Os jovens universitários são-tomenses descendentes de cabo-verdianos são filhos, netos e bisnetos dos cabo-verdianos que emigraram para as roças de S. Tomé e Príncipe a partir de 1940, altura em que o arquipélago de Cabo Verde passou por circunstâncias dramáticas, nomeadamente crises cíclicas, falta de chuva e prática agrícola insuficiente.
Em 2007 começaram a desembarcar em Cabo Verde a fim de fazerem a formação superior sob a responsabilidade do governo deste país.
O apoio a esses jovens para a formação superior em Cabo Verde foi uma estratégia criada pelo supracitado governo para ajudar a diáspora cabo-verdiana em S. Tomé e Príncipe.
Identidade e Integração dos JUSDC em Cabo Verde
Importa referir que do ponto de vista sociológico “toda e qualquer identidade é construída”, como afirma CASTELLS (2007: 4).
Em Cabo Verde, os jovens em causa identificam-se como são-tomenses por uma série de razões, a saber: Serem vistos e tratados como tal, terem nascido e crescidos em São Tomé e Príncipe e constituirem uma minoria em relação aos cabo-verdianos nascidos em Cabo Verde.
Na verdade, a questão de se identificarem como são-tomenses ou cabo-verdianos depende dos interesses dos actores sociais e das relações tecidas com e nos grupos sociais. Isso porque, os que possuem a nacionalidade cabo-verdiana identificam-se também como cabo-verdianos em termos de identidade jurídica (bilhete de identidade), tirando proveito das vantagens da referida nacionalidade quando necessário (constituindo também um meio para atingir um fim). Neste sentido, consideramos numa perspectiva sociologica, a identidade como uma “máscara de disfarce”.
O facto de serem vistos e tratados como são-tomenses pela sociedade cabo-verdiana faz com que construam a sua imagem como são-tomenses. Daí que SAINT-MAURICE (1997) chama atenção para o conceito de “imagem” como resultado da representação do seu próprio “eu” (no caso de identidade pessoal) ou do “nós” (no caso da identidade social). Por diferença ou oposição e na interacção com a sociedade receptora (cabo-verdiana), os estudantes constroem a sua identidade, ou seja, marcam a sua exterioridade a partir das representações que fazem dos outros e de si próprios, independentemente da sua vontade.
O conceito de identidade é um produto de interação social múltiplo, visto que os universitários são-tomenses descendentes de cabo-verdianos constroem a sua identidade na interação com a comunidade são-tomense e cabo-verdiana.
Nestes casos, ficam com um pé numa cultura e outro noutra. Na óptica de PAIS (2009) são “seres diatópicos”, articulam e desarticulam identidades nas suas interacções, identificando-se ora como são-tomenses, ora como cabo-verdianos. Sendo assim, as suas identidades, cujo carácter é flexível e dinâmico, são forjadas pela síntese de uma multiplicidade de contribuições culturais são-tomenses e cabo-verdianas e não apenas por uma única referência cultural. As fronteiras que os separam das duas culturas são movíveis, e essa mobilidade depende da imagem que os mesmos têm de si próprios e também da que fazem de si quando confrontados com o outro, o que nos leva a dizer que esses universitários possuem uma “identidade líquida”.
Pelo facto de serem estudantes e, consequentemente, fazerem parte de uma elite intelectual e de, por causa disso, terem um “status social” diferente dos outros imigrantes (diga-se de passagem que nesse aspecto são privilegiados), a sua integração processou-se de forma suave, equilibrada e consciente. Apesar de as suas relações serem tecidas em diferentes grupos sociais, nunca perderam a sua identidade, visto que é algo socialmente construído. Sendo assim, importa realçar que eles sabem salvaguardar os seus direitos.
Não obstante algumas dificuldades relacionadas com o afastamento da terra natal, estilo e condições de vida dos cabo-verdianos e bolsas de estudos, de um modo geral estão bem integrados na sociedade cabo-verdiana, pois estão a par das ocorrências, têm o apoio da comunidade em que estão inseridos, respeitam e são respeitados, não são discriminados, têm oportunidades para participar nas actividades, grupos, em movimentos e relacionam-se bem com os indivíduos da sociedade acolhedora.
O facto de eles terem encontrado familiares que lhes atribuíram algum tipo de apoio (moral, material e/ou financeiro) constitui um factor importante, mas não determinante no tocante à sua integração em Cabo Verde. Isto porque há outros factores que têm também o seu peso nessa questão, casos de participação em associações, movimentos, actividades ou grupos de bairro e prática desportiva. Porém, gostaríamos de salientar que cada um desses aspectos individualmente não determina a integração dos universitários em questão, pois para que essa integração se efective de facto é necessária uma conjugação de factores.
Carlos Silva Oliveira Lopes
Licenciado em Sociaologia (via tecnica e ensino) pela Universidade de
Santiago, Cabo Verde
Loysik P. Q. da Trindade
23 de Maio de 2013 at 17:27
Muito bem meu caro amigo Carlos Silva Oliveira Lopes, gostei do artigo, de uma forma simples e objetiva descreveste a situação dos Jovens Universitários São-tomenses Descendentes de Cabo-verdianos em Cabo verde, tu enquanto Sociólogo tocaste nos pontos fundamentais no que diz respeito á sua integração e identificação. Parabéns pelo trabalho. Força ai!
