Cerca de 10 mil refugiados já foram registrados na Nigéria; camaroneses tentam escapar de confrontos que ocorrem nas áreas do país onde se fala inglês; Acnur muito preocupado, especialmente com menores que chegam desacompanhados.
Famílias do Camarão que saem do país pela insegurança. Foto: © UNHCR/Elizabeth Mpimbaza
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
O número de pessoas que abandonam áreas onde se fala inglês nos Camarões está crescendo, e a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está cada vez mais preocupada com a quantidade de mulheres e de crianças que partem em busca de refúgio na Nigéria.
Elas formam 80% dos 10 mil camaroneses já registrados no estado nigeriano de Cross River. Mas há milhares de refugiados ainda não identificados como tal nos estados vizinhos.
Trabalho infantil
Segundo a mídia local, os confrontos começaram porque a minoria de língua inglesa afirmou não receber as mesmas oportunidades em serviços, por parte do Estado, em sua língua materna. A maioria dos habitantes fala francês.
De acordo com o Acnur, muitos meninos e meninas fugiram sozinhos dos Camarões. Essas crianças desacompanhadas são afetadas pela falta de acesso a alimentos e a falta de oportunidades de subsistência.
Os funcionários da agência receberam vários relatos de crianças que têm de trabalhar ou pedir esmola para sobreviver ou para ajudar suas famílias. A maioria não consegue frequentar a escola.
O Acnur trabalha com as autoridades da Nigéria para ajudar no reencontro das crianças com suas famílias, para fornecer proteção e para garantir que todas tenham acesso à educação.
Violência
Já para as mulheres, existe o risco de violência sexual e violência de gênero. Até o momento, foram poucos casos registrados, mas o Acnur está preocupado com a possibilidade de muitos incidentes não serem reportados.
Existem vítimas de violência doméstica e casos de garotas de 14 anos grávidas. No estado de Benue, na Nigéria, duas escolas foram transformadas temporariamente em abrigo para refugiados.
O Acnur fornece alimentos, itens de saúde e água para os refugiados camaroneses, que contam que abandonaram suas casas pela insegurança.
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