Política

Patrice Trovoada mostra o caminho para STP avançar para o rendimento médio

«Estamos em muito melhor condição, do que os outros países menos avançados, para realmente fazermos a transição para rendimento médio», garantia dada pelo Primeiro Ministro Patrice Trovoada na 5ª conferência das Nações Unidas sobre os países menos desenvolvidos.

O chefe do governo apontou os caminhos que São Tomé e Príncipe deve seguir, e que a comunidade internacional deve concentrar os esforços, para combater a pobreza e acelerar o desenvolvimento do país.

No conjunto de 46 países menos desenvolvidos as Nações Unidas colocaram São Tomé e Príncipe no grupo de 4 países mais endividados do mundo. Um problema que segundo Patrice Trovoada pode ser ultrapassado.

«Se vermos a dívida que temos, o factor mais importante da nossa dívida é a produção de energia, que representa qualquer coisa como 100% do PIB do país. Mas é algo que podemos ultrapassar. Com o apoio da comunidade internacional, podemos transitar para as energias renováveis, e num processo contínuo de solução, melhorar a gestão da empresa de electricidade», explicou Patrice Trovoada.

São Tomé e Príncipe tem uma dívida acumulada de cerca de 250 milhões de euros, gerada por créditos no fornecimento de gasóleo para as centrais térmicas. Uma dívida que segundo Patrice Trovoada o seu governo começou a resolver com Angola, outro país menos avançado, que no entanto fornece combustíveis ao arquipélago.

Patrice Trovoada disse para o Téla Nón que o segundo caminho que o país deve percorrer para sair do subdesenvolvimento, é a garantia da segurança alimentar.

«O segundo problema que temos é a segurança alimentar.  Ora, num país tão fertil não se pode pensar, que não é possível atingir a segurança alimentar».

Avisou que o país tem muitas terras agrícolas que não estão abandonadasa. Reconheceu que o mundo regista um aumento do preço dos insumos agrícolas, nomeadamente os fertilizantes. E que as mudanças climáticas têm tido impacto negativo na produção alimentar.

No entanto, Patrice Trovoada acredita que São Tomé e Príncipe pode encontrar soluções para muitos problemas de desenvolvimento agrícola, mesmo na sub-região da África Central.

«Não temos nenhuma política de controlo da água para irrigação dos campos. Precisamos de parcerias internacionais para o fazer. Mas podemos também ir buscar sementes em Angola, nos Camarões, e outros países do continente africano», pontuou.

Pescas representam um caminho que pode dinamizar a economia azul em São Tomé e Príncipe. «Até hoje não temos uma política de pescas pelo menos semi-industrial. Estou a falar da conservação do pescado, e também da transformação dos produtos da agricultura. Temos que dinamizar uma industrialização progressiva do sector primário», acrescentou.

« Do potencial à prosperidade », é o lema da 5ª conferência das Nações Unidas sobre os países menos avançados. O governo de São Tomé e Príncipe está a mostrar à comunidade internacional reunida em Doha-Qatar, que para além do potencial, o arquipélago tem tudo para produzir prosperidade através do turismo.

«Só nos resta trabalhar na conectividade aérea. Depois da Covid os voos para Europa são extremamente caros, e isso é dissuasivo para o turismo. Sabemos também que temos um grande potencial turístico a nível regional que nunca foi explorado. Sabemos também que a nossa população precisa estar mais bem preparada para receber os turistas», referiu o Primeiro Ministro.

Pelo enorme potencial que o arquipélago tem, e sabendo o governo, o que pode ser feito para gerar riqueza, Patrice Trovoada, manifestou-se confiante que «embora as nossas dificuldades estamos em muito melhor condição que outros países menos avançados para realmente fazermos a transição», frisou.

Cada são-tomense é chamado a participar, a acreditar, a apostar no desenvolvimento do país. « É preciso que os são-tomenses realmente se apropriem de São Tomé e Príncipe. Tenham aquele orgulho de que é possível deixarmos de ser um país menos desenvolvido», reforçou.

Promoção da integração regional dos países menos avançados é uma das recomendações do plano de Acção de DOHA. São Tomé e Príncipe é membro da Comunidade da África Central.

«O mercado livre africano é uma realidade. Temos que melhorar a ligação com o continente. Estamos sempre a falar que temos um mercado de 400 milhões de consumidores tão perto, é uma realidade. Temos que olhar para os nossos vizinhos, e buscar soluções a nível regional», defendeu Patrice Trovoada.

Acreditar é a palavra de ordem do chefe do governo, que recordou os avanços conseguidos pelo país nos últimos anos, apesar das dificuldades económicas e financeiras.

