tem de se encontrar -a forma de se sentarem à mesa e discutirem- Considerando que não é com a guerra que se resolve o problema.

JTM – À pergunta se estaria disponível, se fosse convidado para intermediar o conflito, visto ser um observador atento e uma pessoa neutral, independente, de poder, de  algum modo, dar  o seu contributo para que, a Ucrânia e a Federação da Rússia, que, no fundo, são dois países com grandes afinidades históricas  e linguísticas pudessem estabelecer a paz? -agora que se aproxima, dia 24, um ano, sobre a invasão – Que palavras é que gostaria de transmitir?

MPC – “Tem que se chegar à conclusão de que, através da guerra, não se pode resolver absolutamente nada!…” Frisando que vão complicar ainda mais a vida para ambas as partes.

Têm que encontrar a fórmula de se assentarem à mesa para discutirem!…

Já tinha havido um acordo entre a Rússia e  a Ucrânia!… E esse acordo não foi devidamente cumprido!… Uma das exigências que se fazia é que, a Ucrânia, não podia entrar na Nato!…

E porquê?!…. A entrada da Ucrânia na Nato!… Levava preocupações de carácter estratégico para a Rússia!… 

(…) Mas de qualquer maneira não é através da guerra que se resolve o problema!…. É assentarem-se e resolver o problema!….

JTM – Acha, que, depois desta situação caótica, a que se chegou ainda  há possibilidades de se revolver o problema?!…

MPC – Tem que haver!… A guerra  não é solução!…

Há um grupo de países!… E,  entre eles ….gora, o Brasil, com Lula, que podem contribuir…

JTM  – Conhece Putin?…..

MPC – Não… Não conheço.

Manuel Pinto da Costa, nasceu no dia 5 de Agosto de 1937, em Água Grande. foi o primeiro Presidente de São Tomé e Príncipe.

Uma das distintas figuras, com quem tive a honra e a grata satisfação de dialogar, antes da independência de S. Tomé e Príncipe e de quem, com igual simpatia e cordialidade, me despedi ao deixar esta maravilhosa Ilha para tentar a travessia oceânica, numa frágil piroga, de S. Tomé ao Brasil – Mas só, 39 anos mais tarde, o poder voltar a reencontrar e abraçar, concedendo-me a honra e o prazer de me receber na sua residência oficial, no morro da Trindade – Gesto amigo e cordial, que muito me sensibilizou, de particular significado na minha vida profissional e do amor a uma terra, ao seu Povo, pacifico e generoso, a que me sinto ligado por laços de profundo afeto, como se fosse a terra onde nasci, como se fosse também um dos seus filhos.
Doutor em economia pela Faculdade de Berlim, antiga República Democrática Alemã, Manuel Pinto da Costa, membro fundador do Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe, primeira organização independentista são-tomense, acabou por ser figura de consenso no seio dos nacionalistas radicados no estrangeiro, para dirigir a nova organização política o MLSTP e consequentemente o novo país independente.

A sua influência na luta pela libertação de São Tomé e Príncipe começou a ser exercida ainda como estudante. Na década de 60 foi eleito secretário para informação e propaganda da União Geral dos Estudantes da África Negra, sedeada em Rabat Marrocos.

Foi presidente do seu país, de 1975 até 1991 e de 2011 até 2016.

Foi um dos primeiros líderes africanos a implementar reformas com vista a mudança do regime mono partidário para a democracia pluralista. Em 1989 sob Presidência de Pinto da Costa o povo foi chamado para referendar a nova constituição política.

Postado em  https://canoasdomar.blogspot.com/2023/04/conflito-ucrania-e-russia-ex-presidente.html

7 Comments

7 Comments

  1. Sem assunto

    18 de Abril de 2023 at 17:30

    ” já o co-fundador do MLSTP e da nacionalidade santomense”. És forte Tabulo. Definitivamente chegou a hora de dar nome ao bicho e chamar o bicho pelo seu próprio nome. Há muitos infiltrados nesta república, mormente Patricio Trovoada, gabonês, Filipe Nascimento, cabo-verdiano e por aí fora. Abaixo infiltrações, São Tomé e Príncipe é dos santomenses.

