Sociedade

O perigo de algumas “relações estratégicas”

ja.jpgO Governo do Primeiro Ministro Joaquim Rafael Branco, escolheu dois parceiros estratégicos para desenvolver São Tomé e Príncipe. Um na Europa e outro em África. Quase dois anos após a definição destas parcerias estratégicas, o cidadão começa a avaliar tais parcerias estratégicas. Juvêncio Amado Oliveira, quadro superior da Direcção do Ambiente, analisa  a realidade profunda de São Tomé e Príncipe e do mundo, e levanta questões de fundo em torno das Parcerias Estratégicas definidas pelo Governo. Uma matéria de grande interesse.  

MATÉRIA PARA ANÁLISE GERAL

O artigo que vou transcrever na íntegra trata-se de um artigo produzido para Portugal mas que vale a pena tomar como exemplo para São Tomé e Príncipe, para que os são-tomenses o analisem e tirem as suas próprias dilações.

Artigo publicado pelo “Jornal de São Tomé e Príncipe” (digital = jornal.st: http://www.jornal.st/noticias.php?noticia=7463 )

É bem possível que os leitores tenham já lido este artigo. Mas considero que terá maior significado para São Tomé e Príncipe se for publicado num dos jornais genuínos do país, e talvez dos mais lidos, como é o caso, por exemplo, do “TELA NON”

Senão vejamos:

CITAÇÃO:

“Apesar da importância do mercado para Portugal Angola está longe de ser o El Dorado desejado pelas empresas portuguesas

2010-04-29 12:21:18 Lisboa – A importância de Angola enquanto mercado económico para Portugal tem vindo a crescer de forma significativa nos últimos anos. Mas Angola ainda está longe de se tornar o El Dorado desejado pelas empresas portuguesas.

Com uma economia extremamente dependente da exploração e exportação petrolífera, Angola viveu nos últimos anos, fruto do aumento do preço do crude nos mercados internacionais, um verdadeiro boom económico. No entanto, o efeito dos «petro-dólares», que levou ao crescimento do PIB per capita, ainda não teve reflexos práticos na generalidade da sociedade angolana. Situação que marca o dia a dia em Angola é também a falta de divisas estrangeiras, com implicações para o desenvolvimento dos projectos de construção em curso no país. A falta de pagamentos das entidades oficiais angolanas levam a situações de falência de várias pequenas e médias empresas que apostaram tudo o que tinham e não tinham em Angola.

A juntar a estes factores, a CORRUPÇÃO ENDÉMICA, que atravessa todos os níveis da sociedade, continua «institucionalizada» e associada a uma cultura de impunidade. A Lei da Probidade e da Tolerância Zero, criadas para estancar este fenómeno não têm tido efeitos práticos, uma vez que como salientam muitos dos presentes em Angola, o exemplo chega do topo. Consequência de todos estes factores, MUITAS DAS OBRAS PROJECTADAS EM LUANDA E NO RESTO DO PAÍS CONTINUAM PARADAS.

LUANDA É UMA CIDADE DE CONTRASTES, QUE VIVE ENTRE A OPULÊNCIA DE UMA ELITE LIGADA AO PODER POLÍTICO E A COMPLETA MISÉRIA DA RESTANTE POPULAÇÃO. A título de exemplo, apenas a hospitalização numa clínica em Luanda ronda os cinco mil dólares, valor incomportável para a generalidade da população, que sofre os efeitos de um desemprego crescente. Ainda na saúde, 50 por cento do pessoal médico no país é de origem cubana, o que denota a falta de formação especializada a nível local. APESAR DAS RECEITAS DO PETRÓLEO ENCHEREM OS COFRES DE LUANDA, A VERDADE É QUE SECTORES DE MÃO-DE-OBRA INTENSIVA, COMO A AGRICULTURA E A INDÚSTRIA, VIVEM NUM CLIMA DE QUASE-RECESSÃO.

Além do desemprego e da débil situação social, o governo publicita programas que não constituem mais do que miragens. E APESAR DE NO PAPEL SE PROMETER A CONSTRUÇÃO GENERALIZADA DE HABITAÇÕES SOCIAIS, OS PROJECTOS POUCAS VEZES PASSAM DA FASE DE DEMOLIÇÕES DOS ANTIGOS BAIRROS. Em consequência, dezenas de milhares de pessoas vivem actualmente em tendas, durante anos, sem acesso a qualquer apoio social.

Por outro lado, a desorganização reflecte-se nos diferentes níveis da vivência angolana. O caos do trânsito no dia-a-dia, agudiza-se com a chegada da época de chuvas. Paralelamente, REGISTA-SE UM CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA CRIMINALIDADE VIOLENTA E DO CRIME ORGANIZADO, facilitados pelo acesso generalizado da população a armas, fruto do longo período de guerra, primeiro de Independência, depois Civil, pelo qual o país passou no último século. COM UMA POLÍCIA INOPERANTE E INCAPACITADA PELA FALTA DE MEIOS LOGÍSTICOS E DE ACEITAÇÃO PELA SOCIEDADE, A SITUAÇÃO NÃO APRESENTA SINAIS DE MELHORAS.

