Cultura

TRÊS DE FEVEREIRO – UMA RELEITURA ACTUALIZADA

Tema da palestra proferida por Filinto Costa Alegre no Instituto Diocesano de Formação João Paulo II.

TRÊS DE FEVEREIRO – UMA RELEITURA ACTUALIZADA

Por : FILINTO COSTA ALEGRE

Fui convidado pelo Instituto  Diocesano de Formação João Paulo II a proferir uma palestra subordinada ao tema: “ 3 de Fevereiro – Realidades e Mitos “, o que foi para mim um privilégio, tendo em conta o momento de intensa aprendizagem, troca de experiência e vivências que então se proporcionou. Muito obrigado a todos que me proporcionaram momentos tão inesquecíveis.

A palestra teve dois momentos distintos: no primeiro, apresentei dados e informações a cerca do massacre, tendo caracterizado a situação colonial então prevalecente em S T P, as causas do massacre, os actores, o mandante, as respectivas consequências, sobretudo no que respeita á irreversibilidade do movimento independentista; no segundo, levei os alunos a fazerem uma reflexão actualizada sobre os factos narrados. É sobre essa reflexão que pretendo falar neste pequeno artigo.

Na origem do Massacre de 03 de Fevereiro de 1953 esteve a vontade do Governador Gorgulho de modificar a atitude da mão de obra constituída pelos chamados “filhos da terra,” relativamente ao trabalho escravo nas roças. O Gorgulho pretendeu submeter os chamados “ filhos da terra” aos desígnios dos roceiros, fazendo com que eles “ aceitassem” trabalhar como, contratados, nas roças. Não obstante os métodos bárbaros e de uma violência arrepiante, não o conseguiu.  Portanto, naquela altura e naquelas circunstâncias, a recusa firme e inabalável ao trabalho, foi a arma encontrada para resistir à humilhação e à violência do ocupante colonialista. O trabalho foi transformado em arma política de combate contra a total negação que o sistema colonial representava.

Hoje, 58 anos volvidos, como se pode caracterizar a relação dos são-tomenses com o trabalho?

A relação dos santomenses com o trabalho continua, no mínimo, a ser conflituosa. Em STP não se trabalha o suficiente; consequentemente, não se cria a riqueza em quantidades suficientes para que, uma vez bem distribuída, todos possamos aspirar a um nível de vida minimamente digno. Hoje, só produzimos 7% dos 100% de receitas que precisamos para pagar as nossas despesas anuais. Os 93% que não produzimos mas que precisamos para viver, vamos pedir lá fora no estrangeiro!! Vivemos de joelhos e de braços estendidos! Que humilhação!

Será que nós os santomenses, merecemos mesmo isso? Não, não o merecemos! Por isso, apelo aos são-tomense que nos levantemos todos contra essa humilhação que nos apouca aos olhos de todo mundo! Contra esta violenta insegurança de não sabermos como sustentar a nossa família e pagarmos as nossas despesas diárias!

Para que STP supere a crítica situação em que se encontra, temos de ser capazes de produzir mais riqueza. E a riqueza só se produz com trabalho e muito trabalho. Os santomenses sabem bem disso e por isso, imortalizaram esta lei elementar da vida no ditado – TLABÁ SÓ CÁ DÁ TÊ!

Mas hoje em dia, este ditado, este saber acumulado por várias gerações de santomenses, já não é assumido e muito menos praticado em STP. Hoje, o que prevalece é  o SALVE-SE QUEM PUDER, é o SALVE-NOS QUEM PUDER ou melhor é o QUÁ Ê DÁ Ê DÁ! E neste ambiente doentio em que a honestidade, o trabalho, os bons costumes, a solidariedade contam pouco, está-se a inventar um novo ditado que reza: PEDJI SÓ CÁ DÁ TÊ !

Reduzimos STP a um país de pedintes. Os que podem, pedem lá fora; os que não conseguem fazer-se ouvir lá fora, pedem cá dentro! O que interessa é pedir, pedir, pedir! Em vez da cultura do trabalho como fonte de riqueza, está a instalar-se a CULTURA DA PEDINCHICE! PEDJI SÓ CÁ DÁ TÊ!

Por isso, o desafio que lancei aos alunos do IDF e agora lanço aos santomenses em geral, é transformarmos o 03 de Fevereiro, no dia da expressão da nossa legítima indignação contra este estado de coisas. Numa jornada de luta pela restauração do trabalho como fonte de criação de riqueza e dignificação do homem santomense .

Levantemo-nos todos e digamos BASTA à CULTURA DA PEDINCHICE. Sigamos os ensinamentos dos nossos mais velhos e continuemos a construir um país de gente digna e trabalhadora, que quer, sabe e pode construir o seu futuro à pulso, com trabalho árduo e perseverante.

