Análise

SER NETO DA MINHA AVÓ VENIDA

“Dissertando sobre os evaporados valores da sociedade são-tomense”. Proposta interessante de Horácio Will são-tomense radicado em Portugal, que no passado foi professor em São Tomé, mais concretamente na Escola Albertina Matos da Vila da Madalena.

A minha avó sabia ler. Coisa rara de se ver entre senhoras são-tomenses nascidas há mais de cem anos. Nunca me falou dos conflitos de Vietname ou de outros de dimensão internacional, nem de qualquer descoberta científica. Parecia ter aprendido para ler apenas a Bíblia Sagrada. Ainda não me lembro de ver outra pessoa tão cativante para conversar com qualquer desconhecido e fazer-se ouvir de forma respeitosa sem nunca precisar de usar a religião que seria o ponto forte dos seus argumentos.

Eu e os meus irmãos éramos alguns dos únicos netos que vivíamos, geograficamente, distantes dela e da sua igreja. Isso devia-se às condicionantes profissionais da minha mãe. Os poucos dias em que a minha avó passasse connosco eram sentidos  com muita alegria, apesar de ela nunca ter evitado corrigir uma pequena coisa a qualquer momento. Também não me lembro de mais ninguém tão capaz de manifestar tanto carinho e bondade ao corrigir aos outros.

Num inesquecível dia, quis gozar o prazer de ensinar alguma coisa àquela senhora que tinha resposta para tudo. Quando ela nos mostrou um guarda-chuva novo, lembrei do que tinha lido numa revista e disse-lhe que abrir o guarda-chuva em casa daria sete anos de azar. A minha avó não se desfez da segurança que adquirira para usar e dar pela vida adentro. Simplesmente respondeu:

-Traz-me a bíblia!

Seguidamente, leu-me uma passagem em que entendi que o que for amaldiçoado na terra, no céu será amaldiçoado e o que for abençoado na terra, no céu será abençoado. Então afiançou-me que quanto mais eu amaldiçoasse as coisas, menos liberdade teria, porque mais coisas seriam amaldiçoadas e maiores seriam as minhas interdições.

Que bom!

·         Deixei de ter medo de abrir o guarda -chuva em casa. Não era necessário fazê-lo, mas era bom não ter medo.

·         Deixei de ter medo do mén-lofi (remoinho de vento).

·         Deixei de ter medo de pensar no mal que iria acontecer durante sete anos a quem matasse, ainda que acidentalmente, um gato.

·         Deixei de ter medo de ficar “mofinado” se passasse por entre as pernas das colegas enquanto brincávamos.

·         Já não me assustava a meninas “abrirem o rabo para mim” (fazerem-me o gesto de mostrar o traseiro de forma desdenhosa).

·         As mulheres a abanarem a saia num nível mais alto que a minha cabeça já não me provocaria transtornos na vida.

·         Perdi a preocupação de ter que voltar para trás se passasse por baixo de uma teia de aranha.

·         As conóbias não me faziam perder anos lectivos se assobiassem ao passar por cima da minha cabeça. Bastava-me estudar e ter boas notas.

·         Continuei com medo do ximidô (sumidouro) devido à profundidade das águas do rio e da violência das mesmas nos locais de queda, mas nunca voltei a ter medo de deitar para lá umas pedras ou recear que alguém lavasse pratos com azeite por perto.

·         Vi-me com estatura mais elevada que a maioria  dos meus colegas depois de ter acreditado que tinha deixado de crescer por ter passado debaixo dos braços de alguém.

Perdendo tanto medo, senti-me mais livre. Nunca sentiram que ausência de Deus vos traria mais liberdade para fazer alguns pecados agradáveis?

Senti a felicidade ao pensar que não existia Deus ou que ele não proibisse tanto.

Mas a minha avó lembrou-se de me dizer que o que devemos fazer ou deixar de fazer, já está pré-determinado.

Voltei a me sentir com perda da liberdade porque eu estava em franco crescimento a precisar e a gostar muito de comer e ela me disse que a gula era um grande pecado.

Eu queria tudo para mim, o que é mais natural nos animais, tanto irracionais como racionais e ela disse-me que a avareza era outro grande pecado.

As minhas colegas estavam a se tornar irresistíveis, levando-me a sonhar com elas acordado e eu tinha que guardar esse forte sentimento comigo porque a luxúria era também um grande pecado.

Eu queria me sentir respeitado, que ninguém se metesse comigo e uma ou outra pedrada poderia fazer com que todos soubessem que eu era mau e que me deixassem em paz. Afinal estava a cometer o pecado denominado ira.

A melancolia, sentimento de tristeza que rouba energia para criatividade, bons relacionamentos, era um pecado que não me atingia, felizmente.

Saberão vocês como era cómodo não estudar; não arrumar nem limpar a casa e esperar que os outros o fizessem;  não levantar cedo aos fins-de-semana para percorrer quilómetros a pé a fim de ir trabalhar numa gleba? Afinal essa comodidade é chamada preguiça e também era um grande pecado.