  2. Gentino Plama

    18 de Abril de 2023 at 19:02

    Não… Antes de falarmos do problema do outro, primeiramente, olhemos para as nossas estradas; as condições das casas que depreciam a cidade, as pontes que já não se estendem as margens. Porém, havia de fazer à autoanálise da sua ação como forma de apurar se o Srº Zé “ mulato” , jardineiro que tanto fez para que a praça tivesse o jardim, mas que, nada valeu, pelo facto, da sucessiva convocatória da população para ouvir o chefe, acabando por espezinhar o trabalho do incansável Zé na criação do Belo, razão pela qual, o jardim hoje, já era. Não foi ele um génio’

  3. Mepoçom

    18 de Abril de 2023 at 19:26

    Desejo rápidas melhoras ao senhor Presidente. Mas a verdade seja dita: este senhor não está a favor de resolução por vias de armas, mas sim, de diálogo,aceita-se. O que mais me surpreebdeu é saber que ele está cá em tratamento a morar numa residência discreta de uma pessoa amiga, e o seu estado de saúde não aconselha o regresso, pergunta-se: porquê todas essas clínicas privadas, nomeadamente “Ana Rita” e outras em detrimento de um serviço de saúde pública de qualidade? Porque não ficou lá para ser tratado nelas? Elas só servem para zé povinho gastar dinheiro que não tem em nome de serviço de saúde privada?

  4. Jorge Trabulo Marques

    19 de Abril de 2023 at 1:10

    Meu caloroso agradecimento, ao jornalista Abel Veiga, pela partilha das palavras de Manuel Pinto da Costa, figura de referência da fundação do nacionalismo São-Tomense, e também a grande figura histórica e emblemática da Presidência da República Democrática de S. Tomé e Príncipe.
    Aproveito para informar os leitores do Téla Nón, que , ontem, mesmo, dia 18, à noite, tive a reconfortante mensagem no nosso tão estimado Presidente (sim, enquanto Deus lhe der saúde, será sempre o símbolo da presidência do seu amado país) de que se encontra melhor de uma gripe, que lhe causou muito sofrimento, a juntar a outros problemas que o levaram a Portugal, tendo-me dito, que, dentro de dias, deverá regressar a S. Tomé para sua grande alegria e reconforto, pois, conquanto esteja arredado da politica ativa, nem por isso deixa de seguir atentamente a realidade do seu país. E, uma coisa, é o que se diz, o que se lê ou se ouve, outra é que os olhos podem ver no interior do espaço térreo onde nasceu, cresceu e pelo qual sempre se bateu.

  5. santomé cu plinxipe

    19 de Abril de 2023 at 7:54

    Obrigado sim senhor Presidente ….Os restantes não sei não………………….?

  6. Célio Afonso

    19 de Abril de 2023 at 8:54

    Antes de opinar sobre a terra dos outros, opine sobre a situação dramática que se vive neste momento em STP.
    Um país totalmente destruído pelas políticos.

  7. Gentino Plama

    19 de Abril de 2023 at 16:20

    Com o devido respeito e consideração pela pessoa, e o direito que lhe é consagrado, refiro ao direito de opinião, como qualquer cidadão. Faço recordar da contenda entre a China e o Vietname, em que, a China na altura, era um dos parceiros de Cooperação de São-Tomé e Príncipe, como referia a carta das Nações Unidas do art 435, mandada retirar de forma imediata e incondicional a China do Vietname. O referido artigo, terá sido lido pelo Manuel Vaz Afonso Fernandes, um dos elementos da cúpula do MLSTP na altura. Isso gerou incidente Diplomático, acabando a Chima, a retirada do País da sua representação Diplomática.
    Quem não se lembra? O que teria uma nação indefesa a envolver-se na política do outro? É necessário encontrarmos via para um São-Tomé e Príncipe melhor, e não, no estado em que se encontra, devido ao capricho de cada um. Tantos anos na Presidência, infraestrutura Hospitalar, não foi, nem se quer foi pensado que um dia viria à adoecer. O hospital Português é somente para dar cobertura ao seus cidadãos, e não, ao terceiro. A guerra da Ucrânia não nos interessa.

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