Mas então, isto quer dizer que STP e os santomenses já não podem nem devem pedir? Quer dizer que já não precisámos de pedir?  Não, não é isso que se quer dizer. Nós precisamos de continuar a pedir. Mas peçamos para acabar com a pedinchice. Não peçamos aos nossos parceiros que nos dêem peixe, mas sim, que nos ensinem a pescar! Vamos pedir hoje, para melhorarmos continuamente a nossa capacidade de produção, para produzirmos mais riqueza, de modo que amanhã já não precisemos de pedir.

Recoloquemos a problemática do trabalho no centro do processo de criação da riqueza e da afirmação e dignificação do jovem, da mulher e do homem são-tomense.

Em síntese, o desafio que deixo é no sentido de transformarmos o 03 de Fevereiro no dia da dignificação do trabalho, enquanto instrumento de criação de riqueza, que deve ser equitativamente repartida por todos.

O significado e o conteúdo da dignificação do trabalho nas condições específicas de STP de hoje, podem ser matérias de um próximo artigo.

Por: Filinto Costa Alegre

32 Comments

32 Comments

  1. Buter teatro esquecido

    8 de Fevereiro de 2011 at 10:27

    Muito obrigado, hoje vi um santomense diferente, que defende boa ideia; nem os jornalistas trabalham sobre as regras.

  2. Búzio sem Pena

    8 de Fevereiro de 2011 at 11:01

    a classe politica do país ensinou o povo no sistema de “Banho”,em vez de ensinar o povo a cultivar a terra, em STP os que menos trabalham e mais ricos estao sao os politicos, a luta contra pobreza inrequece os mais ricos entao passamos ao sistema “QUÁ Ê DÁ Ê DÁ” sê bê de vida bô

  3. Celsio Junqueira

    8 de Fevereiro de 2011 at 11:34

    Caro Filinto CA,

    Muito interessante essa nova abordagem do 3 de Fevereiro.

    Temos de evoluir de facto para um pensamento de Trabalho em vez de Pedinte.

    Um País Soberano a todos os niveis.

    Uma população com Orgulho de viver as suas custas e não da Caridade alheia.

    Este deve ser o designio Nacional.

    Parabéns!!!

    Saudações Cordiais,

  4. mandimba

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:14

    Um relato verdadeiro do nosso País. Mas, é preciso agir, consciencializar e incutir na população o significado do TRABALHO ARDUO. Deixar do nosso leve-leve e viver a sombra da bananeira, como diz as massas.

  5. ponto e virgula

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:23

    Tem toda a razao.Somos pedintes e preguicosos.Esta é uma das causas do nosso subdesenvolvimento.

  6. ponto e virgula

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:37

    Parabens,tem toda a razao.Somos pedintes e preguiçosos.

  7. Hadja Vida

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:38

    Infelizmente o peso relativo dos que querem acabar com a cultura da pedinchice é muito inferior ao dos que querem perpetuar essa pratica.
    No que se refere à pedinchice externa, o mais grave é a aplicação que é dada aos recursos angariados através da ajuda externa.
    Se o enriquecimento ilícito fosse crime em São Tomé, talvez os governantes tivessem mais cuidado na utilização dessa ajuda em benefício próprio. Há exemplos, muito recentes, de gente que estava na merda antes de ser ministro e que hoje está muito confortável.

  8. Tentado

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:58

    Congratulo-me com a ideia do trabalho, trabalho, trabalho. Porem situacoes abundantes neste pais nao encontram objeccoes por parte dos ilucidados, levando-os a fazer vista grossa aos trabalhos precario que existem em demasia. Por exemplo como convencer o incentivo ao trabalho se uma boa parte de trabalhadores tem um vinculos legalmente questionaveis com patronado. Isto servira para senao desmotivar o afinco ao trabalho, pois volta e meia o patrao pode dar um “pe na bunda” e dizer vai queixar aonde vc quiser.
    A ideia de trabalho trabalho, inoculada da riqueza, no entanto a coisa tem que ser vista de maneira interactiva; tentando-se entender como a e porque a relacao homem trabalho tornou-se desafectiva

  9. Tentado

    8 de Fevereiro de 2011 at 12:58

    Congratulo-me com a ideia do trabalho, trabalho, trabalho. Porem situacoes abundantes neste pais nao encontram objeccoes por parte dos ilucidados, levando-os a fazer vista grossa aos trabalhos precario que existem em demasia. Por exemplo como convencer o incentivo ao trabalho se uma boa parte de trabalhadores tem um vinculos legalmente questionaveis com patronado. Isto servira para senao desmotivar o afinco ao trabalho, pois volta e meia o patrao pode dar um “pe na bunda” e dizer vai queixar aonde vc quiser.
    A ideia de trabalho trabalho, inoculada da riqueza, no entanto a coisa tem que ser vista de maneira interactiva; a genese do desafeto na relacao homem trabalho.