Era também pecado eu gostar de me sentir bem e exibir-me como melhor que os outros pelas minhas faculdades, pelas minhas posses e pelas minhas aparências, porque para ela isso era a soberba.

Como a minha mãe era filha da minha avó, ela conduziu a minha educação com todas essas restrições, não tendo conseguido controlar apenas a gula – comi sempre muito! Muito, até à juventude. Agora sei cientificamente os malefícios disso.  A minha mãe dava-nos algo para dividir com outros irmãos, quem dividisse devia permitir que o outros se servissem \primeiro. Imaginem como tentávamos ser justos a dividir.  Nos casos em que não era necessária a divisão, quem servisse primeiro deixava a melhor parte para quem viesse depois.

Fazia essas cortesias com os colegas que nunca retribuíam. Pelo contrário, gozavam. A pensar que suportar as coisas sem reagir fizesse parte dos princípios religiosos, mantive-me insensível a tudo. No dia em que a minha avó, admiravelmente, estava a manifestar grande indignação contra atitudes de certos vizinhos, tentei gozar o prazer de lhe lembrar que as pessoas boas não se devem incomodar com os outros.

A minha avó disse-me:

– A bondade nunca deve ter limites. Mas é necessário não deixar que os outros façam o que quiserem de nós. Se permitirmos que os outros usem a maldade contra quem quer que seja, estaremos a ser cúmplices do Mal. Onde ficará nessa altura, a nossa bondade? Deus disse: “Não suporteis o que é mau”. Ser bom implica denunciar também o Mal.

Libertei-me da exploração pelos outros.

Cresci, adquiri conhecimentos científicos e vi a religião cada vez mais distante. Mas os princípios religiosos que a minha avó transmitiu aos seus descendentes, encontram-se em  muitos dos livros de ateus que se preocupam com a humanidade. Trazem-me o conforto de me sentir confiante, de dizer “não” quando necessário, nunca me vender ou me submeter a interesses económicos ou a indivíduos com funções superiores. Mesmo sentindo alguma marginalização de vez em quando, vem o orgulho dizer-me: “Ser neto da minha avó implica ter princípios que às vezes ofuscam os pretensiosos.” Agarrando a esses princípios, nunca me sinto só.

Na escola onde estudava para fazer o curso de Enfermagem, os meus colegas organizaram uma exposição de pintura que funcionou como um concurso no qual o vencedor seria premiado em dinheiro. Eu participei.  O meu irmão foi ver a exposição e acabou por votar nos quadros de uma colega após me ter dito que ela pintava muito bem. Os meus colegas não entenderam porque se ele votasse em mim eu teria maiores probabilidades de ganhar algum dinheiro. Acharam que ele fez algo estranho sendo meu próprio irmão. Mas eu entendi que era próprio do neto da minha avó. Ele só foi à exposição pela estima que tinha por mim, mas na votação foi sincero e apoiou o mérito.  Subentendi o recado e, anos depois,  matriculei-me numa escola de pintura tendo acabado por passar por bons momentos de vida artística que nunca teria passado se me encostasse a quem me apoiasse mesmo que eu não fizesse nada de bom.

Estive num encontro com certas pessoas de muito dinheiro e de boa aparência. Depois de boa comida e razoável bebida, as conversas tornaram-se mais soltas. Dois dos circunstantes piscaram os olhos entre eles e decidiram atacar-me pela minha suposta origem humilde que rimaria pouco com o estatuto de aparência dos presentes. Nessa altura, um deles vira-se e diz-me:

– O senhor Horácio nasceu num berço de ouro.

Pelos sorrisos cúmplices, senti que a partir daquela ironia a minha noite entre aquelas pessoas estaria estragada. Mas, lembrei-me de que sou filho da filha da san Venida. Então respondi:

– A atitude mais doirada que um ser humano possa ter é zelar pelo conforto e bem-estar dos outros: a generosidade. Mas, na sociedade as pessoas que se encontram procuram saber as hipóteses de colocar um pé por cima de alguém que esteja frágil. Donde fui educado, aprendi a procurar saber se é preciso por uma mão por baixo. Por isso, considero que nasci num berço de ouro, sim. Algum dos senhores também se sente proveniente de um berço de ouro? – Perguntei eu sorrindo pela noite adentro com a segurança que trouxe sobre os alicerces que a minha avó forneceu.

Não acham que se fôssemos todos “netos” da minha avó, teríamos um país melhor?

Ser neto da minha avó implica querer ver o bem dos outros; ser imparcial na avaliação e na distribuição de bens que competem a todos; estimar a toda a gente. Por isso, sinto-me, afectivamente, “neto” de outras avós são-tomenses com princípios semelhantes.  Gostaria que quisessem ser também netos da minha avó.

