Cultura

Exorcisando Demónios do Trono

capa1.jpgÉ um livro de 204 páginas, publicado em Londres no dia 16 de Maio de 2009, e que tem São Tomé e Príncipe no centro da reflexão. Uma obra importantíssima escrita por Albertno e Nujoma. Dois cidadãos nacionais que avançam com “medidas decisivas para eliminar os maus espíritos do ambiente político”. Paulo Oliveira leitor do Téla Nón, conseguiu convencer os autores da obra a traduzir alguns excertos do livro publicado em inglês, assim como a entrevista de Albertino Francisco um dos autores  obra dada a BBC.

Descrição do Livro

Em Inglês

Title: Exorcising Devils from the Throne

Hardcover: 204 pages

Published: May 16, 2009

Language: English

ISBN-10: 9899621706

ISBN-13: 978-9899621701

Description:

This rather intriguingly titled book offers ideas about how to take ‘decisive steps towards removing evil souls from the political environment’ in the former Portuguese colony of Sao Tome and Principe (STP) in West Africa, and establishing social conditions in which this defunct state can revive and flourish as a democracy. It is a political treatise that analyses STP’s specific problems, censures those who have caused or contributed to them, proposes viable solutions, and attempts to bring the issue to wider public attention. Albertino & Nujoma’s book clearly has a significant agenda, and as a socio-political document alone, it makes interesting reading as it charts STP’s fortunes since achieving independence in 1975. The symbolic slant does not mask the very real practical problems faced by the island, which the authors discuss with knowledge and insight. They consider, for example, the corruption, despotism and illegal activities of Presidents Pinto da Costa, Miguel Trovoada and Fradique de Menezes; the failure to properly exploit the island’s natural resources; issues of insularity; economic instability and political ‘illiteracy’, etc, which make this natural ‘paradise on Earth’ a ‘complete human misfortune’. And although their talk of the ‘evil souls’ of their country’s rulers may seem to hint at religious zeal or even extremism, they have a valid (and indeed universal) point to make about the nature of those who often run governments – for the benefit of an elite few rather than the good of all. The prose style is quite original in that the authors frequently employ metaphors to illustrate a factual and painful situation: the political status in São Tomé is a ‘game’ and a ‘dance’; its people have walked in ‘a desert of poor governance’ for years and are reduced to the role of ‘clowns of the court’; policy-makers are likened to ‘crazy ants’ while da Costa, Trovoada and de Menezes are erratic ‘chameleons’ and other Sao Tomean politicians are ‘monkeys’ and their ideas the branches from which they leap, one to another, indiscriminately. So, rather than the strict formality we might expect from a book of this nature, Albertino & Nujoma offer a far more lyrical style of writing, which renders the picture they paint more vivid. That said, there are more prosaic touches – for instance, in the sections on STP’s annual budget, petrol negotiation etc, which employ statistics to back up their points. As a book about a small African archipelago that is virtually unknown on the international stage, Exorcising Devils from the Throne is a fascinating take on a difficult and pressing issue.

Em português

Título: Exorcizando Demónios do Trono

Capa Dura: 204 páginas
Publicado em: 16 de Maio de 2009
Idioma: Inglês

ISBN-10: 9899621706

ISBN-13: 978-9899621701

Descrição:

Este intrigantemente intitulado livro oferece ideias sobre como tomar “medidas decisivas para eliminar os maus espíritos do ambiente político” na antiga colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe (STP), na África Ocidental, estabelecer condições sociais em que este Estado defunto possa reanimar-se e florescer como uma democracia.

É um tratado político que analisa os problemas específicos de STP, censura aqueles que tenham causado ou contribuído para eles, propõe soluções viáveis e tenta levar a questão à atenção do público numa maior audiência. O livro de Albertino & Nujoma tem claramente uma importante agenda, e como um documento socio-político por si só, faz uma interessante leitura, pois faz o retrato de STP desde a independência em 1975.

O cunho simbólico não mascara os verdadeiros problemas práticos enfrentados pelas ilhas, que os autores discutem com conhecimento e discernimento. Eles consideram, por exemplo, a corrupção, o despotismo e as actividades ilegais dos presidentes Pinto da Costa, Miguel Trovoada e Fradique de Menezes, a incapacidade de explorar adequadamente os recursos naturais do arquipélago; questões de insularidade; instabilidade económica e “analfabetismo” político, etc., que tornam este natural “paraíso na Terra” numa “completa desgraça humana”.

