O património cultural e natural de São Tomé e Príncipe está agora no centro das atenções de uma ação estratégica sem precedentes, liderada pela UNESCO. Numa entrevista dada a imprensa na Biblioteca Nacional, Sónia Carvalho, representante da organização no país, afirmou que: “não basta ter planos genéricos — o património exige respostas específicas e urgentes”.
Durante três dias, dezenas de técnicos nacionais, incluindo bombeiros, militares e agentes da polícia, participam num atelier de reforço de capacidades para a gestão de riscos de catástrofes que esta a ser ministrada pelos consultores nacional e internacional da UNESCO. O foco está em ensinar como reagir diante de desastres que ameacem diretamente a memória coletiva do país — como arquivos, manuscritos, edifícios históricos e sítios naturais.
“Amanhã teremos uma simulação no Museu Nacional. É diferente apagar um fogo num armazém e salvaguardar um manuscrito do século XIX. São bens que exigem um outro tipo de abordagem, de preparação e de manuseamento”, AFIRMOU Sónia Carvalho.
Além da capacitação técnica, está em curso a elaboração da primeira estratégia nacional de proteção do património em caso de catástrofe, que será validada nos dias 29 e 30 de maio, com a presença de diretores e decisores das principais instituições do Estado.
Este plano, financiado pelo Fundo de Emergência da UNESCO, pretende responder a uma lacuna evidente: embora o país possua políticas gerais de resiliência, “a ausência de um plano específico para o património é uma fragilidade grave que pode custar caro em caso de crise climática ou natural”, sublinhou Carvalho.
Com esta ação, São Tomé e Príncipe dá um passo decisivo para assegurar que, mesmo em cenários extremos, os seus tesouros culturais e naturais não sejam deixados para trás.
A iniciativa é financiada pelo Fundo de Emergência para o Património da UNESCO, com suporte técnico da Escola do Património Africano (EPA), que enviou a São Tomé o seu diretor como consultor especializado. A parceria visa dotar o país de uma ferramenta essencial que permita, no futuro, agir com precisão e eficácia para salvaguardar a memória coletiva nacional em face das alterações climáticas.
Waley Quaresma
