PARCERIA – Téla Nón /Rádio ONU
Peso dos valores enviados pelos migrantes ultrapassa 10% do PIB em Cabo Verde; famílias do continente podem receber mais US$ 5 mil milhões por ano com a descida das despesas de envio nos próximos 14 anos.
Fida destaca que correios são agora considerados uma parte do tecido social em África. Foto: Banco Mundial/Dominic Chavez
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Os africanos devem movimentar cerca de US$ 80 mil milhões para e no continente em 2020, segundo um relatório lançado esta segunda-feira.
O documento “Remessas na estação de correios em África: Atendendo às necessidades financeiras dos migrantes e suas famílias nas áreas rurais” revela que o fluxo de remessas dos migrantes chega a US$ 65 mil milhões em 2016.
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
A previsão é que os valores movimentados cresçam para mais de US$ 70 mil milhões em 2018.
O estudo revela haver pelo menos 13 países africanos altamente dependentes das remessas. Entre eles está Cabo Verde, onde os cidadãos que vivem fora do país enviam valores que têm um peso de 10,4% no Produto Interno Bruto. Em São Tomé e Príncipe a percentagem é de 8% e na Guiné-Bissau 6,2%.
O relatório alerta que o custo médio para enviar dinheiro para e em África é de 9,5%, havendo diferenças substanciais entre sub-regiões. Com uma redução para pelo menos 3% até 2030, as famílias dos migrantes podem receber mais US$ 5 mil milhões por ano.
Corredores
As nações lusófonas, que estão em África, também são citadas nos corredores de maior custo para enviar dinheiro para casa no mundo. O maior é o que envolve a África do Sul e a China com taxas que chegam a 21,6%.
Na rota Estados Unidos – Cabo Verde a percentagem é de 10,3%, entre Angola – Namíbia 19,4%, África do Sul – Moçambique 18,4% e África do Sul – Angola 16,4%.
O Fida destaca que as agências de correios em África fornecem mais dinheiro do que a correspondência postal. Essas instituições tornam-se essenciais para o acesso das populações rurais pobres a serviços financeiros mais baratos.
Agências
O coordenador da área de Financiamento para Remessas no Fida disse que 15% dos africanos adultos usam mais de 26 mil agências de correios para ter acesso aos serviços financeiros básicos, incluindo a captação de remessas.
Pedro de Vasconcelos destaca que a maioria dos beneficiários “vive em comunidades rurais a muitos quilómetros de distância dos bancos”. Para o representante, “em África os correios são agora considerados uma parte do tecido social e um ponto de acesso imediato aos serviços financeiros”.
Remessas
O documento foi publicado às vésperas da 2ª. Conferência Africana sobre Remessas e Redes Postais, que decorre entre terça e quarta-feira na cidade marfinense de Abidjan.
O evento deve reunir cerca de 120 delegados de instituições envolvidas no mercado de remessas que incluem governos, operadores nacionais, bancos, autoridades reguladoras, setor privado e sociedade civil.
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