E embora as suas alegações sobre as “más almas” dos governantes do país possam remeter para um zelo religioso, ou até mesmo extremismo, eles têm um válido (e na verdade universal) ponto a focar sobre a natureza daqueles que muitas vezes dirigem governos – para o benefício de uma elite em detrimento de todos. O estilo da prosa é bastante original, em que os autores frequentemente empregam metáforas para ilustrar uma situação factual e dolorosa: o estatuto político de São Tomé e Príncipe é um “jogo” e uma “dança”, o seu povo tem caminhado num “deserto de má governação” durante anos e foi reduzido ao papel de “bobos da corte”, os decisores políticos são equiparados a ” formigas doidas”, enquanto da Costa, Trovoada e de Menezes são erráticos “camaleões” e outros políticos de São Tomé e Príncipe são “macacos” e as suas ideias os ramos em que pulam, de um para o outro, indiscriminadamente.

Então, em vez da estrita formalidade que poderíamos esperar de um livro desta natureza, Albertino & Nujoma oferecem um estilo de escrita muito mais lírica, o que torna a imagem que pintam mais viva. Dito isto, há mais toques prosaicos – por exemplo, nas secções sobre o orçamento anual de STP, os acordos petrolíferos, etc., em que empregam estatísticas para fazer fundamentar os seus pontos. Sendo um livro sobre um pequeno arquipélago africano que é praticamente desconhecido na cena internacional, “Exorcising Devils the Throne” é uma fascinante abordagem sobre uma questão difícil e horrível.

Excerto de “Exorcising Devils from the Throne”

Chapter 1: The Roots of Our Reasoning

It is not lightly that we began by describing the spiritual weaknesses of the imbeciles who run the fate of this Nation, seemingly erasing from sight all its efforts of building a society where there is any glimmer of human civilization in the fullest sense of the term. It is not said in anger and frustration, nor is it said without substance or a lack of evidence. Rather, we were driven by many very real, very evident factors: Some scenarios reported in the public square, and others that run from the mouth to the ears of the world, told by popular guests who stand as witnesses of our revelations. Alone in our thinking, hammering on in this cruel reality, only God knows how much anguish caused by the episodes we describe here we have personally had to suffer – we are human beings, made of body and soul; we do not deserve pain. How many times we have felt alone, believing that the way things are projected in our mind is just a hallucination of ours, just an unrealistic vision of the reality that only we have; how many times do we have to endure these feelings, these thoughts of self-doubt and inner-hurt? How many times have we summarized ourselves into the silence and fear of not being understood? Answer: Many times – and always too many times. It seemed to us that nobody really saw the bad side of reality and that our voices could be heard only by ourselves, no matter how loudly we screamed with our lungs full. Instead, the people seemed to rely on their greatest enemies – the Government. However, it is not true. Soon we discovered that we are not alone in this struggle, and now, with a team of voices echoing our own, it is the time to tell the whole truth.

Albertino & Nujoma, in “Exorcising Devils From the Throne”

Tradução de excerto de “Exorcising Devils from the Throne”

Capítulo 1: As Raízes do Nosso Raciocínio

Não é de ânimo leve que começámos a descrever a fraqueza espiritual dos imbecis que comandam o destino deste povo, visivelmente deitando por terra todos os seus esforços de construir uma sociedade onde haja o mínimo de civilização humana, na mais plena acepção do termo. Isto não é dito com rancor, nem frustração, nem tão pouco sem substância ou falta de evidências.

Muito pelo contrário, fomos impulsionados por factores muito reais, muito evidentes, alguns cenários divulgados na praça pública, e outros que correm da boca aos ouvidos do mundo, contados por populares anónimos, testemunhas das nossas revelações. Isolados no nosso pensamento, martelando sobre esta cruel realidade, só Deus sabe quanto sofremos pelas angústias que os episódios que descrevemos aqui nos causam – somos seres humanos, de corpo e alma; não merecemos sofrer.

Quantas vezes nos sentimos sozinhos, julgando que a forma como as coisas se projectam na nossa mente é apenas uma alucinação nossa, visão irrealista que só nós temos da realidade? Quantas vezes seremos obrigados a aturar estes pensamentos de dúvida e mágoa interiores? Quantas vezes nos resumimos ao silêncio e ao medo de não sermos compreendidos? Muitas. Tudo parecia que ninguém enxergava o lado verdadeiramente ruim da realidade e que as nossas vozes só podiam ser escutadas por nós mesmos, não importasse quão alto gritássemos com os nossos pulmões cheios. O povo parecia confiar no seu maior inimigo – os governantes. Mas engano nosso. Tão cedo descobrimos que não estamos sozinhos nesta luta. E, agora, com uma equipa de vozes ecoando a nossa própria,  é o momento de contarmos toda a verdade.