Para ser neto da minha avó é preciso apenas:

1.    Não se esquecer de que a vaidade excessiva e o egoísmo podem ser “valores humanos”, mas não engrandecem a humanidade.

2.    Lembrar que o bem dos outros também é o nosso bem.

3.    Lembrar que partir e repartir o que é de todos, implica uma distribuição conscienciosa por todos.

4.    Dar o mérito a quem constrói e não simplesmente a quem nos seja mais próximo.

5.    Condenar o Mal e estimar as pessoas que o praticam. Melhor: estimar todas as pessoas, mas não deixar de condenar os erros premeditados de cada um.

6. Saber dizer “não façam ou não façamos isso” ou “não lhe permito isso”, quando estamos por perto de quem vai exercer uma atitude errada.

7.    Saber que construir engrandece a nação e que subtrair o bem colectivo para causa própria empobrece a mesma.  A nação pobre é uma vergonha para todos filhos, quer sejam ricos quer sejam pobres, vivendo na terra ou no estrangeiro. Só não sente isso quem não for filho de boa gente. Sentimento pessoal: por melhor refeição que eu tenha entre amigos estrangeiros, sinto um sabor amargo quando algum que tenha estado em S. Tomé e Príncipe, comece a falar das maravilhas paisagísticas das ilhas, mas depois engasga-se e não diz mais nada por eu estar presente. Pergunto: os governantes e os candidatos a lugares de governação que procuram bens pessoais, não sentirão esse amargo?

8.    Pensar  que a preocupação excessiva com bens materiais leva a que percamos valores humanos – respeito, amizade, cumplicidade, amor, entre outros – que só a convivência entre humanos nos poderá conferir. Por mais dinheiro que gastemos, nunca os compraremos porque serão falsos quando comprados.  Sendo falsos significa nunca terem, de facto, existido e a pretensa compra será inútil.

9.    Pensar que a recolha imediata e pouco escrupulosa dum benefício pode implicar o comprometimento do futuro geral, de difícil recuperação, como são, entre outros, os casos da consciência social e dos níveis de vida em S. Tomé e Príncipe.

10. Transmitir valores humanos às gerações vindouras. Pois, são os únicos valores que não só resistem, como crescem tanto com a bonança como com a tempestade.

A minha avó não se importaria que os seus netos fossem apenas anónimos cidadãos que incutissem à sociedade os princípios divinos que seriam um bom sustentáculo para a construção de uma sociedade equilibrada. Hoje, eu acho que mesmo se esquecendo de Deus, se usarmos esses princípios e tirarmos daí partido das enormes potencialidades do país, a história e as pessoas em geral virão através das estatísticas e dos mais requintados meios da comunicação massiva apresentar S. Tomé e Príncipe ao Mundo como um dos mais interessantes países do planeta para se viver.

Podemos ir começando a partir das próximas eleições:

Ao concorrermos para algum cargo político ou ao votarmos, vamos começar a pensar que somos netos das nossas avós Venidas.

Horácio Will

43 Comments

43 Comments

  1. keblancana

    20 de Maio de 2011 at 9:25

    Meu caro colega,

    Estes artigos são muito interessantes e oportunos. Infelizmente a nossa sociedade (STP), perdeu os seus valores tradicionais. Não sei a quanto tempo estás ausente da realidade santomense, mas gostaria imenso k na primeira oportunidade fosses visitar as ilhas por uns meses e não apenas quinze dias de féreas.
    Estive em STP algum tempo e não de féreas, e devo confessar-te k a nossa sociedade, no k respeita a valores, ética social, disciplina, respeito, ou melhor Educação em geral, estes adjectivos até parecem estar banidos do dicionário. É triste, muito triste, mas é esta a nova realidade. A nossa geração foi a última a assimilar valores sociais.
    Adorei o seu artigo, revejo-me nele e espero k continues a brindar-nos com mais.
    Aquele abraço.

    • Jaka Doxi

      20 de Maio de 2011 at 21:42

      Brilhante texto.
      Se muitos dos nossos pseudo politicos fossem como o Horácio Will o nosso país estava bem.
      Após a independência ao invéz de ensinarem o povo a mudar de comportamentos obrigaram-nos a ler os tais livros do comunismo sem pés nem cabeça.
      Fui

    • bento baia

      22 de Maio de 2011 at 10:53

      Para te disser, também sou neto da tua avó, mas precisso de aprender muito, porque o ser humano nunca pode ser limitado, só espero que não desvie dos principios e dos valores da tua avó… meus parabens

  2. Gigolo

    20 de Maio de 2011 at 9:37

    Gostei do texto. Coisa linda. Infelizmente nos nossos dias continua a haver pessoas com estes medos. Seria tão bom k a maioria tivesse acesso a este texto assim sentir-se-iam livres e ligados a Deus, pois ele tudo pode.

