Sociedade

O são-tomense emigra mais hoje porque sente hoje mais dificuldades

O Centro Culturviajantes.jpgal Português acolheu esta semana um ciclo de conferências subordinado ao tema “Emigração e Desenvolvimento”. O evento visava debater a temática da emigração e as consequências que tem para o desenvolvimento do país. Nesta conferência foram abordados dois temas: Emigração em S.Tomé e Príncipe: perspectivas de um fenómeno actual e “Emigrar com sucesso em STP. Segundo a organização são temas da actualidade e que devem constituir preocupação para todos, inclusive para organizações não governamentais.

O sociólogo, Danilson Cotu, que abordou o tema “Emigração em STP: perspectivas de um fenómeno actual, considera que a perspectiva para a emigração no país passa pela existência de políticas direccionadas à emigração. Neste âmbito “é importante que os santomenses que saem em busca de melhores condições, ou por qualquer outra razão, não se sintam desamparados no país de acolhimento. Esta é uma condição importante porque sem ela nós não poderemos de forma alguma falar da emigração”, realçou.

Durante os debates falou-se das contribuições dos emigrantes cabo-verdianos. “Nós percebemos que hoje os emigrantes cabo-verdianos chegaram a este ponto porque há uma organização, quer em termos do próprio país, como no seio da própria comunidade fora de Cabo Verde. Esse ponto é que nós esperamos um dia os emigrantes santomenses consigam atingir”, avançou Danilson Cotu.

Segundo o tenente-coronel, Paquete de Sousa, que por sinal é director dos Serviços de Migração e Fronteira, para “Emigrar com Sucesso em STP”, é necessário a colaboração de todos. “A colaboração deve ser feita através de diálogos com ideias bem expressas e precisas e partir para um diálogo onde se possa de forma livre ir em busca do consenso dos problemas onde não houver conflitos e reforçá-los quando são de consenso. É necessário nós darmos o nosso contributo para despertar no governo o interesse necessário e indispensável para dar atendimento as nossas comunidades, quer no país como no estrangeiro”, sublinhou.

Para a professora Isaura Carvalho que participou nesta conferência, “cada vez emigra-se mais e há mais santomenses com vontade de deixar o país e ir a procura de outras paragens e com certeza há um fundamento para que haja esta procura de outros países em detrimento do nosso. É sempre bom reflectirmos sobre este fenómeno de fuga de quadros. Foi pena que não estivesse aqui pessoas ligadas a estas áreas, as entidades oficiais, porque é uma questão preocupante e a todos nós diz respeito. Algo vai mal no país para querer deixá-lo, sendo ele tão bonito”, avançou.

Segundo ainda Isaura Carvalho as dificuldades económicas levam os santomenses a emigrarem cada vez mais. “O indivíduo quando emigra, não emigra porque está zangado com o país, ele emigra porque tem necessidade de ir a procura de outros meios que o levem a melhorar a sua qualidade de vida. Naturalmente o santomense se emigra mais hoje é porque hoje sente mais dificuldades e tem esperanças que noutro espaço consiga encontrar aquilo que lhe faz falta, que é uma forma de poder sobreviver mais dignamente”, realçou.

Esta conferência foi organizada pela ONG – Leigos para o Desenvolvimento em parceria com o Instituto Diocesano de Formação João Paulo II e surge no quadro do XIX Fórum para o Desenvolvimento.

Fernando Ramos

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