Numa visita de 24 horas a São Tomé, o Ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, assinou com a sua homólogo Elsa Pinto um memorando e entendimento que abre portas para a participação activa do Brasil na formação e apetrechamento da guarda costeira são-tomense. Uma delegação da armada de guerra brasileira deve chegar a São Tomé dentro de 30 dias para avaliar as carências e definir um plano de acção. A visita do ministro da defesa do Brasil que chegou a São Tomé no último domingo, dá sequência a acção diplomática desencadeada pelo Primeiro-ministro Rafael Branco a menos de duas semanas, junto ao governo brasileiro.
O Ministro reconheceu o posicionamento estratégico são-tomense no golfo da Guiné, rico em petróleo. Um golfo onde a petrolífera brasileira, Petrobrás já opera e já conseguiu entendimento com o governo de Rafael Branco para explorar ouro negro na zona económica exclusiva são-tomense.
A fiscalização da zona económica exclusiva nacional, é uma das prioridades do governo, assegurou a ministra da defesa nacional. Uma forma de proteger os recursos da região, e assegurar tranquilidade no negócio do ouro negro.
Brasil, manifesta toda disponibilidade em colaborar com São Tomé e Príncipe no reforço das capacidades da guarda costeira nacional. «Colaborar na área da defesa quer na organização da marinha, quer na formação de quadros, em cursos que podem ser feitos no Brasil para oficiais. O Brasil compreende claramente a posição estratégica de São Tomé no golfo da Guiné», declarou o ministro Nelson Jobim(na foto).
Acompanhado por altas patentes das forças armadas brasileiras, o Ministro Nelson Jobim, acrescentou que dentro de 30 dias uma delegação da marinha de guerra do seu país, estará em São Tomé para fazer o levantamento das carências da guarda costeira, e assim definir um p lano de acção. «A maior parte do território sob jurisdição de São Tomé é o mar, e representa um ponto de grande relevância, não só no conceito de defesa dissuasora, porque São Tomé como o Brasil não têm nenhuma intenção expansionista. Mas São Tomé deve ter a capacidade de dizer não quando precisar dizer não», concluiu.
Da parte são-tomense, a Ministra da Defesa Nacional, Elsa Pinto, garantiu que a parceria com o Brasil, não vai por em causa os acordos de cooperação no domínio da guarda costeira já assinados com outros países, com destaque para os Estados Unidos de América, recentemente considerado como parceiro estratégico neste domínio. «Não haverá choques. Conhecemos as nossas prioridades, não haverá choques. A cooperação com os Estados Unidos se circunscreveu no fornecimento de equipamentos para detenção de alvos, portanto radares. Mas a guarda costeira não se resume apenas em radares. A guarda costeira é uma componente das forças armadas que precisa de outros meios para além de radares. É preciso formação e meios navais para garantir a defesa das nossas águas», afirmou Elsa Pinto.
Brasil, é assim a aposta do governo de Rafael Branco para conseguir meios navais que permitem dissuadir as acções ilegais que ocorrem na zona exclusiva são-tomense. O sucesso da cooperação militar brasileira na Namíbia, foi apresentado como exemplo a seguir. No país da África Austral, Brasil ajudou a formar 450 soldados e oficiais e construiu embarcações para a guarda costeira da Namíbia.
A parceria com o Brasil, envolve também os serviços secretos. Nelson Jobim, explicou que a agência brasileira de informação vai apoiar a sua congénere são-tomense, designada SINFO(serviço de informação).
Abel Veiga