  3. Fe em Jesus

    20 de Maio de 2011 at 9:39

    E muito longo, minha gente este site nao e pra contos, por favor. Va sempre direto ao assunto, assim facilita melhor os leitores. Obj

  4. Digno de Respeito

    20 de Maio de 2011 at 9:46

    Caro Will,

    Estive muito muito recentemente em Mangualde (Viseu) afim de desenvolver uma acção de formação à uma determinada classe social daquela localidade de Portugal. No final, tentei localizar-te sem sucesso. Mas, acredito que brevemente nos encontraremos para partilhar e beber melhor desse seu nosso saber do antigamente.

    Sinceramente, gostei do conteúdo que contrasta a realidade actual com tanta tecnologia onde nada é infalível. E o seu texto revela a grande preocupação sobre as boas práticas e valores sociais que parece se perder com o caminhar dos tempos.

    Acredito que um dia “havemos de voltar” (cito Agostinho Neto) a nossa Pátria amada onde o nosso calulú ha-de ser entre outros aspectos tradicionais, a marca da nossa existência.

    Desejo-te a continuação de bom trabalho e parabéns pela escrita. Valeu!

  5. Observador

    20 de Maio de 2011 at 12:02

    Excelente reflexão. Parabéns!!

  6. J. Maria Cardoso

    20 de Maio de 2011 at 12:28

    Caro pensador Will,
    Ao fotografarmos a nossa praça pública não faltam netos das avós que nos amamentou com a humilde educação biblíca sem conhecerem a abcidade das palavras.
    Nome por nome, fulano a fulano, somos todos netos delas, só k a cultura de bem-estar pessoal e pisar aos outros, suplantaram todas as heranças por elas deixadas.
    É pena!
    Parabéns pela reflexão.

  7. Sampaio

    20 de Maio de 2011 at 12:57

    Senhor Horacio,

    Infelizmente a minha avo nao foi como a sua. Meus parabens por ter uma avo dessa.

    Ja assim, o senhor tb eh candidato? Se for, torna isso publico…

    OBG,

    • Horácio Will

      20 de Maio de 2011 at 16:45

      Sampaio
      Sou candidato sim.
      Candidatei-me comprometido comigo mesmo a recordar os nossos compatriotas que ainda temos hipóteses e que estas passam pela consciência social

    • Horácio Will

      20 de Maio de 2011 at 16:59

      Passei a ter outro medo: temo que as pessoas tenham medo de quem indique bons caminhos sem querer retirar dividendos.

    • Quem é a verdade

      21 de Maio de 2011 at 9:02

      Assim sendo também quero ser um candidato. Candidato a ser mais um dos netos das nossas avós Venidas. Creio que o Sr. Sampaio também tem dentro de si bons valores para partilhar e transmitir aos outros independentemente da avó que teve. Não quererá ser também um dos netos da avó Venida? Não quererá ser também um candidato?
      Se tiver determinado em expressar esses valores em prol de um S. Tomé melhor e da sua vida pessoal, certamente o conseguirá e terá grande alegria pelos resultados.
      Os livros dos ateus como disse o Sr. Horário ou mesmo a Bíblia onde a avó Venida reforçava os seus valores poderá também ser um grande reforço para os valores que o Sr. já tem dentro de si.
      Apesar de leituras que tenha feito, e que certamente tem feito e ainda fará, o melhor resultado virá quando decidir ser um candidato, um verdadeiro candidato.
      Para uma S. Tomé melhor e bem-estar pessoal.
      Bem-haja a todos em especial ao Sr. Sampaio.

    • Jaka Doxi

      20 de Maio de 2011 at 21:46

      Meu caro Horácio Will não dê importância as provocações do “Sampaio”.
      Ele sabe muito. Já o conhecemos.
      Força.

  8. Eugénio Silva

    20 de Maio de 2011 at 13:03

    Sublime! Tocou fundo a minha alma. Oxalá atinja a alma da Nação Sãotomense.
    Fico muito grato pelo que escreveu. Sinto-me neto das nossas avós que souberam transmitir os melhores valores.

    Bem-haja!

  9. GIZELO ASSUNCAO

    20 de Maio de 2011 at 13:06

    Que ricas palavras com profundo conteudo. Espero que todos os santomenses filhos de boa gente aceitem ser netos da avo Venida.Se assim for, de certo num futuro proximo, S.T.P sera realmente um lugar que de gosto para viver.
    Parabens pelo exelente trabalho Sr.NETO da avo Venida.
    Bem haja a todos.

  10. Trinta Mil Barris de Petroleo

    20 de Maio de 2011 at 13:23

    A saída deste jovem e mais alguns da Vila em busca de melhores condições, constitui o factor do atraso nesta pequena aldeia. Sendo certo que era mentor do famoso jornal de parede.
    Não falou o Will da jaca!
    gosta ou não?
    Mas jaqueiras todas foram abatidas.
    Força vizinho!
    Parabens.

