COMUNICADO DA MEN NON POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DO 19 DE SETEMBRO- DIAS DAS MULHERES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Por ocasião de mais um aniversário do dia das Mulheres de São Tomé e Príncipe 19 de setembro, queremos deixar um viva e agradecer a todas aquelas bravas mulheres que lutaram para que hoje fossemos livres e independentes.
Somos Mulheres de São Tomé e Príncipe que querem e se sentem capazes de ter um papel MAIS vincado no processo de tomada de decisões e desenvolvimento do nosso país.
Apesar de não vivermos lá e estarmos aqui ou acolá, também somos de lá, gostamos de lá e fazemos o nosso melhor para honrar o nome do nosso país. País esse que não sai de nós nem que vivamos mil anos. Saímos de São Tome e Príncipe, mas São Tome e Príncipe não saiu de nós. Vivemos a nossa “santomensidade “todos os dias.
Somos da Diáspora. Somos emigrantes.Só quem já foi emigrante sabe o quão duro é viver longe da sua casa, da sua família, dos seus amigos e longe daquele verde que nos vai enchendo de esperança de um dia voltar definitivamente.
Imbuídas dessa tão falada e sentida “santomensidade”, um grupo de Mulheres reuniu-se e assim nasceu a Men Non- Associação de Mulheres de São Tomé e Príncipe em Portugal.
É uma associação sem fins lucrativos, que prima pela igualdade de direitos e oportunidades, que intervêm socialmente, apoiam os doentes de junta médica, e colaboram com outras associações de são-tomenses quer em Portugal quer nos outros países da Europa.
Men Nón, significa nossa mãe.O nosso objectivo cimeiro é dar colo, é dar apoio,é dar carinho e algum alento as famílias mais vulneráveis, principalmente aquelas que se deslocam a Portugal para fazerem os seus tratamentos médicos.
É ainda nossa finalidade contribuir para a capacitação das mulheres na liderança associativa, ajudá-las e sobretudo EMPODERÁ-LAS.
Somos mulheres que apesar de termos as nossas profissões, não deixamos de nos preocupar, de ajudar.É o que fazem as mães. As mães cuidam. Acreditamos no poder da nossa força, da nossa intervenção cívica em prol da justiça social, dos direitos humanos, e do empoderamento da mulher em geral e a são-tomense em particular.
A Men Non,não actua sozinha, ao longo dos anos temos desenvolvido e participado em actividades em parceria com outras associações e redes tais como: Embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal, CPLP, Acosp- Associação da Comunidade de São Tomé e Príncipe, Prosaudesc- Associação de Promotores de Saúde, Ambiente e Desenvolvimento , FDSTP-Fórum da Diáspora de São Tomé e Príncipe, Casa De São Tomé e Príncipe em Lisboa, Nós por Lá,ADVEC, Casa de São Tomé e Príncipe no Reino Unido, Bué Fixe entre outras.
Estando longe do país, tentamos educar os nossos filhos com alguns valores do país de acolhimento, mas sem nunca esquecer os nossos costumes, crenças e cultura, não nos esquecemos das expressões que se nos colam a alma, como xei, e o leve leve.
É fácil? Perguntam? Não é nada fácil.
Fazemos o que podemos enquanto mães e educadoras, muitas vezes sozinhas.
Existem valores que são comuns, e são esses mesmos valores que não podemos deixar cair em desuso.
São valores como o respeito, trabalho, honestidade, bondade, solidariedade e dignidade que vão fazer toda a diferença no futuro dos nossos filhos, que desejamos que sejam homens e mulheres honrados, rectos , responsáveis que um dia serão líderes.
Muitas de nós levanta-se as 4 ou as 5h da manhã, deixamos os nossos filhos a dormir para irmos trabalhar.
Muitas vezes trabalhamos em 2, 3 ou mesmo 4 casas, fazendo horas, para auferir uns míseros 500 ou 660 euros. Mas não desistimos. Faça sol ou faça chuva temos que continuar. Temos filhos e família que dependem exclusivamente de nosso trabalho.
É muito comum ouvirmos as crianças a dizer:” a minha mãe sai de casa de noite e entra de noite. Quando ela sai, eu “AINDA” estou a dormir, e quando ela regressa eu “JÁ” estou a dormir”.
Com esses horários, quase que não conseguimos estar com os nossos filhos. Temos que fazer conceções e estabelecer prioridades. Primeiro pão, tecto e educação.
Os nossos filhos estão todos eles escolarizados, pelo menos no ensino básico e secundário.
Estão bem integrados nas sociedades e países de acolhimento.
Apesar de muitas lutas e desafios coloca-se a questão:
-Enquanto mulheres modernas e do século XXI na diáspora, conquistamos alguma coisa?
Sem sombra de dúvidas que sim. Cada uma de nós terá a sua própria perceção ou visão do que é uma conquista. Mas parece-nos unânime que a independência financeira seja uma dessas.
Sem termos certezas absolutas, podemos dizer que perto de 70% das mulheres da diáspora tem a sua independência financeira. O facto de trabalharmos e ganharmos o nosso próprio dinheiro, EMPODERA-NOS.
Não importa quanto ganhamos, por menos que seja o salário, é nosso,é fruto do nosso trabalho.
Será que ainda há dúvidas que a mulher são-tomense ,
de saia e quimone que lava no rio Manuel Jorge,
que vende a sua banana e fruta pão no mercado,
que sai à rua gritando ” iá vuadô, tlêchi dê xin clôa,
a que trabalha de sol a sol e que se priva para que os seus filhos estudem,
que trabalha no banco,
no hospital,
na repartições públicas ,
que são directoras,
deputadas,
ministras,
professoras,
engenheiras,
enfermeiras.
que SÃO MÃES,
há dúvidas que essa mulher é forte, bonita, e vaidosa?
Há dúvidas que essa mulher é capaz, competente, empreendedora, resiliente e alegre
viva , determinada e luminosa?
Quem pode duvidar, que todas nós, as de cá e as de lá , MULHERES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE conseguimos elevar o nome do nosso país a um nível mais alto?
Barak Obama responde por nós
YES WE CAN- SIM PODEMOS
FELIZ DIA PARA TODAS NÓS
Lisboa 19 de Setembro de 2017
P’la Men Non
Solange Salvaterra Pinto
Vice-presidente
Men Non- Associação das Mulheres de São Tomé e Príncipe em Portugal