Sociedade

Príncipe enfrenta desde Dezembro de 2009 bloqueio económico e comercial

pontao-do-principe.jpgO bloqueio a ilha do papagaio foi imposto por um acidente, previsível, segundo comentário na região autónoma. A grua antiga que garantia o desembarque de mercadorias no pontão da cidade de Santo António, ficou fraca e caiu ao mar quando tentava retirar um tractor de um barco ancorado no pontão. José Cassandra Presidente do Governo Regional do Príncipe, confirma o bloqueio e anuncia a paralisação de vários projectos de desenvolvimento económico e social, por falta de uma grua no cais do Príncipe.

«Está muito mais difícil a situação da população do Príncipe. Consequência da avaria da grua, a especulação dos preços dos produtos, está a ganhar mais espaço. Isto porque a descarga dos produtos alimentares actualmente é feita manualmente, e os estivadores que fazem esta operação cobram caro, e consequentemente isto reflecte no preço das mercadorias no mercado», declarou o Presidente do Governo Regional do Príncipe, referindo-se em primeiro lugar ao impacto grave da falta da grua, na vida dos habitantes da ilha. Uma região autónoma onde tradicionalmente o custo de vida é duas ou três vezes mais alto que em São Tomé, vê agora a carestia aumentar ainda mais.

Desde Dezembro de 2009, que a ilha ficou sem meios para descarregar mercadorias. A grua cansada decidiu descansar nas águas tépidas da baía de Santo António. A nível económico a região autónoma está de rastos. Os projectos de impacto social, não podem ser realizados, porque implicam o desembarque de equipamentos e maquinarias pesados. A força muscular dos estivadores não dá conta do recado. «Nós lançamos uma obra de construção de estradas em parceria com a União Europeia, mas com a avaria da grua a obra está atrasada. Só até o final do mês é que está previsto a vinda de uma barcaça com capacidade de desembarcar as mercadorias e equipamentos na praia. Há muita gente desempregada que nesta altura deveria estar empregada com os trabalhos de reabilitação da estrada», explicou José Cassandra.

As obras de reabilitação do aeroporto regional, que estiveram atrasadas durante muito tempo, ganhou dinâmica recentemente, mas voltou a estaca zero, por falta da grua no pontão regional. «É outra obra que sofre com a falta da grua. As obras da pista por exemplo não iniciaram porque os equipamentos têm que vir da África do Sul e sem a grua também é impossível desembarcar os materiais. Estamos praticamente bloqueados», confessou o Presidente do Governo Regional.

No entanto José Cassandra anunciou que em parceria com o governo central, já foi encontrada uma solução transitória para o bloqueio. O porto de São Tomé que também tinha perdido as duas gruas, recebeu equipamentos da Sonangol para desembarque das mercadorias. Assim uma das gruas velhas que operava no porto de São Tomé, vai ser enviada para a região autónoma do Príncipe.

José Cassandra explicou que a grua velha, só poderá entrar na ilha do Príncipe por via anfíbia. Isto é o governo central, terá que arranjar uma embarcação com capacidade para fazer desembarque de carga na praia. O tal barco com rampas que podem ser estendidas na areia de uma das praias do Príncipe, vai permitir o desembarque da grua velha, que depois escalará o pontão de Santo António para então começar a operar. «Esta grua só saíra se vier numa barcaça que tenha uma rampa que desemboque a carga na praia», salientou.

A solução transitória, deverá ser realidade no final de Janeiro, precisou José Cassandra. O Téla Nón, tem dito que o Príncipe tem um pontão e não um porto. O Presidente do Governo Regional, também confirma o facto, e desafia o Governo de Rafael Branco, a investir no sentido de incluir a Região Autónoma do Príncipe, na política do executivo de transformação do arquipélago numa placa giratória de prestação de serviços. «Era necessário que no quadro do país pensado para a prestação de serviços, se olhasse para o problema do porto do Príncipe. Temos um porto em melhores condições para poder participar neste processo de prestação de serviços, ou então, do país ser uma placa de prestação de serviços. Daí a necessidade urgente de se investir na construção de um verdadeiro Porto na ilha do Príncipe porque o que temos é um pontão. Entendemos que Príncipe estando mais próximo do continente africano terá serviço a prestar ao continente e ao mundo», sublinhou o Presidente do Governo Regional do Príncipe.

Autoridades do Príncipe, exigem que a política de transformação do país numa placa giratória de prestação de serviços no golfo da Guiné, não seja apenas uma retórica sem execução prática.

Abel Veiga

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