  10. S. Fontes

    8 de Fevereiro de 2011 at 13:20

    Caro Filinto, excelente texto e grande desafio nos lanças. De ti, não esperava outra coisa.Temos todos que reflectir profundamente sobre o estado da nossa nação.
    Aproveito agora para lançar-te também um desafio:Vai até ao fim com a tua candidatura à presidencia da republica. STP e os santomenses precisam desesperadamente de um presidente com o teu perfil. Estou contigo!

  11. A vila condenada

    8 de Fevereiro de 2011 at 14:23

    Uma coisa é certa: alguns coteraneos nossos “sôbas”, comeram o dinheiro de Gurgulho, isso tá claro, mas o que ainda paira um pouco de dúvida nessa minha cabeça é saber qual foi a real causa da guerra. Uns dizem que o Gurgulho deu dinheiro aos tais “Sobas” para construirem as Vilas e quando o Gurgulho pediu as contas, começaram a mentir os inocentes que se tratava de contrato e curriosamente foi nas décadas de 40 e 50 que o Gurgulho contruiu a nossa capital, podem perguntar a qualquer um daquela epoca e isso tem lógica, por outro lado dizem que foi apenas por havermos recusado o contrato para trabalharmos as roças. Eu acho que ahi ha alguma coisa que ainda não deciframos. O Senhor Filinto sabe algo a respeito disso?
    Saudações

  12. De Longe

    8 de Fevereiro de 2011 at 16:13

    Sr. Filinto Costa Alegre
    O senhor foi um ídolo para mim devido aos intensos trabalhos de sensibilização do povo para a aceitação da independência por parte dos são-tomeneses. Nessa altura muita gente teve dúvidas… hoje não sei o que pensarão das dúvidas que tinham em relação à nossa capacidade para gerir um país.
    Mas o seu trabalho foi notável e acho triste não termos explicação exaustiva sobre afastamento geográfico que o senhor e os outros elementos da Associação Cívica sofreram na altura.
    Para avançarmos devíamos ter esclarecimentos dos políticos da época para que os mais novos não desperdiçassem tanto as cabeças úteis como fizemos. Assim, todos poderiam reclamar não o seu estatuto mas o seu VALOR histórico na vida de STP.
    Quando escrevi o primeiro comentário nunca me esqueci, ou seja, pareceu-me que estivesse sempre a ver a si.
    Como alguém referiu que foi pena o tal comentário ter sido dos últimos e ser lido por poucos, achei oportuno voltar a apresentá-lo:

    “Aos são-tomeneses que sofrem de forma mais efectiva do que eu por terem um quotidiano muito dificultado e aos que sofrem como eu por verem gorados o sonho de uma pátria que seria de mostrar ao mundo, afirmo que não considero que somos particularmente maus. Sustento essa afirmação sobre o que vi e vivi pouco antes e algum tempo depois da independência:
    Tínhamos slogans como “construamos com as nossas próprias mãos uma Pátria renovada”. Nessa altura a população trabalhava de forma gratuita aos domingos na limpeza das ruas e nas empresas agrícolas, cantando alegremente palavras como “produzir é vencer”.
    QUÃO MARAVILHOSOS FOMOS EM TERMOS DE CONSCIÊNCIA E DE DEDICAÇÃO À NOSSA TERRA!
    Hoje, há pessoas populistas sem formação académica, mas com grande capacidade de aliciar eleitores para quem lhes prometer posições favoráveis após as eleições; há estudantes a referir que quando terminarem o curso irão se sobrepor às pessoas não formadas academicamente. Falam em tirar lugar, não falam do respeito pelo que os outros fizeram ou fazem com qualquer que seja a sua formação, não identificam qualidades nem erros dos trabalhos dos outros nem programas para melhorar seja o que for. Estes beneficiarão do caos. Contribuirão para o agravamento do caos! Entendo que tudo se transforma em argumentos para aproximação ao poder e alcance de benefícios simplesmente pessoais.
    O que terá destruído tanto a consciência dos são-tomenses, isto é, a nossa consciência?
    Terá sido da decepção causada pelos maus resultados económicos alcançados pelos nossos primeiros governantes?
    Se for essa a resposta, pergunto: terão esses governantes sido tão maus para despertar tamanha insensibilidade do meu povo ou simplesmente foram inexperientes para enfrentar interesses económicos internacionais e incapacitados para detectar necessidades reais duma sociedade em desenvolvimento?
    Teremos uma geração má e outra boa?
    Quantos jovens não referiram que alguns ministros de então eram burros por terem saído do poder e passarem a andar a pé?
    Num país pobre, de quem seriam os carros com que esses ministros sairiam para não serem burros?
    Cuidado! Nós os sofredores também podemos legitimar a maldade contra nós próprios.