Esta tensão crescente causa já forte preocupação em largos sectores empresariais, intelectuais e sobretudo políticos. A CONCENTRAÇÃO TOTAL DE TODAS AS DECISÕES NO PRESIDENTE DA REPÚBLICA JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, AGUDIZADA PELA RECENTE REVISÃO CONSTITUCIONAL, CONDUZ A UM FENÓMENO DE QUASE INUTILIDADE DA ASSEMBLEIA NACIONAL.

NOS CORREDORES DO PODER DE LUANDA TAMBÉM É CADA VEZ MAIS COMENTADO O FACTO DE O GOVERNO NÃO RECEBER QUAISQUER ORIENTAÇÕES DIRECTAS DO TOPO. ESTAS SÃO DADAS, NÃO AO GOVERNO, MAS AOS SECRETÁRIOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, QUE SE ESTÃO A SUBSTITUIR CADA VEZ MAIS AOS MINISTROS E SECRETÁRIOS DE ESTADO QUE COMPÕEM O GOVERNO OFICIAL DE ANGOLA.

E as promessas feitas no passado recente, de construção de um milhão de habitações sociais, doze pólos industriais, refinarias, auto-estradas, recuperação dos caminhos-de-ferro, centenas de milhares de empregos, requalificação dos bairros, tudo isto se transforma em críticas cada vez mais audíveis nos apinhados transportes públicos de Luanda. José Eduardo dos Santos, o «Chefe», é o principal alvo das críticas. Mas a máquina de propaganda que o apoia e que continua a fomentar em Angola o culto da personalidade permitem manter sob controlo uma situação que é de notória crispação. As chefias militares estão acomodadas e Luanda está sob controlo do regimento presidencial, totalmente leal ao «Chefe».

As potencialidades de negócios existem em Angola. Mas o futuro das relações económicas com este novo «El Dorado» estão dependentes de um estudo de mercado cada vez mais complexo que permita antecipar todas as oportunidades e todos os perigos que a economia angolana vive hoje.

(c) PNN Portuguese News Network”

FIM DA CITAÇÃO

NOTA: os textos à maiúscula foram simplesmente sublinhados por mim como chamada de atenção

Afinal, se Angola possui os seus próprios problemas com sérias dificuldades de implementar os seus próprios projetos, será que os projetos e acordos para com São Tomé e Príncipe é que serão implementados?

O artigo em questão não é motivo para questionarmos sobre a fatibilidade dos vários projetos/acordos já assinados com Angola e com angolanos e que ainda se encontram, infelizmente, em BANHO MARIA?

Já tivemos acordos relacionados com:

  • POUSADA
  • NÁUTICO
  • PORTO DE SÃO TOMÉ
  • AEROPORTO DE SÃO TOMÉ
  • BUNKER

Será que um dia terão pernas para andar?

  • A EMPRESA ROSEMA que já foi um sucesso, está agora em crise directiva.

A própria EMBAIXADA DE ANGOLA, cuja construção iniciou “há séculos”, com pompas e circunstâncias, ainda se encontra em BANHO MARIA.

Será que Santo Tomé e Santo António conseguirão ajudar a fazer dessas relações um exemplo positivo?

Analisem, pois, a situação!

Os bons parceiros não devem ser os oportunistas que fingem poder TUDO FAZER quando sabem perfeitamente que NADA PODEM FAZER.

Os bons exemplos de parcerias estratégicas devem ser copiados das atividades atuais na EMOLVE, em MONTE CAFÉ, na luta contra a MALÁRIA, ou na outorgação do crédito de USD 5.000.000,00 que já conseguimos deitar fora, infelizmente.

Caros amigos!

Simplesmente acredito que este artigo poderá ajudar a melhorar o comportamento dos nossos parceiros estratégicos em relação ao cumprimento das suas responsabilidades assinadas.

Desculpem, pois, se houve motivos para alguém se sentir ofendido!

Mas a única coisa que acredito que todos os são-tomenses gostariam de ver é São Tomé e Príncipe caminhando sempre no sentido do melhor.

A ver vamos?

Juvêncio Amado d’Oliveira
Geógrafo/ambientalista
juvamadol@yahoo.com.br

1 Comment

1 Comment

  1. NELSON

    17 de Maio de 2010 at 15:51

    sun male jinga po.um optima leitura foi esta. mas meu amigo se vives em stp nao te eskeças que a censura colonial en stp ainda nao acabou.agora sao os nossos que fazen como fizerao ao rei amador.em stp todos traien todos.cuidate meu irmao.faço-te venias e vaçalagen pela tua coragen.

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