No centro da ilha formosa, (Taiwan), no círculo pertencente a terceira capital do país, Taichung uma pequena comunidade agrícola foi berço do terramoto mais devastador da história de Taiwan. Aconteceu em Setembro de 1999. A aldeia de Se Shui com 60 hectares foi o epicentro do sismo de 7.3 na escala de richter, ficou arrasada. 10 anos depois o homem taiwanês transformou a desgraça de 1999 numa oportunidade de desenvolvimento. Se Shui está recomposta, e mais desenvolvida do que antes do tremor de terra.
Shun – Yuan Lu(na foto), é agricultor da aldeia de Se Shui, que em Setembro de 1999 foi o epicentro do terramoto, que matou 2415 pessoas, em todo o território taiwanês. Na porta de entrada da comunidade, Shun – Yuan Lu, recebeu com sorriso a equipa da imprensa são-tomense.
Começou por mostrar as novas residências, nascidas do pó do terramoto de 1999. Até antes do tremor de terra as casas eram feitas com tijolos de barro. Eram casas pequenas explicou o guia que também é agricultor. O sismo de magnitude 7.3, que começou na comunidade de Se Shui para depois se estender a todo o país, não matou ninguém na aldeia. Os cerca de 300 habitantes saíram ilesos no entanto ficaram sem tecto. As casas de tijolo de barro mais de 5 dezenas transformaram-se em pó.
Dez anos depois, os habitantes da aldeia que viviam da produção do chá, ao invés do desânimo ou da descrença no futuro, acabaram por encontrar na desgraça causada pelo terramoto, motivos de inspiração para a vida e para o desenvolvimento.
Com apoio do Governo as pequenas casas de tijolo de barro que evidenciavam a pobreza na aldeia, e que foram engolidas pelo sismo de Setembro de 1999, deram lugar a residências modernas. Construídas com base em técnicas que dão solidez aos edifícios em caso de tremor de terra. As novas residências de Se Shui, estão alicerçadas em bases metálicas, capazes de resistir a um abalo sísmico de intensidade 8 na escala de richiter.
Shun – Yuan Lu, explicou ao Téla Nón que as novas residências não são donativo do governo. Mas sim, resultam de uma parceria entre o estado e a comunidade. O estado entrou com uma parte de financiamento, e a outra é assegurada pelos agricultores através de empréstimos bancários.
Para além da melhoria das condições habitacionais, os agricultores, reunidos em cooperativa, descobriram no pó que restou do terramoto, o caminho para desenvolver o turismo rural. Antes dependentes da cultura do Chá, os agricultores da aldeia têm hoje a actividade turística em torno da região como a principal fonte de rendimento.
Várias residenciais, pequenas unidades hoteleiras, foram construídas pela própria cooperativa dos agricultores. Turistas não faltam em Se Shui. «O terramoto acabou por promover o turismo aqui nesta comunidade. Acho que sem o terramoto esta região não despertaria tanta atenção dos visitantes», declarou Shun – Yuan Lu.
A cooperativa cujos membros vivem actualmente melhor que antes da catástrofe natural, faz a manutenção da vida saudável que se tem em Se Shui. São os moradores da Aldeia que fazem a limpeza de toda a zona. Um pedaço de terra cercado por montanhas, um espaço de cultivo de chá e café, onde o turista deleita em paz, desfruta do sossego gerado pela natureza, e confere as histórias do terramoto violento de 1999.
No meio de várias adversidades naturais, com terramotos periódicos, aluimentos de terra ocasionais, e outras situações difíceis, a ilha formosa- Taiwan, continua a crescer é um dos países mais desenvolvidos do continente asiático, faz parte dos chamados Tigres Asiáticos, ou seja, países emergentes e que demonstram força competitiva no mercado internacional.
Tudo conseguido graças a um povo de trabalho, que acredita, que confiança em si mesmo, independentemente das adversidades que a natureza coloca na sua caminhada para o progresso.
A imprensa são-tomense, (Rádio Jubilar, TVS e Téla Nón), presentes em Se Shui, registaram a força da determinação dos Taiwaneses na luta pelo progresso. Uma força que nada consegue travar. Faz recordar o slogan dos primeiros anos de São Tomé e Príncipe como país independente “Povo Unido Jamais Será Vencido”.
Abel Veiga