«Na maioria dos países africanos quase 20% da população não tem acesso à escola. Nós temos quase 100% das crianças com acesso aos primeiros 6 anos de ensino, da primeira à sexta classes».

O arquipélago de 1001 quilómetros quadrados tem cabo de fibra óptica da Internet estendido de norte a sul do território. Brevemente o cabo que conduz a revolução digital vai chegar à ilha do Príncipe.

«Não podemos estar a lamentar sempre que somos pobres, e temos que estar a estender as mãos.  Temos que trabalhar, acreditar, e sermos mais unidos. E eu acredito que sim, em dezembro de 2024 estaremos em condições de ser admissível como país de renda média», pontuou.

O governo pede a parceria internacional que aposte na revolução digital do país,< para permitir maior transparência na gestão do Estado, e que a inclusão financeira promova maior possibilidade de captação de recursos.

«Nós honestamente sabemos como sair disto, do subdesenvolvimento. Agora é preciso a comunidade internacional deixar de hipocrisia e passar a acção», precisou Patrice Trovoada.  

Para São Tomé e Príncipe o Plano de Acção de DOHA é mais ambicioso, do que os aneteriores pelanos de desenvolvimento. No entanto é preciso que haja acção concreta dos parceiros internacionais, para que o desenvolvimento aconteça de facto nos países mais pobres.

Abel Veiga – Téla Nón em DOHA / Qatar

4 Comments

4 Comments

  1. Célio Afonso

    6 de Março de 2023 at 9:08

    Visão ambiciosa, mas passível de ser concretizada.
    Porém, é preciso a boa gestão da coisa pública e combater a corrupção com rigor.
    Porque ja é crônico que os políticos Saotomenses são muito bons em teoria e péssimos na prática pq todo financiamento internacional vai para seus bolsos.

    • Martelo da Justiça

      6 de Março de 2023 at 21:24

      Sobretudo quando se coloca uma raposa a tomar conta do galinheiro.ahahahahah

  2. Madiba

    6 de Março de 2023 at 10:03

    Aí está. O nosso ponto forte é saber falar. Mas o nosso ponto fraco é não saber fazer! Para aquele que percorre S. Tomé e Príncipe de lés, a lés, analise comigo. Acredito sinceramente que o país até dava para conseguir desenvolvimento no sentido da palavra. Só que já não dá. E, não dá por várias razões. Uma das razões prende-se com a incapacidade dos políticos nossos em serem de facto santomenses. S. Tomé e Príncipe, não tem políticos de verdade. Pessoas que pensam realmente no país, na sua população, na sua economia e como catapultá-lo para desenvolvimento. Outra razão é a ambição desmedida pelo dinheiro fresco, a par de egoísmo, egocentrismo e não sei o quê mais. Apenas um exemplo: as nossas estradas. Quem visita Porto Alegre, facilmente se apercebe que existe uns 30 Km do fim do percurso facilmente reabilitável. Mas o prazer dos políticos perante moedas estrangeiras e coadjuvado com a falta de um pensador das coisas deste país, faz com que a mesma fique a espera de um projecto de milhões de dólares/euros a par de burocracias incompreensíveis para depois fazer qualquer coisinha. E essa coisinha, ao terminar só servirá a população 4 a 5 anos, quando deveria ser pelo menos 30 anos! Mas que país desenvolve assim! É apenas um exemplo do caos que impede o avanço deste país.

  3. Gentino Plama

    6 de Março de 2023 at 12:40

    Os São-tomenses no seu todo, não foram educados a fazerem valer o que desde sempre foram feitos pelos nossos ancestrais; isto é: a nossa mente não está preparada para a recuperação do que quer que seja, e, torná-la funcional.
    A título de exemplo, são as relíquias herdadas dos colonos, e que, até o presente momento não houve o despertar da consciência para a sua requalificação, e consequentemente dignificar as famílias que nelas ainda habitam. O governo ou pessoas de bom senso, que tomar a referida iniciativa, dará trabalho a milhares de homens e mulheres que se deambulam pela cidade em busca de nada. Há muito que fazer em São-tomé e Príncipe, na área de construção civil, que deve ser encarado como a fonte alternativa ao trabalho.
    No tocante à agricultura, a nova prática de atividade agrícola deve ser implementada, embora, na referida matéria não a que esperar pelo aval do governo, mas sim, incutir nos agricultores, a forma de maior rentabilidade da sua atividade agrícola. Porém, os avultados valores monetários dispostos a ser desviado, ou partilhados entre os membros, devem ser canalizados para a garantia dos serviços acordados com as entidades camarárias, que por sua vez, terá como incumbência, exigir o trabalho com qualidade.

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