Albertino & Nujoma, in “Exorcising Devils from the Throne“.

Como aceder a informações do livro através da Internet (PRINCIPAIS FONTES):

BBC:  http://www.bbc.co.uk/worldservice/africa/index.shtml

BBCWSafrica: http://twitter.com/BBCWSafrica

AMAZON.COM: http://www.amazon.com/Exorcising-Devils-Throne-Albertino-Francisco/dp/9899621706/ref=pd_rhf_p_t_1

AMAZON.FR: http://www.amazon.fr/Exorcising-Devils-Throne-Albertino-Francisco/dp/9899621706/ref=pd_rhf_p_t_1

AMAZON.CO.UK: http://www.amazon.co.uk/Exorcising-Devils-Throne-Albertino-Francisco/dp/9899621706/ref=pd_rhf_p_t_1

AMAZON.DE:  http://www.amazon.de/Exorcising-Devils-Throne-Albertino-Francisco/dp/9899621706/ref=pd_rhf_p_t_1

WEBSTER.IT:  http://www.webster.it/read_books_usa-social_science_politics_government-JNF043000-p_1.htm

LIBRERIA UNIVERSITARIA: http://www.libreriauniversitaria.it/books_social_science_politics_government-JNF043000.htm

AMAZON.CA: http://www.amazon.ca/Exorcising-Devils-Throne-Albertino-Francisco/dp/9899621706/ref=pd_rhf_p_t_1

Parte resumida da entrevista de Albertino Francisco (AF) feita por Maimouna Jallow (MJ) à BBC:
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AF: Podemos resumi-lo em apenas uma palavra: Demónios. Porque eles (políticos) não são bons para nós. As suas acções são bastante graves, os seus expedientes não têm por base conhecimentos de suporte, por isso falham. Não têm caracter e nem humanidade.

MJ: Diz que as suas acções são assim tão graves, pode me dar alguns exemplos específicos?

AF: Por exemplo, nos últimos 20 anos, nós tivemos premunição de coisas perigosas. Sempre que se tentam implementar projectos de desenvolvimento do país, os governos não permitem os seus progressos.

MJ: São Tomé e Príncipe é um país democrático, então os seus líderes foram eleitos pelo povo, portanto, isto tudo é muito grave, não é verdade?

AF: A política é vista como um negócio. Portanto, eles normalmente não sabem em que consistem a política, as eleições, a votação. Se você tiver muito dinheiro, poderá comprar os votos. Isto não é democracia!

MJ: Se isto é gravíssimo, que opções tem São Tomé e Príncipe?

AF: Talvez, a opção que temos é fazermos uma Revolução. Expulsá-los do Trono, primeiro, fazer mudanças na Constituição, na sociedade, entre outras coisas, a cultura e a língua que falamos. Nós somos um país africano e não temos a nossa própria língua, por exemplo; os 34 anos de independência não significaram que pudéssemos falar correctamente a nossa língua. Ela não tem um dicionário, uma gramática. Na escola não falamos a nossa língua, o que falamos é português. Se temos um passado, esse passado vem da África.

MJ: Se a Revolução vem do povo, estará o povo de São Tomé e Príncipe pronto para a Revolução? Considere que muitas pessoas vivem na profunda pobreza e que muitas delas não têm a noção da consciência política, quão preparadas estarão elas para tomar parte da Revolução?

AF: Elas não estão preparadas. Teremos que treiná-las, educá-las, e isto leva 5, 6, 10 anos, não sei… Nós devemos matar os nossos medos!

MJ: Alguém tem ralhado consigo, houve alguma represália contra si desde a publicação do livro?

AF: Ainda não! É um terrível silêncio!

MJ: Talvez esse silêncio se deva ao facto do livro ter sido escrito em inglês. Porquê escolheu escrever o livro em inglês num país que fala português?

AF: Toda a gente deste país sabe que o povo está a sofrer.

MJ: Está optimista relativamente ao futuro de São Tomé e Príncipe e o seu povo?

AF: Sim… sim… Esta geração de políticos não sobreviverá no poder por mais do que 10 anos.

A fonte da BBC: http://www.bbc.co.uk/worldservice/africa/index.shtml

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