A crise cíclica de energia eléctrica terminou. O fecho do ciclo que dura bastante tempo e que se tornou insuportável nos últimos 12 meses aconteceu na manhã de Domingo. Fogo deflagrou-se nos alternadores de dois grupos de geradores, na central térmica de São Tomé. Com as duas unidades inutilizadas, a empresa que alimentava a crise cíclica de energia com base numa produção de 13,7 mega watts de corrente eléctrica, só consegue agora garantir 5 mega watts. O ciclo da crise marcado pelo fornecimento de energia a população 1 dia sim, dois dias não, acabou. Acabou porque doravante a EMAE, simplesmente vai deixar a maior parte da população sem hipóteses de ver a luz eléctrica e por tempo indeterminado.
O fogo que deflagrou na manhã de domingo, na central térmica de São Tomé, mesmo ao lado do antigo edifício do comando geral da polícia nacional, danificou dois geradores, e deixou os habitantes do bairro da polícia nacional em pânico. As pessoas temiam que o fogo atingisse os depósitos de combustíveis da empresa de electricidade.
O técnico da EMAE, que estava de serviço e que detectou o fogo nos alternadores dos geradores, desconhece a origem do incêndio. Disse a imprensa que apenas reagiu lançando água para tentar matar a fúria do fogo. A corporação de bombeiros, foi chamada de urgência, graças aos motoqueiros, que segundo a reportagem da TVS, foram os que pediram socorro ao comando dos bombeiros, uma vez que o sistema de comunicações do quartel das tropas da paz, não funciona sem electricidade. Portanto como não havia energia, os bombeiros estavam incontctáveis. Um pormenor que exige reflexão.
O país que segundo estimativas do ministério dos recursos naturais e energia, precisa no mínimo de 30 mega watts de electricidade para minimizar as carências, estava a produzir até domingo apenas 13,7 mega watts. 1 dia sim, 2 dias não, foi o sistema de distribuição de electricidade que a empresa EMAE, adoptou para todo o território nacional. Por exemplo a zona que hoje tem luz, sabia que amanhã e depois de amanhã não teria.
Um ciclo de crise, que chegou ao fim este domingo após o incêndio na central térmica. O Governo do Primeiro-ministro Rafael Branco, que há mais de um ano tem assistido a degradação progressiva da situação energética no país, reuniu-se de emergência no domingo, para depois anunciar, que a EMAE que já não atendia as necessidades da população, viu a sua fraqueza energética baixar em mais de metade. Ou seja de 13,7 mega watts para apenas 5 mega watts. «É preciso dizer que de uma capacidade instalada de 13,7 mega watts, nós reduzimos drasticamente para metade, ou seja neste momento temos cerca de 5 mega watts», afirmou o porta-voz do conselho de ministros.
As palavras do governo pela voz do seu porta-voz e ministro da Justiça e dos Assuntos Parlamentares, Justino Veiga, provaram que a crise cíclica a que os são-tomenses estavam habituados tinha terminado. O presente e o futuro deverá ser simplesmente de total ausência de energia eléctrica.
Como se não bastasse o governo veio a praça pública de viva voz, anunciar que a sua política de reestruturação da empresa de electricidade, foi um autêntico fracasso. Muito dinheiro gasto, para nada. «Este governo desde a sua entrada em funções até este momento em termos de dívidas, mobilização de ajuda internacional e investimentos, investiu na EMAE valor superior a 10 milhões de dólares, sem que esse investimento tivesse tido nenhuma correspondência em termos de resultados, pelo contrário prevalecem na EMAE, omissões negligencias, irregularidades que tem concorrido juntamente com as deficiências técnicas para agravar continuamente a situação energética do país», declarou o porta-voz do governo.
Sobre as cinzas da EMAE, empresa que conheceu múltiplas direcções, diversas injecções de capital, dezenas de planos de saneamento financeiro e de reestruturação, mas também palco de muitos casos de corrupção financeira sem devido esclarecimento judicial, o governo anuncia ao que tudo indica pela milésima vez, que decidiu «tornar público nos próximos dias medidas profundas de reestruturação da EMAE».
A Ministra dos Recursos Naturais e Energia, Cristina Dias, que visitou as instalações da central térmica, aproveitou para dizer que o que aconteceu era previsível. «Sabemos há muito tempo, que isto aqui a qualquer momento ia parar, porque as horas de manutenção não foram respeitadas, a mudança das peças e tudo isso», confessou Cristina Dias.
Mesmo assim o executivo de Rafael Branco, lançou palavras de conforto a população. O conselho de ministros pediu que a população tenha, PACIÊNCIA E QUE SE INVISTA DO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO E DE COMPREENSÃO.
Note-se que o problema de energia eléctrica, já provocou este ano uma revolta popular na cidade da Trindade.
Abel Veiga