Foi inaugurado o Projecto “Voador Panhá” – Centro Turístico de Pesca Artesanal – no sábado passado, em São João dos Angolares. O Centro pretende gerar emprego para um grupo de jovens, privilegiando uma perspectiva de interacção entre o turismo e a pesca artesanal.
Este projecto nasceu em 2008 com o apoio da AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento) e a colaboração da Câmara Distrital de Caué, da Associação ROÇAMUNDO e da Roça São João.
A Presidente da Associação ROÇAMUNDO, Isaura Carvalho, disse que a inauguração foi excelente e que correspondeu às suas expectativas. Frisou ainda que o próximo passo, que é também a maior preocupação da associação, é fazer com que o centro seja um espaço que produza renda para os seus beneficiários e que consiga ser auto-sustentável.
“Temos outros projectos paralelos a este. Transformar o cais dos Angolares num espaço mais aprazível, recuperando outras ruínas e dando-lhes funcionalidade. Para já gostaríamos muito de recuperar a ruína que está próxima do centro, para se fazer um espaço de escultura em madeira, pois é umas das principais matérias-primas de Angolares.” – afirmou Isaura Carvalho.
A professora e investigadora acrescentou que a Associação também ambiciona abrir um espaço para outros tipos de materiais, como por exemplo, a pedra e o osso, no intuito de facultar um espaço aos artistas. “Nós temos outro projecto que vai começar no próximo ano que é a recuperação da Praça dos Angolares, com uma componente também de serviços para jovens, que acho que será muito bom, visto que a maior parte da população dos Angolares é jovem.”
O Centro Turístico Comunitário de Pesca Artesanal desenvolve actividades e presta serviços tais como: pesca à linha, pesca à cana, pesca de plaquini, pesca de corrida, pesca do voador panhá, pesca de com-com e pesca de fundo, observação de espécies marinhas, venda de pescado, serviço de bar, etc.
O Assessor do Presidente da Câmara Distrital de Caué, Elísio Camblé, disse ao Téla Nón que o “Voador Panhá” é uma mais valia para o distrito de Caué e para o país inteiro. Uma vez que, esta é a primeira infra-estrutura do género a nível nacional, um centro turístico de pesca artesanal. “Há 4 áreas que o recente Plano de Desenvolvimento teve em consideração: o turismo, a agricultura, a pesca e a pecuária. Quando este centro combina 2 das 4 principais potencialidades do distrito, já é meio caminho andando para aquilo que poderá ser no futuro, o distrito de Caué, em particular Angolares.”
Camblé declarou que a Câmara pretende alterar o modo como o distrito de Caué é visto, isto é, como o mais pobre do país.
A representante da AECID, Laura Valverde, disse que o projecto está muito bem feito e que a infra-estrutura ficou muito bem reabilitada. A AECID, que acompanhou todo o processo desde o início, ficou particularmente impressionada com o modo como os jovens foram envolvidos no projecto. E considera que foi fundamental para o sucesso do “Voador Panhá”. Laura Valverde assegurou que caso o projecto cresça e crie mais actividades, que terá todo o apoio da AECID.
João Carlos Silva da Roça São João dos Angolares, disse ao Téla Nón que a Roça São João é um projecto integrado de desenvolvimento, funcionando com um olhar transversal sobre o território da Roça, a nível da agricultura, da pecuária, recuperação do património, de preocupações a nível ambiental, da educação não formal, da educação artística, de apoio a projectos culturais e turismo.
“A Roça São João ganhou asas e criou a associação ROÇAMUNDO para voar um pouco mais longe, ou seja, interagir com a comunidade que a circunda, Angolares. O “Voador Panhá” é prova disso. Isto é, a Roça São João acaba por através da Associação ROÇAMUNDO, cuja ideia é roçar o local com o olhar do mundo, interagir com a comunidade e sair das suas portas para estar dentro e junto da comunidade. E este projecto vai vingar porque é feito com e não apenas para.” – acentuou o apresentador de “Na Roça com os Tachos”.
Outro aspecto do projecto foi o envolvimento de uma voluntária. Ticiana Viseu, de nacionalidade portuguesa, veio para São Tomé ajudar a Associação ROÇAMUNDO e contou ao Téla Nón sobre esta experiência. “A minha experiência como voluntária no Projecto “Voador Panhá” foi boa, mas muito curta. Eu vou cá estar 6 meses mas com eles só estou há 3 semanas. Estas semanas foram muito intensas, trabalhou-se muito e com muitas dificuldades. Mas para mim foi muito gratificante e acho que se conseguiu uma obra boa.”
O Centro Turístico de Pesca Artesanal trouxe também esperança aos pescadores dos Angolares. Adriano do Espírito Santo, de 29 anos, é um deles. O pescador espera que o “Voador Panhá” disponibilize meios para socorrer os pescadores caso seja necessário e que o centro seja também um ponto de compra e venda de peixe.
Katya Aragão