PARCERIA – Téla Nón / Rádio ONU
Segundo relatório da agência da ONU, apesar de queda significativa no desemprego juvenil desde o auge da crise econômica em 2009, a falta de oportunidades continua prejudicando a busca dos jovens por trabalho decente.
Foto: Banco Mundial/Arne Hoel
Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
Mais de 35% dos desempregados em todo o mundo neste ano são jovens, afirmou nesta segunda-feira a Organização Internacional do Trabalho, OIT.
Em 2016, a taxa global de desemprego juvenil ficou estável em 13%. Segundo o relatório Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2017, lançado pela agência da ONU nesta segunda-feira, a expectativa é que o índice aumente levemente para 13,1% neste ano.
Números
O número estimado pela OIT de 70,9 milhões de jovens desempregados em 2017 representa uma melhora significativa em relação aos 76,7 milhões no auge da crise em 2009. No entanto, a agência calcula que esse número deve aumentar em mais 200 mil em 2018, chegando a 71,1 milhões.
Para o chefe da OIT em Nova Iorque, Vinícius Pinheiro, o relatório “traz cifras bastante preocupantes”.
“Ponta do iceberg”
“E o que importa não é somente a quantidade de empregos, né, eu acho que o nível de desemprego é somente a ponta do iceberg porque mesmo os que estão empregados estão em empregos precários e de baixa qualidade. O relatório mostra, por exemplo, que 76,7% dos jovens empregados, três em cada quatro, estão empregados na economia informal, sem proteção, sem contrato, sem nenhuma garantia. E cerca de 39% dos jovens nos países em desenvolvimento, que dá cerca de 160 milhões de trabalhadores jovens, vivem abaixo da linha de pobreza, então, eles estão empregados, mas não ganham suficiente para viver”.
Pinheiro falou ainda do número de jovens que não estão trabalhando, estudando nem recebendo treinamento: cerca de 21,8% da população jovem.
Segundo a OIT, a “fraca recuperação nos mercados de trabalho juvenil exige uma resposta abrangente”. Na entrevista, o chefe da OIT em Nova Iorque citou o que pode ser feito para incentivar o crescimento do emprego entre jovens.
“Primeiramente é importante investir em educação e em habilidades, principalmente na área digital. Uma grande parte dos empregos do futuro, eles vão requerer um certo conhecimento em relação às novas tecnologias, então, é fundamental que os sistemas de educação preparem a força de trabalho para os empregos do futuro. Outras áreas que há uma tendência para expansão são as áreas de serviços financeiros, área de serviços sociais e saúde, comércio, serviços de hoteis, restaurantes, transporte e também a área de informação e comunicações”.
Pinheiro ressaltou ainda ser importante o acesso a empréstimos ou a mecanismo de financiamento que possam inclusive estimular jovens a gerar seus próprios empregos. Ele também lembrou que o emprego jovem depende da tendência geral de empregos.
Qualidade
Segundo o relatório, três em cada quatro jovens mulheres e homens empregados estão em trabalhos informais, em comparação com três em cada cinco adultos. Nos países em desenvolvimento, essa proporção chega a 19 em cada 20 jovens mulheres e homens.
Para a OIT, o desafio do emprego juvenil não é, portanto, apenas sobre a criação de emprego, mas principalmente sobre a qualidade do trabalho e empregos decentes para a juventude.
Mulheres
O relatório também destaca vulnerabilidades contínuas de mulheres jovens no mercado de trabalho.
Segundo a OIT, em 2017, a taxa global de participação de mulheres jovens na força de trabalho é 16,6 pontos percentuais menor que a de homens jovens e os índices de desemprego entre elas também são significativamente maiores.
Além disso, a diferença de gênero na taxa de jovens que não estão trabalhando, estudando nem recebendo treinamento é ainda maior: globalmente, esse índice é de 34,4% das mulheres jovens, comparado a 9,8% dos homens jovens.
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