  11. renato correia

    20 de Maio de 2011 at 14:40

    Tão simples de perceber tão sincera estas palavras, mas o melhor é que isto é uma prova inequivoca de que ainda existem pessoas que sabem qual o caminho para a mudança e isso meu caro é um sinal de esperança a luz no fundo do túnel que muitos não querem ver.muito obrigado pelo seu bom contributo moral e etico para uma melhor sociedade. e realmente já disse e bem alguém que quando se educa uma mulher educa-se uma nação.

  12. JOSE TORRES

    20 de Maio de 2011 at 14:50

    gostei do texto e parabens.

  13. Lucileide Lima ( GIBELA)

    20 de Maio de 2011 at 16:58

    Gostava que me lembrasse do Gosto pelas Letras góticas, da punição que recebemos na turma 3º C do liceu nacional pelo acto praticado por um dos colegas da Vila de Madalena. O Colega escreveu na cadeira da professora um palavrão ” Fodeirona” Esta expressão custou a turma inteira a punição colectiva. Qual seria pensamento filosófico da avó Venida sobre esse infortuno? Fala Horácio Wil, Grande Colega. Um Abraço não te vejo há 21 anos. Força grande Artigo

    • Horácio Will

      20 de Maio de 2011 at 17:31

      Lucileide
      Conforme apresenta a questão, fica parecer que fui eu.Mas a minha avó não punia. Orientava às pessoas para melhores atitudes futuras. Todavia, não me lembro de um neto dela que usasse tais palavras ou a apresentassem de forma pública, mesmo recordando um episódio.

  14. N.C

    20 de Maio de 2011 at 22:01

    Os meus parabens professor por mais um excelente artigo.Ao ler o seu longo mais rico artigo,lagrimas nao deixaram de cair dos meus olhos.Essa leitura e reflexao levou me tambem ao passado nao por recordar a minha avo mas sim a todos os que na autrora eram pais e em particular a minha santa mae que deus a tenha.A nossa sociedade era de tal forma educada que todos os mais velhos eram considerados os nossos avos e pais.Ai de nos se faltasse com algum respeito ao nosso visinho ou alguem mais velha.
    Infelizmente como os meus antecessores alguns disseram,a nossa sociedade perdeu essas boas maneiras os bons costumes,nem se quer se encontra uma boa referencia ao nivel das instituicoes nem das personalidades.O nosso pais esta o que esta,cada um a pensar no seu desenvolvimento pessoal e ponto final.Regressei a menos de 20 dias de S.Tome e sinceramente isso esta cada vez mais deplorante.So no nosso aeroporto e uma decepcao e vergonha.Ficas horas e horas a espera das bagagens numa sala de desembarque que parece mais com uma garagem.Do ereoporto a capital levas tanto tempo devido a quantidade de buracos que se encontarm nas estradas, bem como na generalidade do pais todo.Contrariando com tudo isso tu encontras grandas carrinhas e geeps todo terreno,mansoes de luxos e grandes extensoes de terrenos(quintas)cercadas a pedra seca.A nivel social nada e nada.Mas uma vez recorrendo aos ensinamentos da tua e nossa avo e quica conceitos pre-determinados por Deus,ao exemplo do que se passa em todo o nosso pais,queria te fazer saber da tamanha injustica e maldade que acontece na nossa vila da Madalena.
    Ha mais de 10 anos que temos um padre catolico que de tudo fez e faz para levar de avante e desenvolvida a nossa vila.Apresentou progectos com devidos financiamentos para construcao de um centro social e paroquial,com sala de catequese,biblioteca,cresche, centro de acolhimento a pessoas da 3 idade,campo de futebol e mais,nunca lhe deram luz verde nem a atribuicao de um terreno de estado para tal execucao,mas em contrapartida um tal Sr que diz ser amigo e natural da freguesia foi benefeciado com um “monstro” de terreno.A populacao residente recebeu titulos de posse de talhao ja pagos na camera ha mais de 1 ano e ninguem conhece nem sabe a localizacao dos mesmos.Recentemente construiram um deposito de armazenamento e distribuicao de agua potavel para a capital em MADALENA e quando esta cheio o deposito toda a agua transborda e perde-se pela estada fora e Madalena com carencia de agua.Isso e para veres como andam a nossa sociedade,os nossos dirrigentes.A ganancia,a gula a luxaria e soberbia apoderaram dos nossos governantes.Infelizmente as nossas avos jamais voltaram ao mundo para nos restaurar e reensinar os bons valores e principios que regem a sociedade e a boa maneira de viver,partilhar e pensar no proximo
    Um bem haja para si e para todos os leitores

  15. Quem é a verdade

    20 de Maio de 2011 at 22:43

    Cada frase desta dissertação tem algum valor encorajador e aproveitável para bem-estar pessoal, e social. Ver que cada um, independentemente da sua posição social, tem um papel importantíssimo no rumo da nossa nação. Que as nossas atitudes podem ser mais uma grande gota a juntar a outras grandes gotas na construção de um país melhor.
    Gostaria de sublinhar a frese do Sr. Horácio: “Agarrando a esses princípios, nunca me sinto só.”, e deixar um voto a todos que não nos sintamos sós ao exercermos os bons princípios deixados pela nossas vovôs Venidas.
    Ao deixar os meus parabéns ao Sr. Horácio Will, permitam-me deixar também um texto bíblico:
    Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele. Provérbios 22:6
    Na maior parte dos casos, ainda que a irreverência da infância sombreie, ainda que a adolescência ofusque, passando as fases, se cumprirá o verso apresentado.