    São-tomeneses, meus irmãos!
    Precisamos muito do esforço de todos num sentido único: CUIDAR DA NOSSA PÁTRIA.
    Vamos deixar de nos queixarmos porque já ninguém se importa com queixas e desabafos. Pois, comem tudo na mesma e sem vergonha.
    Em vez de pedirmos que respeitem o Povo, tornemo-nos um POVO QUE SE FAÇA RESPEITAR.”

    • De Longe

      8 de Fevereiro de 2011 at 16:24

      Depois de pensar em o quanto o povo trabalhou para construir o seu país e agora estar a ler do seu artigo que o povo não por massacre se vergou ao trabalho para a força invasora, concluo o seguinte:
      O povo são-tomense não é preguiçoso mas sim heróico.
      Pois, quando tivemos a consciência que devíamos trabalhar para o que é nosso, demonstramos o que nem com o massacre se conseguiu. VIVA!
      Agora, políticos porquê que deixámos de acreditar para nos tornarmos simplesmente pedintes?
      Quero que todos os políticos são-tomenses confessem que são culpados disso e assumam a mudança porque está nas vossas mãos.
      Façam-nos acreditar outra vez.
      Se usarem a demagogia de palvras bonitas para que saia quem lá está de modo a virar o dico e tocar o mesmo escusado torna falar em mudar a nossa situação de pedintes.
      Todos os políticos que se preocuparam com o reforço dos seus partidos para chegarem ao poder e nunca se queixaram da forma como a política é feita, serão, ao meu ver, CRIMINOSOS CONTRA A NAÇÃO SÃO-TOMENSE, tão maus ou pior q

    • De Longe

      8 de Fevereiro de 2011 at 16:59

      Pelo que vi do desempenho do povo quando acreditávamos que era nosso o país, associado à parte do texto do Senhor Filinto onde se entende que nem o massacre levou o povo a se vergar como força de trabalho para os invasores, concluo:
      _ O povo de STP não é preguiçoso mas sim heróico.
      Pergunto aos políticos:
      -Porquê que o povo deixou de ter esse nobre sentimento pelo que é seu?
      – Porquê que não se procura resposta na forma como se faz a política?
      Penso que continuar a dizer palavras bonitas em vez de alertar no parlamento que a política está muito corrupta, ninguém conseguirá alterar a nossa situação de pedintes. Ela foi construída aos poucos pelos políticos e só pelos políticos será destruída.
      Considero que todos os políticos que lutam pelo reforço do seu partido esperando o poder do grupo em vez do desenvolvimento de STP, serão VERDADEIROS CRIMINOSOS CONTRA NAÇÃO SÃO-TOMENSE.
      Os brancos que não eram nossos irmãos de sangue fizeram um massacre que foi suprimido tempos depois. O que serão em monstruosidade os nossos irmãos que continuam impassíveis diante de massacre continuado que grande parte da nossa população vem sofrendo? Ou não devo aplicar esse termo ao défice alimentar que as pessoas manifestam? Passar fome e morrer facilmente com doenças simples devido à preocupação de certos com a seu luxo não é também morte provocada?
      O próximo trabalho dos políticos devia consistir em fazer-nos acreditar outra vez para produzirmos com a força que já demonstramos ter. Isso implicaria demonstrar actos e não palavras. Se não souberem que actos serão os mais propícios, não sejam políticos.

  13. BARAO DE AGUA'-IZE'

    8 de Fevereiro de 2011 at 16:14

    Antes pedir que roubar. Julgo que quem anda a pedir, ou nao tem oportunidade ou nao tem coragem para roubar.
    Contudo, pedir ate quando?
    Creio que a nossa mao de obra ainda e’ barata e o Governo pode arranjar acordos com as grandes fabricas para instalarem em STP pequenas unidades de montagem de qualquer coisa.
    Realmente, em vez de andarmos a pedir arroz, fejao, oleo, etc, etc, tentemos pedir coisas para fazer, para ocupar o tempo e ganhar o pao com o nosso suor.E’ mais saboroso e dignificante.
    Palestra muito oportuna, Sr. Dr. Filinto.
    Saudacoes.