Carlos Lopes
23 de Maio de 2013 at 19:00
Brigado Caro Loysik P. Q. da Trindade.
Desta forma podemos avancar pistas que facilitam os que criam politicas/leis no sentido de responder as dinamicas sociais. Tomara que levem em conta as leituras e interpretacoes que fazemos enquanto cientistas sociais.
joy boss
24 de Maio de 2013 at 12:46
muito bem meu carro amigo… li o artigo e fiquei radiado de felicidade em saber que o meu miúdo ta assim tão competente “IRONIA”,falando mais serio ainda digo ja que tens total razão no que se refere a socialismo fora das tuas raizes….
Dos Prazeres..diz
24 de Maio de 2013 at 14:18
Amigo, felicito-te antes de tudo por esta bela esplanaçao, eaproveito para dar uma dica … Nao pare por ai ti provoco a ir mas fundo pra tu continuares assim a nos brindar com as tuas pesquisas, e assim de passa a passo consiguiremos claro com a tua ilustre contribuiçao para o desenvolvimento dessa e de muitas outras
sociedades enquanto cientista,,, oUm muito obrigado por este artigo.
Alexandra Pereira Quaresma
26 de Maio de 2013 at 21:20
Muito bem Carlos Lopes, quero muito te felicitar porque gostei bué da tua iniciativa…bem pensado. Parabéns mereces.
Adler Santiago
29 de Maio de 2013 at 19:27
Se depender de mim, este artigo irá circular em Cabo Verde e a sua Diáspora, através do Jornal Universitário VOZ DA US.
Olívio C. Araújo
10 de Junho de 2013 at 1:15
Excelente análise sobre o processo de integração e identidade dos Universitários são-tomenses descendentes de cabo-verdianos em Cabo Verde, caro sociólogo Carlos Lopes. Confesso que sou um dos testemunhos vivo e ocular desta análise sociológica, estou sem palavras… de facto a análise feita por si, é tal qual a nossa vivencia em Cabo verde.
Hirondina Lopes
10 de Junho de 2013 at 10:57
Bom trabalho, caro Irmao, gostei imenso da sua iniciativa,a favor dos estudantes Uviversitarios sao – tomenses, em Cabo Verde, focaste bem nos pontos ligados a situacao critica dos mesmos neste pais e nao fugiste da realidade, quero que saibas que tens ca mais uma aliada e companheira nesta batalha, pois, sugiro que sigas sempre em frente com esta ideia e nao vas a baixo por uma critica ou um comentario contra ao que defendeste, mas sim, que facas dessas criticas um degrau de continuidade.
Forca ai mano,
Parabens pela iniciativa <3 <3 <3
arilde rocha
10 de Junho de 2013 at 23:42
muito bem Carlos, este artigo é muito importante,e super interessante é uma boa iniciativa, estas de parabéns.
Vladimir Pereira
11 de Junho de 2013 at 0:09
Caro, amigo, colega em fim irmão queria deixar as minhas congratulações pela excelência do trabalho, de facto deixou vislumbrar-se que és um parceiro fiel da investigação social. Lembre sempre que como diz o Friedrich Nietzsche e bem que “não é a força mas a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade.” Meus parabéns
Cabujura
11 de Junho de 2013 at 0:38
Parabéns, Carlos. Mandaste bem
Silvino Fonseca
11 de Junho de 2013 at 1:31
Parabéns meu caro amigo e primo. Gostei muito do artigo e confesso estar agora a par do que é a vossa vivência, integração e socialização com o povo da minha terra. Estou convosco nesta caminha em termos de apoio no que poder… tenho muito orgulho de ti. Força aí.
Carlos Lopes
20 de Junho de 2013 at 19:32
uma vez mais obrigado caríssimos, essas palavras me fortalecem muito e rega maior sentido de responsabilidade nas análises e reflexões.
lay
21 de Junho de 2013 at 18:36
Parabéns!
Bem estruturado do ponto de vista das abordagens conceptuais..
bem como das literaturas.
força aí mano!
cabral
23 de Junho de 2013 at 1:40
este artigo é muito ilustrativo e trata coerentemente o assunto a ser tratado e sobretudo abre portas para futuros estudos dos estudantes Santomenses não apenas em cabo verde mas também noutras paragens e espero ver mais um artigo seu ai sobre por ex. A integração do Santomense no desenvolvimento e sociedade moderna
Prof. Dr. Julio C de Carvalho
24 de Junho de 2013 at 1:00
Um trabalho com base solida. COntudo, gostaria de poder ler o estudo na sua totalidade–para entender questoes metodologicas. Mas,quero acreditar que este investigador conseguiu, de uma foam geral, captar a essencia–que é comum nos grupos que emigram/imigram.
Tambem, gostaria de ver um outro estudo, se possivel, sobre ser (descendente de) caboverdiano em STP. Quero acreditar que o resultado seria mais ou menos identico–o que traduz nao ser totalmente aceite em CV ou STP.
Jackson Paquete
24 de Junho de 2013 at 17:33
Meus parabéns meu amigo Carlos Silva Oliveira Lopes, ai ta um artigo excelente , com conteúdos interessantes, com otima discrição da actual situação dos jovens s Universitários São-tomenses Descendentes em Cabo verde, enquanto Sociólogo tocaste nos pontos fundamentais no que diz respeito á sua integração e identificação. fico feliz mesmo por te bro…………..!