  16. Sandra Kiesow

    21 de Maio de 2011 at 7:22

    Caro Will,

    estava em Sao Tomé na primaveira do corrente ano e muito raramente em outros locais do mundo encontrei um povo assim amável e simpático! Especialmente as pessoas a partir dos trinta anos acima tavam espectaculares!!! Os jovens, criancas entao ai já se verifica outro quadro…já nao tem essa atitude aberta, essa educacao como viver com os outros e respeitar os outros. Nos sítios mais distantes, mais pobres encontrei as pessoas mais puras, eles gostavam de falar das suas vidas, das suas historis e estorias…Um pais especial, mas com perigo de se tornar num pais como todos os outros…sem muitos valores sociais! Espero bem que isto nao acontecerá à esta ilha bonita.

  17. Nosolino Vera cruz

    21 de Maio de 2011 at 13:28

    Caro Compatriota Horácio Will,

    Antes de mais, quero agradecer-lhe por este artigo, e dizer-lhe que o seu artigo ao meu ver é um dos melhores artigo que já li no Téla Nóm, se não o melhor.
    Depois, quero dizer-lhe que também quero ser ” o neto da sua avó”. E acho que todos os santomenses devem seguir o mesmo caminho, de ser o neto da sua avó e adoptar os seus ensinamentos. O que mais encarrece e que tem trazido diversos problemas a S.Tomé e Príncipe e aos Santomenses é a falta de acção dos “netos da sua avó”. É disto que S. Tomé e Príncipe precisa.
    Mas acredito que mesmo aí em S.Tomé e Príncipe encontra-se muitos dos “netos da sua avó”, que possivelmente, não são levados a sério. Tenho a sensação que nós, os Santomenses fugimos tanto do centro do nosso ser, que até temos medo quando esporádicamemte somos confrontado com mesmo. O pior de tudo isto é que fugimos do melhor que havia em nós. É o caso do do senhor “Sampaio” que logo interpretou a exposição do seu artigo como um pronuncio do desejo de ser candidato a presidente da república. O desejo que qualquer um cidadão santomense pode ter.
    Pois, o seu artigo tocou-me tão profundamente e tirou de dentro de mim uma ideia e que quero compartilha-la consigo. Por isso, deixo-lhe o meu endereço electrónico nosolino@hotmail.com , para podermos entrar em contacto.
    Espero que continue a escrever coisas do género, porque é destes temas que nós precisamos de nos alimentatar e não de muitos outros palavriados que por aí desfilam.

    Um abraço

    Nosolino Vera Cruz /Residente em Portugal(Coimbra)

    • Agostinho Miguel

      22 de Maio de 2011 at 13:30

      Concordo consigo,
      Agostinho

  18. Nosolino Vera cruz

    21 de Maio de 2011 at 13:40

    Correcção: alimentar e não alimentatar. palavreado e não palavriado.

  19. Viegas

    22 de Maio de 2011 at 1:03

    Caro Horácio

    já faz tempo que sentia o desejo de alguém idónia expressando os valores mais sublime duma geração passada que não soubemos valorizar ou simplesmente abandonando para fugir o óbvio e atingir os objectivos pessoas que vem caracterizando os detentores do poder no nosso país. Acredita que ao ver o texto a primeira imagem que tive era muito longo mas enquanto ia lendo lembrei-me nos momentos em que os mais velhos contavam as histórias nas vilas e luchans as nossas brincadeiras nocturnas o “salalês três três, as escondidas” em que o lema era mesmo confraternização e amizade e que embora houvesse pessoas com espírito destrutivo não punham em causa uma nação como hoje é visível. Como diz um ditado popular “Para quem sabe ler um pingo é letra” Valeu a pena toda essa esscrita para que possamos entender melhor os valores que deixamos para trás e que está comprometer o desenvolvimento do país. Se me permitis gostaria apelar a todos principamente aos decisores do país a refletir sobre o país e acatar os conselhos da sua avó começando hoje mesmo. Temos que pôr o país sobre qualquer interesse pessoal porque ele não deverá suportar essa legião de pré-candidatos. Dá teu exemplo…

  20. Leonel de Sousa

    22 de Maio de 2011 at 9:45

    Caro Horácio Will,

    O teu texto é sublime e de importância inemaginável.É uma lição para muita gente e um instrumento que deve servir de apredizagem para os mais novos e para os que, mesmo sendo neto dessas avós ” Avenida”, desprezaram esses ensinamentos e preferiram seguir caminhos e comportamentos desviantes que servem apenas de referenciais negativos para a sociedade.
    Obrigado por esta contribuição à sociedade.
    Leonel Batista de Sousa