  14. Pedro Rita

    8 de Fevereiro de 2011 at 18:33

    Este discurso de Filinto, faz-me lembrar o Filinto no seu melhor nos tempos da Associação Cívica. Contudo, meu caro Filinto, os tempos mudaram. O seu discurso, como nos tempos da Cívica, continua muito agressivo. Coloca-se sempre numa posição como se você fosse um Santo e que todos os outros são demónios e maus. E sabemos que isto não é verdade. Se há gente que depois da Independência Nacional aproveitou e bem das regalias e dos proventos do Estado e contribuiu para a situação em que o País se encontra, chama-se Filinto Costa Alegre. Só que o Filinto faz o papel de rato: morde e sopra e ainda por cima não dá a cara nos momentos em que está a comer. Só aparece quando o ambiente lhe é favorável como está a acontecer agora por causa da sua candidatura à Presidência da República. Filinto é dos quados santomenses que mais dinheiro ganha e mais viagem faz ao estrangeiro à custa da situação que o país vive. Na sombra, vai manobrando, vai conseguindo os seus esquemas. Mas faz tudo isto pela calada!
    O seu artigo ou discurso aqui expresso reflecte um homem que guarda rancor, que mantém aquele estilo agressivo, racista, maldoso, aos bons velhos tempos da Associação Cívica. Este seu discurso não se adapta aos tempos de hoje a nível nacional e internacional e o tom e estilo que usa, não se adequam a um homem que quer ser Presidente da República. Coitado do governo que estiver no poder tendo Filinto como Presidente, vai haver constantes conflitos porque ele vai querer interferir na governaçºao, facto que a Constituição não lhe confere. Mesmo que esse governo seja do PCD, ele vai arrasar com o Executivo. Aliás, basta ver o que Filinto disse numa reunião de estudantes santomenses na cidade do Porto, em Portugal, em relação ao PCD, para se avaliar o seu carácter despota. Depois de tudo que fez pela criação da Grupo de Reflexão, pela criação do PCD/GR e de ter sido líder da bancada parlamentar desse partido, vem agora dizer que os seus camaradas são diabos, demónios…enfim…É este o homem que quer ser Presidente da República? E com ele Presidente da República regressam ao Poder no Palácio do Povo e noutros lugares os seus antigos camaradas, os Cívicos, aquela velha guarda, alguns dos quais estão reformados, outros estão colocados estrategicamente em lugares chaves da Função Pública a ganhar bom dinheiro, mas que não gostam de trabalhar. Filinto se for Presidente há muita gente estrangeira que abandona o país porque sabe bem o seu pensamento e intenções políticas. E isto não queremos.

    • Povo

      9 de Fevereiro de 2011 at 0:05

      O Filinto incomoda-te não é? Irrita-te ver que em STP ainda existe gente que vive do seu trabalho, ganha a sua vida honestamente e anda de cara levantada sem fazer parte do teu grupo, daqueles que perpetuam o sistema, não é verdade?

      Os estrangeiros que abandonarão o país só podem ser os que vocês trouxeram para sacar os nossos recursos, porque quem estiver por bem não tem que temer nada.

      O vosso problema é que o Filinto nunca aceitou fazer parte dos novos colonos negros em que vocês se transformaram. Por isso tudo farão para o sujar, para o igualar a vocês. Desenganem-se! Nós já sabemos vos distinguir. Já abrimos os olhos!

    • S. Fontes

      9 de Fevereiro de 2011 at 4:02

      Caro compatriota( não o trato pelo nome porque de certeza que se esconde atrás do pseudonimo)será que voçe leu o mesmo texto que eu?
      Com que fundamentos tira as conclusões que aqui exopos?
      O senhor deve ter alguma raiva do Filinto, so pode.É esse um dos nossos males: estamos sempre a politizar tudo, Tudo para nos é politica. por isso o País esta como esta e a desunião e perda de valores reina na nossa sociedade.Não me admira nada que o senhor seja um dos pseudo candidatos que andam por ai a pregar mentiras ao povo. Vai se habituanto, que o povo vai eleger esse homem para voltar a dar dignidade ao cargo de presidente.

    • no escuro

      10 de Fevereiro de 2011 at 11:13

      pedro rita, confundiram o teu nome, devia ser ignorancia a 100%.

