Política

Embaixador Jorge Amado defende intervenção do estado são-tomense para promover cooperação empresarial entre São Tomé e Príncipe e Taiwan

embaixador-jorge-amado.jpgNomeado como embaixador de São Tomé e Príncipe em Taiwan, há cerca de 4 meses, Jorge Amado, antigo líder da bancada parlamentar do MLSTP/PSD, considera que o estado são-tomense deve avançar de forma determinada na promoção do investimento privado taiwanês no arquipélago. Em declarações a TVS, Rádio Jubilar e ao Téla Nón, na embaixada de São Tomé e Príncipe em Taipé, Jorge Amado, disse que a cooperação bilateral entre os dois países é ouro sobre azul, mas considera que as relações bilaterais devem evoluir para o mundo empresarial. O embaixador garantiu que brevemente estará em São Tomé para discutir o assunto com o governo de Rafael Branco.

O embaixador Jorge Amado, reconhece que o sector privado são-tomense está descapitalizado e por isso mesmo não tem condição para promover parcerias de investimento com os empresários taiwaneses. No entanto, considera que é possível fomentar a cooperação empresarial entre os dois países.

A cooperação entre os dois estados é considerado por Jorge Amado, como ouro sobre azul, com destaque para os sectores da agricultura e saúde, mas a relação empresarial é prioritária. «Precisamos desenvolver uma cooperação empresarial. A cooperação estado – estado é pouco durável, provavelmente com o evoluir do processo político, poderão surgir modificações. Mas uma cooperação empresarial será mais sustentada. Devemos aproveitar a oportunidade para criar uma cooperação sólida entre empresários são-tomenses e taiwaneses. Mas como os empresários são-tomenses estão descapitalizados, cabe ao governo são-tomense através de meios financeiros que chegam as suas mãos, promover a cooperação empresarial. O estado deve entrar como representante do privado, até que o privado ganhe capacidade para assumir ele próprio o desafio. O estado deve entrar de forma directa nessas acções de cooperação empresarial», afirmou o embaixador.

Quatro meses de funções que permitem a Jorge Amado, identificar alguns sectores em que a cooperação empresarial com Taiwan teria êxitos. A produção de energias renováveis é um bom exemplo numa altura em que o país se confronta com uma crise profunda. «Pessoalmente visitei uma empresa taiwanesa de produção de energia solar e eólica, que tem feito sucessos em alguns países africanos. Acho que São Tomé e Príncipe não deve ficar de fora. embaixador-jorge.jpgEles produzem energia para comunidades agrícolas, etc, etc», sustentou Jorge Amado.

O embaixador critica a filosofia reinante no país de que o estado deve estar afastado das actividades empresariais. «Aqui em Taiwan até hoje tem-se empresas estatais. Sem o estado provavelmente o país não teria atingido esse nível de desenvolvimento. Em todos os países do mundo, nomeadamente os Estados Unidos de América, o estado promoveu o sector privado. Criamos um vício de que o estado não participa no desenvolvimento do sector produtivo. Aqui o estado participa directamente no sector produtivo. É o estado quem dá o primeiro passo. Em São Tomé e Príncipe, esperamos é que seja o sector privado a aparecer para promover as acções de desenvolvimento do sector produtivo», reclamou o embaixador.

Jorge Amado, deixou entender que através dos fundos que Taiwan disponibiliza anualmente para São Tomé e Príncipe, pode-se incrementar acções de parceria empresarial para desenvolvimento de projectos específicos em que o estado pode ser o principal accionista.

O antigo deputado que tanto agitou o hemiciclo parlamentar nesta legislatura, diz que está satisfeito com as novas funções que desempenha. Representa São Tomé e Príncipe num país que segundo ele é altamente desenvolvido. Uma experiência que de qualquer forma está a mudar o pensamento de Jorge Amado sobre o desenvolvimento. «Vê-se a olho nu que é um país altamente desenvolvido em todas as vertentes. Quer em termos de electrónica, quer em termos de construção civil e também na produção de energia como as energias renováveis. É um país onde a sabedoria é colocada ao serviço do povo e da nação», declarou.

O embaixador diz que está a viver no seio de um povo humilde e trabalhador. Valores que sustentam o alto nível de desenvolvimento que o país conheceu. «Um povo que considera o trabalho como sendo algo que dignifica a vida humana. Sem trabalho não se pode alcançar este tipo de desenvolvimento. Também podemos constatar que estamos num país democrático, por isso permite todas essas acções de desenvolvimento. Aqui a lei é para todos. Aqui todos cumprem com as suas obrigações, e quando é assim ninguém espera por outro, e em conjunto constroem uma nação bela e deslumbrante», referiu, Jorge Amado, certamente pensando um pouco na realidade da sua terra natal.

Por isso acrescentou que pela caminhada que Taiwan percorreu marcada pela predominância da agricultura, pobreza, enfermidades, e ainda mais constantes adversidades naturais como terramotos, até chegar ao actual nível de desenvolvimento, em que o rendimento per capita atinge de 16 mil dólares, é um bom exemplo para São Tomé e Príncipe inspirar e seguir. «Acho que São Tomé e Príncipe não tem nenhum parceiro com capacidade de nos ajudar a sair do marasmo em que nos encontramos como a China – Taiwan. Os taiwaneses quando fazem algo a favor de São Tomé e Príncipe, quando pensam no nosso país, pensam como se estivesse em causa o país deles», pontuou Jorge Amado.

Apesar da distância em relação a São Tomé, com um fuso horário de 8 horas, o embaixador Jorge Amado, garante que a solidão não tem feito parte da sua vida em Taipé. «Estou contente. Inicialmente pensava que ao vir para cá entraria num isolamento total, que a minha vida seria bastante triste. Não encontrei essa solidão, porque como se diz, onde há amizade não há lugar para solidão. Aqui tenho amizades, os taiwaneses são espectaculares, e para além disso tenho ocupação suficiente para não pensar na solidão», concluiu.

A família são-tomense radicada em Taiwan, com destaque para os 20 estudantes matriculados nas universidades taiwanesas, estive reunida esta semana com o embaixador de apelido Amado, numa festa antecipada de Natal e Ano Novo.

Abel Veiga

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