Sociedade

Unicef: toda uma geração centro-africana pode crescer traumatizada

Violência e insegurança provocaram deslocamento de mais de 1,3 milhão de crianças; um quinto das escolas do país está encerrado; sudoeste centro-africano tornou-se região mais atingida pelas ações de criminosos.

Foto: OIM/Sandra Black

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.*

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou esta terça-feira para o risco de “toda uma geração crescer traumatizada na República Centro-Africana”.

A agência destaca a falta de instrução adequada, de cuidados de saúde e a “constante exposição à pior violência” como consequências da atual tensão provocada por grupos armados.

Aumento

Para o Unicef, 2017 foi “um ano muito difícil para as crianças e mulheres centro-africanas”. A agência declara que a situação não poderá melhorar nos próximos meses.

Um exemplo disso são as regiões centro e noroeste, que já antes eram instáveis, e tiveram um aumento dramático da violência. Todo o sudoeste, que antes estava livre da crise, é agora a região mais atingida pelas ações de criminosos.

Este ano, esses grupos impediram o acesso humanitário e a sua atuação provocou a morte de 14 trabalhadores do setor em todo o país.

Escolas

De acordo com o Unicef, as organizações de auxílio foram obrigadas a suspender temporariamente suas atividades em vários locais do país onde metade da população carece de apoio.

Mais de 1,3 milhão de deslocados são crianças e um quinto das escolas centro-africanas está encerrado por causa da insegurança. Em escolas abertas, não há professores suficiente para atender tantos alunos.

Recrutamento

Mais da metade dos relatos de abusos de direitos infantis em relação ao ano passado. O número de crianças recrutadas por grupos armados duplicou.

Os desafios atuais incluem a interrupção de campanhas de imunização em várias regiões e a falta de cuidados básicos em particular em regiões onde as ONGs já não conseguem operar.

A agência anunciou que recebeu 46% dos fundos que precisava para atender as necessidades humanitárias e pede “todo o apoio possível” para o país se não de pretende que “o destino das crianças seja terrível”.

Uma das prioridades é a área educação onde se pretende aumentar os espaços de ensino temporário. A ideia é que estes passem a acolher 85 mil alunos em 2018, dos atuais 50 mil.

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*Apresentação: Manuel Matola.

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