Sociedade

Índice de Desenvolvimento Humano da ONU inclui variante pegada de carbono

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento divulga relatório sobre 189 países com novos ajustes e variantes; IDH inclui taxas de emissões de CO2 e pegadas de carbono ao lado de indicadores tradicionais como saúde e educação.

As Nações Unidas lançaram esta terça-feira o Relatório de Desenvolvimento Humano 2020 com o título “A Próxima Fronteira: Desenvolvimento Humano e o Antropoceno”. Este é o 30º aniversário da publicação.

Noruega, Irlanda, Suíça, a Região Administrativa Especial de Hong Kong,  Islândia, Alemanha, Suécia, Austrália, Holanda e Dinamarca estão no topo do relatório com os melhores índices de desenvolvimento humano, IDH. No outro extremo, o Níger tem o índice mais baixo depois de Burquina Fasso, Serra Leoa, Mali, Burundi, Sudão do Sul, Chade e República Centro-Africana.

Lusófonos

Este ano, o relatório do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, inclui variantes como as taxas de CO2, as emissões que causam o efeito estufa e a medição da pegada de carbono dos países.

Dentre as nações de língua portuguesa, Portugal é o melhor colocado no IDH com a posição 38 de 189. Brasil aparece na 84, Cabo Verde e Timor-Leste na 126 e 141, respectivamente.

Moçambique continua na última posição da lista dos lusófonos e uma das últimas do mundo: 181. Antes estão São Tomé na 135, Angola em 149 e Guiné-Bissau na 175.

O Pnud reconhece a pressão da Covid-19 sobre o IDH, mas diz que esta pandemia não será a última crise, a não ser que haja uma transformação contra a mudança climática.

Pegadas de CO2

O chefe do Pnud, Achim Steiner, disse que os “seres humanos têm mais poder sobre o planeta do que nunca”. Diante de desafios como pandemia, temperaturas recordes e uma espiral de desigualdades “é hora de usar fatores como a pandemia e as temperaturas para redefinir o que se entende por progresso, onde as pegadas de carbono e o consumo não estão mais ocultos”.

Para ele, nenhum país alcançou ainda um desenvolvimento humano muito alto sem colocar imensa pressão sobre o planeta. A expectativa é que a atual seja a primeira geração a corrigir esse erro na que é considerada “a próxima fronteira para o desenvolvimento humano”.

O relatório argumenta que à medida que as pessoas e o planeta entram numa época geológica totalmente nova, o Antropoceno ou Idade dos Seres Humanos, é momento de todos os países redesenharem os caminhos para o progresso.

Fronteira

Nessa via, devem ser abordadas as pressões que os humanos colocam sobre a Terra, e desmantelar os desequilíbrios de poder e oportunidades que impedem a mudança.

O documento demonstra como o cenário de desenvolvimento global mudaria se o bem-estar das pessoas e do planeta fossem centrais na definição do progresso da humanidade.

O relatório aponta ainda a exigência para essa próxima fronteira para o desenvolvimento humano: “trabalhar com e não contra a natureza, enquanto se transformam normas sociais, valores e incentivos governamentais e financeiros.”

Acordo de Paris

Com base em projeções até 2100, o documento adverte que os países mais pobres poderiam experimentar até mais 100 dias de clima extremo devido às mudanças climáticas a cada ano.

Essa cifra poderia ser cortada pela metade se o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas fosse totalmente implementado.

O diretor de Gabinete de Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud disse que a forma como se refletem as pressões planetárias sobre as pessoas está ligada à forma como as sociedades funcionam. Pedro Conceição defende as sociedades disfuncionais estão colocando as pessoas e o planeta em rota de colisão.

O relatório defende que são disparidades dentro e entre países, com raízes profundas no colonialismo e no racismo, que levam economias com mais poder a capturar os benefícios da natureza e a exportar os custos.

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