  15. J. Maria Cardoso

    8 de Fevereiro de 2011 at 21:51

    O k não disse o Dr. Filinto Costa Alegre?
    Não nos disse de quem é a culpa da moda da mendicidade e da ausência do orgulho.
    Eu não sou e creio que o Dr. Filinto tb não será. O Dr. Amaro Couto tb não. E umas tantas outras almas tb não.
    Daí k congratulo com a reflexão feita pelo interlocutor “De Longe” k teve a dignidade, talvez sem remorsos, ressentimentos ou saudosismo, trazer a luz os factos k deviam merecer a nossa análise para esclarecermos os mais novos da virtude de k o trabalho já mereceu de nós no período pós independência (era proibido ser-se rico de noite para dia), quando os jovens ainda não tinham assaltado a cidade com a venda de San Kynyna pelas ruas.
    Acrescentando o “De Longe”, ainda miúdo, assisti os jovens da independência empregarem-se nas empresas agrícolas onde ganhavam dinheiro, fruto do suor. Trabalhavam de manhã nas roças e a tarde espetavam-se de luxo do trabalho (de capina, de cacau, em suma, de botin e de vira ponta) na cidade e nas vilas, conquistando as mais belas flores dos bairros. A noite ainda tinham a energia para serem os motores da revolução, quer cultural e deportivamente.
    Coisas de outros tempos de ditadura e de “construamos com as nossas próprias mãos …! Nada de saudosismos, apenas o trabalho era dignificado, ao ponto de nós, os estudantes, fazermos os campos de férias para casar a intelectualidade ao trabalho do campo. Não é menos verdade k os professores, alguns, aproveitavam para comer as nossas colegas k já tinham as chuchas, outras histórias com k divertimos nas nossas recordações de escola.
    É de perguntar: Kúa ê sá da nón ê?
    É bom o desafio lançado em transformamos o 3 de Fevereiro na dignificação do trabalho.
    Após a crise de 1983, lançamos as mãos a terra ou não? Alguém foi mentalizado ou chicoteado a fazê-lo? Não!
    Com sinismo ou não, as circunstâncias obrigaram.
    Discordo dos k propalam de k os santomenses não trabalham. Concentrando o meu raciocínio na agricultura, hoje não se produz pk as más políticas do país com as instabilidades governativas, têm aconselhado as pessoas a relegarem o trabalho para o segundo plano, já k o bem-estar passou a cair do céu até a mesa. Quem não gosta do banho? E mais. Mas quem dá banho?

  16. ovumabissu

    8 de Fevereiro de 2011 at 22:56

    dr. Filinto,
    Bom artigo de opinião! Boa reflexão. Não posso estar mais de acordo consigo quanto à necessidade de acabarmos com a cultura da pedinchice e passarmos a fazer jus ao nosso muito debotado e esquecido lema nacional: Unidade, Disciplina e Trabalho.

    Temos que por cobro ao desmando que reina no país. É inaceitável que as ajudas recebidas ao longo destes anos todos (já lá vão 35 a caminho de 36) tenham servido apenas para arruinar a nossa economia, depauperar o nosso martirizado povo e corromper os nossos dirigentes, tornando-os invertebrados, vergados aos interesses de estrangeiros enfim…. uns desprezíveis egoístas, que apenas pensam em si próprios.

    O país anseia pelo ressurgimento dos verdadeiros nacionalistas e patriotas, como é reconhecidamente o seu caso. Os que sempres estiveram na vanguarda da defesa da nossa integridade, enquanto povo, enquanto nação!!!

    “Tlabá só ca da tê!”. Esta está bem esgalhada.
    Bem haja
    PS: esta mensagem é para porem o polegar para cima, tá? Volto já.

  17. ovumabissu

    9 de Fevereiro de 2011 at 0:27

    Há títulos que nos levam ao logro. Fiquei em pulgas quando li o título “3 de Fev – Uma Releitura Actualizada”, sobretudo sabendo quem é o autor, indefectível nacionalista, um herói da nossa independência.

    O título remetia-me para uma 1ª leitura, seguida de releitura e depois para a actualização desta última. 3 em 1! Para começar não estava nada mal.

    Por ter envolvido mortos e feridos e ter subjacente profundos aspectos emocionais, “3 de Fev” é, seguramente, a única das ditas “datas históricas” que realmente respeito em São Tomé e Príncipe. Podemos explicar os tristes acontecimentos de há 58 anos, mas nada pode justificar o que aconteceu. Absolutamente imperdoável. Mas é também verdade que há um uso e abuso na exploração desse sentimento por parte de alguma intelectualidade da nossa praça.

    Após ler e reler a “releitura actualizada” conclui que afinal pouco ou nada havia de novo sobre o 3 de Fev 1953, by Filinto. Enfim, é mais do mesmo.

