Opinião

João Bonfim e o II episodio de UMA LEITURA POSSÍVEL do cenario nas ilhas verdes

O que se verificou no nosso país é uma comportamento clássico em democracia, frequentemente saudável, em que umas forças políticas constituídas governo são substituídas por outras após um acto eleitoral. A ocorrência de tal processo não significa necessariamente que se esteja perante um acto de mudança política.

UMA LEITURA POSSÍVEL (II)

O que se verificou no nosso país é uma comportamento clássico em democracia, frequentemente saudável, em que umas forças políticas constituídas governo são substituídas por outras após um acto eleitoral. A ocorrência de tal processo não significa necessariamente que se esteja perante um acto de mudança política. Esta rotação de forças políticas com função governativa insere-se mais propriamente no quadro político denominado de alternância. Se não estou enganado, salvo em uma ou duas ocasiões o acto eleitoral não produziu no país uma alternância governativa que pode ser revelador de uma continua insatisfação dos problemas básicos.

No meu entender para se conformar um quadro como sendo o de mudança ter-se-ia de registar alterações profundas, anunciadas ou ocorridas, da estrutura organizativa ou tão simplesmente de processos e procedimentos que introduzam nas rotinas comportamentos de ruptura com o passado. Uma tal situação verificou-se de facto no país em 1991 em que à modificação do regime de organização do Estado baseado, entre outros, na livre escolha de propostas partidárias concorrentes, o multipartidarismo, se acrescentou uma substituição das forças dominantes.

Descontando outras leituras, porventura mais facciosistas sobre a política local, a verdade é que decorrendo obviamente das mudanças próprias do regime e do sistema político e depois dos estilos e dos princípios orientadores dos novos poderes, a prática política no país conheceu transformações muito significativas. Até porque o escrutínio a que passou a ser sujeito o poder não tinha paralelo com o passado.

A debilidade geral que tem conhecido o debate político no país pode ser o responsável pelo facto dos partidos políticos incluindo o partido vencedor destas eleições não ter clarificado o suficiente o seu programa de actuação de modo a poder-se concluir com antecipação que se pode estar perante uma situação de mudança que não sendo, claro, das estruturas teria de ser de políticas. Porém, esse juízo pode vir a ser feito com o evoluir da acção do governo se se verificar que o mesmo introduz nas suas rotinas procedimentos a que não se estava habituado com produção de efeitos positivamente reformadores no modo de estar, de sentir e de perceber o dia-a-dia.

Compreende-se a necessidade de se se agarrar à crenças como forma de se suportar as agruras do quotidiano. Porém, mesmo que se queira ser muito generoso ainda não se pode, perante um quadro tão insuficientemente definido, elevar as expectativas e entrar num clima de euforia porque a não se concretizar esse desejo de mudança efectiva pode ser maior a desilusão e agravar-se-á a descrença na vida pública. Convém não esquecer que o partido mais votado, mesmo não tendo um papel dominante, já esteve integrado em várias soluções governativas donde não seja legitimo que se espere uma revolução nos seus processos.

 Por enquanto, está apenas consumada uma alternância que indica bem que o eleitorado tem a capacidade de saber julgar e não é meigo na punição das práticas que forem por si consideradas como sendo inapropriadas ou más.

João Bonfim

14 Comments

14 Comments

  1. sydnei

    2 de Setembro de 2010 at 12:27

    meu carro amigo ..comcordo com tigo em algum pontos
    mas quando fala em generozidade..
    n sei que sabe em stp todos nos somos generoso…
    mas por tudo força ..

  2. Nascimento

    2 de Setembro de 2010 at 15:56

    que coisa

  3. E.Santos

    2 de Setembro de 2010 at 16:23

    Acho que o Sr. não percebeu, que o ADI que se apresentou ao eitorado, e no qual este depositou confiança é um ADI rejuvenescido.

    A 1.ª parte do processo foi dar um voto de confiança de que este pode de facto fazer melhor do que se fez até hoje. Isto, se não cometer o mesmo erro que o PCD cometeu e 1991 em que, muito bem, mudou a política, mas ao mesmo tempo mudou o país para pior. Muito pior.

