A Directora Financeira da Empresa Genoveva Salvaterra e o Director do departamento de electricidade jacinto Rebelo, são os nomes que chegaram a redacção do Téla Nón como sendo alvos a abater. E quem exige o abate de tais responsáveis são os trabalhadores. Reunidos em Assembleia, os trabalhadores da EMAE, dizem que estão a ser muito mal tratados pelos consumidores, mas não têm qualquer culpa. Consideram que o caos reina na empresa, onde falta tudo. Nem materiais para reparação de avarias existem no stock da empresa. Os trabalhadores exigem que o Primeiro-ministro diga claramente o que pretende com a EMAE, uma vez que o nível de degradação é insuportável. Para já exigem da demissão dos membros da direcção.
A empresa que tem agudizado a crise económica e social no país, porque não tem conseguido produzir electricidade para alimentar o desenvolvimento, enfrenta agora uma espécie de rebelião interna. Os trabalhadores consideram que a situação da empresa é insustentável. Não consegue garantir o abastecimento de electricidade, devido a má gestão que se operou durante vários anos, e são os trabalhadores que muitas vezes pagam caro, devido a fúria dos consumidores. «É gritante o que passamos com os consumidores. Eles nos tratam mal. Queremos então alguém que melhore a situação», afirmou Sebastião Gomes, um dos responsáveis do sindicato.
Durante a Assembleia o Téla Nón registou várias críticas em torno do fosso salarial que existe na empresa. Segundo os trabalhadores, há pessoas que ganham 1 milhão de dobras por mês, cerca de 40 euros, e há outros que ganham 60, 70 milhões por mês mais de 3 mil euros.
Uma disparidade salarial que tem a ver com a má gestão da empresa. «Tem havido sucessivas direcções, junto com sucessivos governos. Essas sucessivas políticas têm levado a empresa a falência», assegurou o responsável sindical.
O estado degradante da empresa é outro motivo da revolta. «Não temos nenhum automóvel. No nosso armazém não temos stocks de materiais para tratar das avarias que ocorrem. Houve um vendaval e ficamos de braços cruzados, sem meios para tratar das avarias tendo deixado grande parte do país as escuras. Porque é que o governo não esclarece de facto o que é que quer com a EMAE?», interrogou, Sebastião Gomes.
O que mais incomoda o sindicato é o facto de o governo estar a preparar mais um licenciamento dos trabalhadores como forma de reduzir os custos de produção. «Estão a defender o licenciamento como uma das saídas para a situação», precisou. Daí a fúria dos trabalhadores que dizem não serem eles a causa da desgraça financeira da empresa estatal.
Por isso mesmo antes da direcção da empresa começar a manda-los para o desemprego, decidiram unir forças para decapitar a administração da EMAE. «O Primeiro-ministro num encontro connosco disse que tudo faria para resolver o problema e não é isso que acontece», reclamou.
Os trabalhadores dizem que a EMAE é uma empresa onde as pessoas que cometem atrocidades financeiras, ficam simplesmente impunes.
Abel Veiga