    Trata-se apenas de voltar a martelar (coitadinhos dos putos do IDF) o mito da nossa secular resistência ao trabalho escravo. Cá apara mim essa resistência é a qualquer tipo de trabalho, sobretudo se for lavrar a terra para ganhar o sustento. O “tlaba so ca da tê” até pode ser um adágio nacional, mas a prática é bem outra. O “pidiji só ca da tê”, esse sim foi sempre a prática mais comum entre nós. Não é uma característica de hoje. Quem quiser ter o trabalho de ler o que se escreveu ao longo de séculos sobre esse assunto chegará facilmente a essa conclusão. Quem não tiver paciência chame um angolano, ou caboverdiano (os mais velhos) das roças e pergunte se o nacional genuíno de STP gosta de trabalhar.
    Tinha a vã esperança que Filinto aflorasse, nem que fosse ao de leve, o alinhamento da elite fora com as políticas do Gorgulho. Já ninguém se recorda de como essa elite apoiou as rusgas do Gorgulho. Finalmente um governador combatia os vagabundos e preguiçosos que pululavam pela cidade e arredores em puro ócio. O “cubo” (o carro celular utilizado nas rusgas) enchia-se de vagabundos perante o silêncio comprometido dos “moladôs”. Hoje ouço os seus descendentes com versões rebuscadas e mais ou menos desculpabilizantes defendendo que estes apoios ao Gorgulho eram uma forma de resistência… camuflada.
    Bom, mas afinal o dr. Filinto não queria falar de “03/Fev” mas sim de trabalho. De como heroicamente resistimos às intenções do colono em “escravizar” o santomense. Não importa que tivessem que ir buscar gentes de outras paragens para trabalhar a nossa terra, enquanto a nossa elite vivia, de mão estendida dos proventos dessa exploração.
    De que serviu afinal a resistência se as roças estão hoje no estado em que estão? De que serviu a dita resistência se hoje continuamos (a elite e o povo) de mão estendida? De que serviu o senhor ter instigado o povo a correr com o branco e prometido que depois de expulsos os seus bens seriam para o povo? De que serviu os “cívicos” terem invadido as lojas dos brancos para espalhar, pisar, marchar sobre arroz, feijão, açúcar, farinha se depois o povo teve que passar muitos anos em bichas infernais para comprar esses bens? De que serviu espalhar boatos de que o branco estava a por veneno no pão para depois esse pão quase ter desaparecido (mais bichas!) e termos passado a comer pão de farinha com bicho. O sr. sabe certamente que o que fazia o pão ficar azulado na presença de sumo de limão era o iodo no sal (depois dessa estupidez o país deixou de importar sal com iodo, o que originou sério problema de saúde pública). De que serviu tanto ódio?
    O que lhe impediu de repetir a dose contra os seus comparsas que agora humilham o povo? O que lhe impede de invadir hoje o Campo de Milho e entregar o povo as casas construídas com o dinheiro roubado ao povo? O que lhe impede, sei eu. É que a sua revolução de 1974 tinha cor. A cor desapareceu e o “revolucionário” perdeu a pica!
    O seu problema e dos “revolucionários” como o senhor é que não estavam a lutar por STP mas sim a lutar contra o branco. Quando assim é a coisa não dá certo.
    Talvez o seu lema e o dos outros heróis como o senhor devesse ser “tlabá cu ma flamenta môlê cu dôlô d’amblu”.

    PS: Vá, people, toca lá a por o polegar para baixo

  18. Helder Leitão D`alva

    9 de Fevereiro de 2011 at 6:42

    Gente assim é que o País precisa,vamos dizer basta,e vamos trabalhar.Gostei vai a frente que os Santomenses estamos consigo.Viva o trabalho,Abaixo os preguiçosos.

  19. Filipe Samba

    9 de Fevereiro de 2011 at 8:30

    Caro Filinto,
    os meus cumprimentos,
    Falar e fazer são coisas diferentes.

    Quem foi que destruiu os patrimónios nacionais.
    (Incêndios das plantações agrícolas , roubo de gados nas empresas no período de 1974 a 1975)
    Quem atacava com pedras , os filhos dos roceiros, nos transportes que lhes transportavam para o Liceu Nacional, causando a morte de um estudante cabo-verdiano (Roceiro), e uns tantos feridos.
    Temos alguns testemunhos, Luís Mário, Pedro Mendes, outros são deputados na nossa querida e maravilhosa Ilha do Príncipe.

    Devemos reconhecer, e os nossos agradecimentos aos Senhores Romão Couto, Ex- Comissário da Freguesia da Trindade actual Me-zochi, e a malograda Alda Graça, que tomou medidas contra os agressores Membros da Associação Cívica.
    Também o meu agradecimento ao Primeiro Presidente de São Tome e Príncipe, que garantiu a segurança dos filhos de roceiros.

    A abarcabilidade é um privilegio do poder.

    Aqui se faz aqui se paga

    Cada orador tem a sua versão num acontecimento Histórico.

    As minhas sinceras, desculpas caso tenha ofendido alguém

    Está previsto o lançamento de uma obra sobre os acontecimentos daquele período

    Em memoria dos mortos e a dor dos feridos

    • Ovumabissu

      9 de Fevereiro de 2011 at 12:23

      Filipe,

      Tudo verdade. Só que a Alda Graça é quem comandava a cívica. Escreve o que estou a dizer (é bem escrever). Ela encarnava o Deus e o Diabo! Duas face da mesma moeda: MLSTP!

      A nossa história recente tem muito para ser contado. Espero que haja coragem para desmascarar o “complot” urdido pelo MLSTP para tomar o poder para si em nosso nome (povo de STP).

      Hoje o MLSTP fala da cívica com desdém, mas a verdade é que a cívica esteve sempre ao serviço do MLSTP. Os putos da cívica foram simplesmente usados e manipulados pela D. ALDA GRAÇA e outros da linha dura do “Glorioso”!!