    Muitos de nós ainda se lembra da “pilhagem” aos bens do estado que ocorreu no pós eleição de 1991. E de lá para cá, as artemanhas que se fizeram quando se escondiam ou destruiam projectos, mudavam as contas de uns ministérios para outros para continuarem a “gerir” os dinheiros do estado, a postura do salve-se quem puder e eu estou lá para safar minha vida que se instalou.

    Por isso, esta euforia é compreensível. O ser humano tem esperanças, cai mas tem de se levantar e continuar a batalha.

    Isto para dizer, que quer no país, quer na diáspora os STP estão atentos e logo logo vão começar a cobrar trabalho feito ao novo governo.

    Tudo ao seu tempo, meu senhor.

    Acho o seu contributo válido, mas sinceramente seria melhor endereça-lo ao PCD e corrir os vossos erros do passado. Dando mostras de uma oposição madura e responsável.

    Porque o povo está de olho na oposição oportunista também…..

    • António Veiga Costa

      2 de Setembro de 2010 at 22:54

      Amigo, endosso suas palavras.
      Penso que seria mais oportuno, o Sr Bomfim dirigir seus diagnósticos ao PCD, que passa por momento interno bem difícil.
      Terá muito material para analisar.
      Boa noite.

    • Serafim Assuncao

      4 de Setembro de 2010 at 18:28

      Meus caros compatriotas,

      E a primeira que escrevo neste espaco muito util que Tela Nom nos proporcionou. E escrevo porque, ja nao aguentava ler tanta asneiras que muito dos habituais utilizados do espaco tem escrito. E verdade que estamos num estado de direito democratico mas, nota’se uma horrorosa ausencia de cultura democratica em muita gente. Pior,uma gritante incapacidade para sustentar com contrapropostas, sugestoes, ideias e opinioes, as suas revoltas e seus desacordos. Essa incompetencia e tao gritante que deixa transparecer frustacao, derrota e ate ªue chaª. Criticam, falam tanto do passado, quando menos bom, mas no fim nao dizem nada, melhor, percebe’se que ficam a rir das suas proporias insuficencias intelectuais, politicas, tecnicas e cientificas. Porque se tivessem confianca naquilo que dizem, dariam as, escreveriam opinioes e analises sobre os variados temas que (in)felizmente os nossos politicos nao se fazem de rogados para suscitar. Parabens Dr. Joao Bonfim pela leitura sabia e pedagogica que fez.

      Serafim

  4. hugo

    2 de Setembro de 2010 at 17:23

    Nada disso,

  5. Tomé Nado

    2 de Setembro de 2010 at 22:07

    Que coisa sr. professor! O sr abandonou o PCD e agora distante começa a derramar lágrimas de crocodilos? Venha cá treinar-nos e comer a nossa fruta-pão com bunzio e beber um bom vinho da palma, em vez de querer passar-se por analista político e jornalista. Ponha os seus pés na terra!

  6. M.Torres

    3 de Setembro de 2010 at 19:51

    Meus carros acho que devemos deichar de emoções e analizar e seguir implementações positivas politica social e economicamente corretas com resultados a curto medio e longo prazo… Vamos refletir um pouco…

    Quem era o Presidente da Republica nos anos 90? R… MCLT. Quem era o seu assessor? R… Actual Primeiro Ministro PET.
    Quem tinha mais poderes, Governo ou Presidente da Republica? R…PR.
    Quantas vezes destituiu o Governo?… R…2 Xs Apartir de que foi criado o ADI… R… PCD,CODO.