  21. Leonel de Sousa

    22 de Maio de 2011 at 9:47

    onde digo “Avenida” digo “Venida”

  22. Agostinho Miguel

    22 de Maio de 2011 at 13:28

    Meu caro Horácio.
    San Venida não é diferente da minha Avó Lídia e doutras avós de STP!É verdade, concordo com os que referiram a isso! Quém em Agua Telha não ouviu falar de minha avó e meu avô (Agostinho Miguel)? A única diferença é que a minha avó Não Sabia Ler Nem Escrever, mas, tinha MUITO MAIS CONHECIMENTO DE DEUS DO QUE EU! Tudo quanto aprendi de Jesus foi com Ela. E no entanto ela não era menor do que os outros.
    Mansidão e humildade é o que falta a muita gente na nossa terra. Isto aprendemos com a Bíblia; Filho, pratica as tuas obras com doçura,e serás mais amado do que o homem generoso. Quanto maior fores, mais te deverás humilhar, e encontrarás benevolência diante de Deus. Muitos são os homens altivos e soberbos, mas é aos humildes que Deus revela os seus segredos. Pois é grande o poder do Senhor, mas é pelos humildes que Ele é glorificado. Será que é assim tão difícil?
    O que falta muita gente é ser humilde
    Humildade significa “filhos da terra” (Vem do Latim-HUMUS). Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade, honestidade e passividade. A humildade dos que vivem na pobreza, pode ser vista, pelos ricos, como uma fraqueza ou maneira de promover reverência e submissão das classes populares.
    Diz-se que a humildade é uma virtude de quem é humilde, quem se vangloria, mostra simplesmente que humildade lhe falta
    As pessoas não têm coragem de falar, ou escrever claramente, escondem-se sob pseudónimos, e depois atiram “pedras” palavras ofensivas e depois dizem que isto é liberdade!
    Na minha família normalmente fazemos uma refeição em conjunto (Jantar) e nesse momento partilhamos tudo o que fizemos durante o dia e assim ficamos a saber um pouco de tudo e de todos; corrigimos as coisas erradas, contamos histórias,(RAFA é um dos maiores contadores de Historia), se ele continuar assim será maior que o SR Laudino de Agua Clara!. E isto já vem há muitos anos desde que eu era bebé! Numa sociedade em o pai sai de manhã e regressa a noite ele só encara com os filhos no sábado a tarde se ele não for jogar a bisca! O filho sai de manhã vai a escola, e a única pessoa que ele encara é a mãe já ao cair da noite. O Menino passa a vida com amigos. Praticamente os pais não têm tento para contribuir na educação dos filhos.
    Temos que voltar a dar a dignidade às famílias e isto tem que começar necessariamente de nós. Acredito sim, que as nossas avos voltarão ao mundo para nos restaurar e ensinar os bons valores e princípios que regem à família. Por isso meu caro Will, o nosso carisma é resgatar os valores familiares, a nossa missão é resgatar famílias, para ser sal da terra e luz do mundo. E nisto deve começar no quintal de cada um.
    Viver no caminho certo é um processo “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora,que cresce até ao romper do dia. O caminho dos ímpios é tenebroso, eles não vêem onde vão tropeçar.” (Pv 4:18-19) Quando eu nada entendia, andava em trevas. Mas um dia olhei para algumas pessoas e percebi que havia algo diferente nelas. Não podemos mais aceitar algumas atitudes, palavras, e outras coisas mundanas que aos olhos humanos são “normais”.Se continuarmos vivendo humanamente, estaremos vulneráveis ao desânimo em nossa vida familiar, na comunidade, e na intimidade com Deus.
    O meu conselho colega é terminares de escrever aquele livro, publica-lo, mas reserva o prefácio pra mim!
    Agostinho Miguel

  23. Ogimaykel da Costa

    22 de Maio de 2011 at 21:28

    É desse tipo de mentalidade que precisamos!
    Cada dia, estou mais optimista quando ao desenvolvimento da nossa nação, pois têm surgido pessoas que estão a usar suas mentes, pessoas em alerta. É assim que iremos à frente. É dessa “evolução moral” que precisamos!
    Que todos Santomenses que leram esse artigo façam um favor a si próprios: divulguem esse artigo!

  24. jorge pinto

    23 de Maio de 2011 at 15:47

    So vos peço um favor…
    Que tentem resumir os textos antes de publicar… são tantas coisas desnecessarias que acabam aparecendo na informação…

    Acho que deveria fazer parte do texto ou corpo da noticia informações precisas e concisas…..

    obrigado

    • De Longe

      24 de Maio de 2011 at 11:22

      Este texto não é informativo. É formativo. O mal da formação é não ser útil a quem não a tenha.