      A Cívica serviu para fazer o trabalho sujo do MLSTP. Quando o MLSTP conseguiu o que queria (reconhecimento dos portugueses como único e legítimo representante do povo de STP), estes jovens (e outros menos jovens) foram todos “crucificados”, etiquetados de radicais e enviados para o estrangeiro (curiosamente, grande parte regressou a… Portugal).

      Os verdadeiros radicais, à boa maneira soviética, continuaram a “trabalhar” para a “nossa revolução” ao serviço do MLSTP/PU.

      É muita praga junta para STP. Foi toda essa má-fé, mau “kharma” que vem de 1974/75 que explica a nossa actual desgraça.

      Quem quiser continuar a seguir estes gajos (carregados de má-fé, ódio, rancor e “cozinhadores de fitchin”), que o faça.

      Eu e outros como eu estamos vacinados, há muito tempo!!! Graças a Deus e a todos quantos me têm ajudado a conhecer a verdadeira história de STP!!!!

      Agora querem voltar a entreter o povo com a tanga do temos que trabalhar, fazer trabalho cívico (que só serviu para destruir as roças). Não são portadores de esperança, mas sim de vã retórica. Seguem o lema “tlabá lendidu môlê ku dôlo d’amblu”.

    • Filipe Samba

      10 de Fevereiro de 2011 at 7:56

      Caro Ovumabissu
      Os meus cumprmentos

      O que é que destroi a amizade na terra?
      A POLITICA
      Por isso nunca tive opção pela politica, mais respeito os servidores da nação ( A liderança exerce-se dando exemplos)

    • no escuro

      10 de Fevereiro de 2011 at 11:19

      grande comentário o seu. tem tudo o que verdadeiramente devia ser dito.

      pois tenho 30 anos de idade, e segundo relatos de mais velhos, até pessoas de determinadas religioes foram perseguidos em stp tal qual sucedia na europa, era proibido reunirem-se e tudo, e tudo isso era complót entre a nossa dita maior poetisa Alda Graca do Espirito Santo e seu cunhado.

      eses ditos elementos da cívica foram o instrumento descártavel do mlstp.

  20. Mimi

    9 de Fevereiro de 2011 at 8:37

    FINALMENTE! Já era tempo de ouvir um discurso que abordasse os males reais do Sao Tomé de hoje em dia! VIVA O TRABALHO! Quando o trabalho fizer parte do ser santomense haverá soluçao para muitos dos nossos problemas.

  21. Alcídio Pereira

    9 de Fevereiro de 2011 at 12:27

    O país está condenado ao insucesso? Não!

    Podemos fazer renascer o país, mas é com outra gente na liderança.

    Gente que nunca esteve envolvida em revoluções que nada trouxeram de bom para STP, a não ser para os seus protagonistas.

    Gente que sabe que a história de STP não começou em 1975 e não tem vergonha do que ficou para trás.

    Gente que sabe que não se pode desperdiçar mais de 500 anos de história e que toda a experiência, mesmo as traumáticas, deve ser aproveitada.

    Gente que conhece STP e sabe que papel o nosso país poderá ter num mundo globalizado.

    Gente que olha o Atlântico (oceano) não como o mar que nos rodeia, limita e separa de África, mas sim como a porta para o mundo.

    Gente que põe os interesses de STP acima de quaisquer outros.

    Gente que não é sectária, sabe perdoar e apoiar todos quantos geriram o país até hoje, pois sabe que todos somos poucos para a grande tarefa de reerguer a nação.

    Gente que sabe que só com VERDADE e TRANSPARÊNCIA se pode triunfar.

    Enfim, GENTE… GIRA!!!

    Gente assim existe?!?!

    Claro, que sim!!

    • Celsio Junqueira

      9 de Fevereiro de 2011 at 15:04

      Boa receita e faltar-nos-a ingredientes e um “chief”.

      Abraço,

    • Eugénio Silva

      11 de Fevereiro de 2011 at 18:07

      Concordo plenamente!!! Visão sublime!
      Viva São Tomé e Príncipe de GENTE de ALMA NOBRE! Que se construa uma verdadeira NAÇÃO de “GENTE… GIRA”, sem rancor nem ressentimento…

  22. Yazalde Tavares (pequenino)

    11 de Junho de 2011 at 23:15

    Olá Dr. Filinto,
    eu sempre tive intuição de que eras capas de salvar esta nação “este povo que vive as escuras e num beco sem saída”, mas com a esperança de um dia vir a encontrar a luz e um caminho para seguir, por isso meu grande amigo, eis um grande desafio;
    segue em frente;
    o povo precisa de si;
    o povo está consigo;
    eu estou consigo!

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