Tradicionalmente os habitantes da ilha do Príncipe, beneficiam de tarifas mais baixas, na viagem aérea para São Tomé, enquanto que os habitantes de São Tomé suportam taxas mais elevadas quando visitam Príncipe. Nas últimas semanas o fluxo de voos semanais inter-ilhas aumentou para 3. Mas o preço do bilhete para os habitantes do Príncipe subiu para 3 milhões de dobras, cerca 150 euros. A Assembleia da Região Autónoma, órgão representativo do povo do Príncipe, já veio reclamar que o povo não está a aguentar, e que a ilha está a ficar mais isolada.
Para uma ilha onde a maioria da população aufere salários inferiores a 1 milhão de dobras mensais, e compra tudo a preços três vezes maior que os praticados em São Tomé, viajar para a ilha maior por via aérea é praticamente impossível.
São necessários 3 milhões de dobras, cerca de 150 euros para viajar para São Tomé, mesmo tratando-se de uma situação de emergência, nomeadamente doença. «São montantes impossíveis de serem praticados entre São Tomé e Príncipe. A ligação entre as ilhas é um dever do estado garantir uma ligação regular entre as ilhas. E quando o estado mantém impávido e sereno perante aumentos sucessivos de bilhetes de passagem de avião, começamos a ficar preocupados», reclamou em declarações a imprensa regional, o Presidente da Assembleia do Príncipe, Nestor Umbelina.
Desta forma os três voos semanais, sendo dois da empresa privada holandesa e um da STP-Airways, não trouxeram qualquer melhoria para a população da ilha, que continua a ter como único recurso a arriscada via marítima que já ceifou tantas vidas. «A nossa população viaja normalmente num barco sem condições. Deitam no chão junto com porcos, cabras e fardos de peixe», afirmou, Nestor Umbelina, tendo realçado também a falta de segurança nas embarcações que transportam gente e carga entre as duas ilhas.
O Presidente da Assembleia Regional do Príncipe, Nestor Umbelina, apontou outro aspecto que confirma o isolamento do Príncipe.
Trata-se da participação do país no festival pan-africano em Argel. O arquipélago fez-se representar por 60 pessoas, nenhuma da ilha do Príncipe. «O Príncipe também faz parte da cultura são-tomense. Porque é que não foi nenhum elemento do Príncipe. Definitivamente somos cidadãos da terceira do estado são-tomense. Neste momento está escalonado o nível da cidadania dos são-tomenses, e nós de certeza estamos na terceira posição», concluiu.
Voz de protesto da ilha do Príncipe, ilha que se sente marginalizada pela sua irmã maior, São Tomé.
Abel Veiga