  25. Katia

    24 de Maio de 2011 at 8:57

    Caro Horacio Will
    É com muita alegria,satisfação que lhe felicito este artigo.Realmente para alguns,estes bons principios que o Sr. se refere ca vai reforçar mais ainda e é com muita pena e tristeza lhe dizer que para os outros não fazem nenhum sentido ou seja ignoram porque são de natureza ignorantes.
    Eu Lembro sim da minha Mãe que faleceu a 2 anos atrás,ela sim também tinha esses principios e que eu a admirava muito pela simplicidade dela e muitos bons habitos que ela tinha e agradeço muito a Deus por ela ter conseguido passar um pouco disso pra mim,apesar de alguns dos meus irmãos não saber usufruir desses bons costumes.Mas é bom apesar de tudo,que continue escrevendo esses artigos quem sabe um dia com muita martelada e queimaduras que vão sofrendo,eles se toquem,até porque quando formos não levaremos nada de nada.
    Um muito obrigado e que Deus lhe abençoe.

  26. Gigolo

    24 de Maio de 2011 at 9:17

    VEJAM ESTA, ENQUADRA BEM COM OS DITOS RICOS DE STP

    [Mia Couto]

    Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem «gera dinheiro» dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

    Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

    O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.

    As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.

    Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentados com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.

    Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele. Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.

    A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado “a luta pelo progresso”? Os nossos novos ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.

    São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode irás compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação.

    Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem. Os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida. Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico. Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.

    • horácio will

      24 de Maio de 2011 at 9:54

      Grande abraço, Gigolo
      Para o nosso desespero, a obsessão dos nossos ricos faz deles pessoas indisponíveis para a leitura, tornando-os dos maiores pobres de espírito. Seria tão bom que lessem e interpretassem este seu comentário…

  27. Mimi

    24 de Maio de 2011 at 12:38

    Grande artigo! Obrigada

  28. madalena

    24 de Maio de 2011 at 13:56

    O sucesso destes jovens oriundos da freguesia da Madalena no Liceu, só os jovens de Fundação Popular era comparado.
    Quando refiro ao sucesso, pode ser positivo e negativo.
    Mas o positivo era mais, até Santa Margarida dava transporte. Rendo a homenagem ao grande ajudante do Sr Alberto e Serafim o “Ze Renom”.
    Madalena a vila mais bonita do País.

    • Horácio Will

      24 de Maio de 2011 at 23:22

      – Xinta na banc’- gritava o Zé Renon quando zelava para que não caíssemos do camião que nos levava à escola.
      Dizem que já existem elementos daquele grupo de alunos, que se formaram e adquiriram coragem para retirar da boca do Zé Renon o pão que lhe salvaria, com finalidade única de exibir império de farturas materiais e de déficit de humanismo.

  29. madalena

    24 de Maio de 2011 at 14:00

    A Lucileide semeou confusão, agora os filhos do Will, vão ter perguntar ao pai qual deles?
    Deve ser o carimba caritonha, Anibal, Aurelio? Dique? Alvarinho?
    Gostava de saber?
    A curiosidade matou o gato

  30. sulila miranda

    24 de Maio de 2011 at 15:25

    Caro irmão H. Will.
    O sentimento de qualquer sãotomense na sua faixa etária, é o de um neto da avó, por toda uma série de valores que recebemos, bebemos e transportamos nas nossas vidas.
    Infelizmente, gostaria de dizer ao mano, de que hoje, terá que ter medo, porque já nada é baseado nos valoeres que recebemos e conhecemos.
    Hoje existem outros valores, que certamente entram em contradição com os nossos.
    Vai levar muitos anos até que se consiga muda-los, mas concordo consigo de que tudo devemos fazer para a inverção desse estado de coisas.
    QUE SAO TOMÉ E STO ANTONIO PODEROSOS NOS AJUDEM!

  31. Chimberlingue

    24 de Maio de 2011 at 21:18

    Meu caro Horacio WIL esse seu artigo chega mesmo em na boa hora,para ajudar os nossos irmãos saotomense, na limpeza do obscurantismo supersticioso,e idolatra precedente herdado dos nossos ancestrais.
    Eu acredito que cada Pais tem o seu habito e costume;mas o nosso e de mais dao aval a rituais diabólico, que em Deus.Santo disso e daquilo,djambi,dev etc. Rituais macabro… Que coisa!Ate contratam quimbandeiros para tirar feitiço na escola de Guadalupe.Pais que padre e ministro…Como e que a terra nessas condição esmera o voto Divino?
    Michicoge.

  32. edmar will

    27 de Maio de 2011 at 13:38

    Meu ponto de vista este artigo esta completo com cabeça,tronco e membro são esses exemplos que nós os santomenses necessitamos como apoio pra terminar com alguns preconceitos. O Titulo encaixou bem no artigo´,só sei que aquilo que pude ler tirei dali muitos exemplos que ira me ajudar na vida futura.

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