    O futuro faz-se reparando no passado trabalhando no presente e projectando o futuro, sem emoção mas sim com empenho…
    STP é de todos e todos devem contribuir e náo limitar-se a ver a cauda do Vizinho porque se todos somos macacos pelomenos uma cauda cortada temos façam uma autobiografia pessoal sem esconder nada… E VAIS VER QUE ATÉ VOCÈ PRECIZA CORRIGIR MUITAS COISAS.

    mUITOS URINAM NA RUA, MUITOS DE DIA SÃO CANDOGEUIROS E ANOITE ROUBAM,OUTROS NÃO TOLERAM O COMPANHEIRO, NÃO APOIAM OS SEUS PAIS ,IRMAOS MESMO TENDO RECURSOS,UNS FALAM PALAVRÕES NA RUA,ABUSAM DE POLICIA ATIRAM LIXO NA RUA, SO PENSAM EM DISCOTECAS E VIDA FACIL, ENGANA FILHA DE CADA UM NÃO ASSUMEM RESPONSABILIDADES, NÃO ESTUDAM, NÃO TEM ARTES E FALAM MAIS DO QUE FAZER… VEJA SE ALGUMA COISA DESTA NÃO COINSIDE COM O QUE FAZES OU FIZESTE E ESTA FAZENDO NA VIDA… PENSE E MELHORE A SUA CONDUTA… DEIXE DE FALAR NO VAZIO TRAGA SOLUÇÕES AO PAIZ

  7. Jose Ribeiro (Zeca ou Tayta)

    4 de Setembro de 2010 at 11:56

    Interessante opinão! Falta uma outra LEITURA de outros quadros experientes tais como o Prof. Dr. Manuel Vaz, da Universidade Agostinho Neto em Angola…só para confrontar e amadurecer ainda mais estas aptências à análises aprofundadas da realdade politica deste arquipélago do Golfo da Guiné, pais membro da UA e da ONU.

  8. jacaré

    4 de Setembro de 2010 at 15:13

    Os meus comentários têm sido censurados. Qual é a razão?
    Jacaré

  9. Serafim Assuncao

    4 de Setembro de 2010 at 18:32

    Meus caros compatriotas,

    E a primeira vez que escrevo neste espaco muito util que Tela Nom nos proporcionou. E escrevo porque, ja nao aguentava mais ler tantas asneiras que muitos dos habituais utilizadores do espaco tem escrito. E verdade que estamos num estado de direito democratico mas, nota’se uma horrorosa ausencia de cultura democratica em muita gente. Pior,uma gritante incapacidade para sustentar com contrapropostas, sugestoes, ideias e opinioes, as suas revoltas e seus desacordos. Essa incompetencia e tao gritante que deixa transparecer frustacao, derrota e ate ªue chaª. Criticam, falam tanto do passado, quando menos bom, mas no fim nao dizem nada, melhor, percebe’se que ficam a rir das suas proporias insuficencias intelectuais, politicas, tecnicas e cientificas. Porque se tivessem confianca naquilo que dizem, dariam as caras, escreveriam opinioes e analises sobre os variados temas que (in)felizmente os nossos politicos nao se fazem de rogados para suscitar. Parabens Dr. Joao Bonfim pela leitura sabia e pedagogica que fez das derradeiras eleicoes.

    Serafim

  10. elisa

    5 de Setembro de 2010 at 5:55

    concordo com tudo que disse o senhor joao bonfim…afinal familia de cranios é assim mesmo…rsrsrsrs…n importa onde esteja,o importante é o carinho e o respeito que tem e teve em todos os momentos pelo seu pais, sua patria, mesmo estando perto ou longe…
    força tio..nós te admiramos e muito…lol

  11. Jeka

    5 de Setembro de 2010 at 8:37

    Todos os artigos, comentarios e opinioes aqui expressos devem reflectir o lado mais tolerante do nosso ser. Aceitemos as opinioes de uns e outros, desde que apresentadas com respeito, urbanidade e civilizadamente. Devemo-nos sentir livres, mas responsaveis, quando fazemos os nossos comentarios e nao se esquecam que nem sempre foi possivel exercer esse direito. Se hoje e possivel foi um conquista da democracia. A democracia deve ser preservada e para isso temos que interiorizar alguns principios basicos, tais como, o respeito pela opiniao contraria, a humildade, a justica, a honestidade, etc..

    A liberdade e a democracia sao como o amor. Exigem atencao, dedicacao e respeito mutuo.

    Bem haja.

    Jeka.

  12. Jeka

    5 de Setembro de 2010 at 8:41

    Leia-se: ” …/… foi uma conquista da democracia…/…”

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