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OIT prevê fraco crescimento econômico e aumento do desemprego em 2017

PARCERIA – Téla Nón / Rádio ONU

Relatório Panorama Social e de Empregos Mundial diz que economia global deve avançar 3,4% este ano e o desemprego mundial deve chegar a 201 milhões.

A OIT alerta que o crescimento da força de trabalho vai superar a capacidade das empresas em gerar novas vagas. Foto: Banco Mundial

Edgard Júnior, da ONU News em Nova Iorque.

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, afirmou que a economia global deve crescer 3,4% em 2017. Esta a projeção é maior que a indicada pelo Banco Mundial de um crescimento de 2,7% para este ano.

A previsão consta do relatório Panorama Social e de Empregos Mundial, lançado esta quinta-feira pela agência da ONU. O resultado mostra um avanço em relação ao crescimento econômico mundial, que ficou em 3,1%, em 2016.

Brasil

Em entrevista à ONU News, o diretor do escritório da OIT em Nova Iorque, Vinícius Pinheiro falou sobre os principais pontos do documento.

“O relatório mostra que o desemprego mundial vai aumentar em cerca de 3 milhões de pessoas em 2017. Mas por outro lado, é importante criar novas oportunidades de emprego para as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho. Há uma frustração muito grande em relação à performance econômica, principalmente, dos países emergentes, entre eles o Brasil e a Rússia. Mais da metade da população empregada em países em desenvolvimento está em trabalho de situação vulnerável. Além disso, cerca de 30% dos trabalhadores nos países em desenvolvimento estão em situação de pobreza, eles ganham menos de US$ 3,20 por dia”.

Segundo a OIT, a previsão de crescimento da economia global para esse ano depende em grande parte dos avanços nos países emergentes, principalmente o Brasil e a Rússia.

Desemprego

O relatório diz ainda que o desemprego global deve chegar a 201 milhões neste ano, o que representa quase o tamanho da população do Brasil mais de sete vezes a de Moçambique. A previsão é de uma estabilização desse número para 2018.

O documento alerta que o crescimento da força de trabalho, de pessoas em busca de emprego, vai superar a capacidade das empresas em gerar novas vagas. Com isso, mais 2,7 milhões de pessoas no mundo não vão ter trabalho.

Esse aumento do desemprego terá como causa a piora das condições dos mercados de trabalho nos países emergentes e em desenvolvimento, mais uma vez, o Brasil incluído na lista. O desemprego no país deve continuar aumentando em 2017 podendo chegar a 12,4%. No México, a previsão é que o desemprego chegue a 4%.

Portugal e Angola

Em comparação o desemprego deve cair nos países desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Canadá. Em Portugal e na Itália, a OIT diz a economia deve continuar estagnada este ano com um avanço em torno de 1%. No caso do desemprego, Portugal deve registrar uma queda significativa das taxas em 2017.

Em Angola, o outro país de língua portuguesa citado pelo relatório, além de Brasil e Portugal, a OIT diz que o crescimento econômico caiu por causa dos baixos preços do petróleo.

Essa queda do preço das commodities acabou levando a um aperto fiscal em meio a pressões inflacionárias e um fraco comércio.

A OIT alerta sobre os empregos considerados atípicos, tipo de serviço que inclui trabalhos temporários, de meio expediente e em agências de emprego. Além disso, inclui também os trabalhadores subcontratados e autônomos.

Pelos cálculos da agência, existem atualmente 1,4 bilhão de pessoas nesse tipo de trabalho. O índice de empregados no setor deve continuar acima de 42% em 2017.

Pobreza

Isso representa a metade dos trabalhadores nos países emergentes nessas condições e 80% dos que estão nos países em desenvolvimento. As regiões mais afetadas por esse problema são o sul da Ásia e a África Subsaariana.

As leis brasileiras são restritas em relação aos trabalhos considerados atípicos, mas em Portugal, a OIT afirma que a parcela de empregados no setor deve continuar acima dos 20% neste ano.

O relatório da OIT afirma que a lenta redução dos níveis de pobreza entre os trabalhadores coloca em risco as metas para a eliminação do problema estabelecidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.

Quase metade dos trabalhadores no sul da Ásia e dois terços dos que estão na África Subsaariana vivem em condições classificadas como pobreza moderada ou extrema, ganhando menos de US$ 3,10 por dia de serviço.

Nos países emergentes e desenvolvidos, o índice de trabalhadores nesta situação deve cair de 29,4% em 2016 para 28,7% neste ano.

Desigualdades

A OIT explica que apesar dessa queda nas nações consideradas emergentes, o progresso nos países em desenvolvimento tem sido muito lento e incapaz de cobrir o aumento da força de trabalho.

Com isso, o relatório prevê um aumento dos trabalhadores que ganham menos de US$ 3,10 por dia em aproximadamente 3 milhões por ano, nos países em desenvolvimento, até 2018.

Para encerrar, a OIT cita ainda desigualdades nas oportunidades de trabalho e a persistência do descontentamento social. A agência da ONU dá como exemplo o caso da disparidade de gêneros.

As mulheres no norte da África têm mais do dobro das chances de ficarem desempregadas do que os homens neste ano. O índice é ainda mais alto no Oriente Médio.

Recomendações

Para combater esses problemas, a Organização Internacional do Trabalho diz que as políticas devem ter como foco como superar “as barreiras estruturais ao crescimento, incluindo a desigualdade”.

A OIT prevê que um esforço coordenado para fornecer estímulo fiscal, um aumento do investimento público dependendo das condições do país, pode impulsionar a economia global.

Essa ação pode ajudar a diminuir o desemprego global nos próximos dois anos e a médio prazo, esses esforços podem reduzir os temores de um baixo crescimento e, dessa forma, aumentar as demandas para novos investimentos.

 

 

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