Opinião

É Hora de Agir por São Tomé e Príncipe

Olá família, meus compatriotas,

Hoje, a indignação que percorre as nossas ilhas é um grito de alma. Um governo que deveria trabalhar pelo bem-estar do seu povo transformou-se num obstáculo ao progresso. O aumento das taxas aeroportuárias, que entrará em vigor no dia 1 de dezembro, não é apenas uma medida administrativa; é um golpe contra homens, mulheres, crianças e idosos; é um golpe contra o povo. Um golpe que encarece a vida dos cidadãos, afugenta turistas, sufoca o sector privado, limita a mobilidade de quem busca melhores oportunidades e fecha as portas do mundo ao povo são-tomense.

Esta decisão, tomada à revelia do veto presidencial, é um claro desrespeito ao princípio de governar para o bem comum.

O Presidente da República, enquanto guardião da Constituição e símbolo maior da nossa unidade nacional, não pode permanecer inerte diante de uma afronta tão clara às suas prerrogativas e ao equilíbrio dos poderes.

O veto presidencial não é um ato meramente simbólico; é uma ferramenta fundamental para salvaguardar os interesses do povo.

Quando desautorizado, não é apenas a autoridade presidencial que é desrespeitada, mas também a confiança que o povo deposita na instituição que ele representa.

É hora de agir, Senhor Presidente, com firmeza e responsabilidade, para restaurar o equilíbrio institucional e proteger os são-tomenses das medidas que atentam contra o seu bem-estar e a democracia. O país espera por liderança e coragem neste momento decisivo.

Além demais, não se admite que sejam os cidadãos a sacrificar-se para financiar projetos que deveriam ser suportados por investidores. O poder político deveria estar ao lado do povo, e não ao lado de interesses obscuros que promovam a desigualdade e o empobrecimento coletivo.

Mas este não é um caso isolado. Este é o retrato de um Estado que se distanciou do povo. Há dois anos, em 25 de novembro, quatro compatriotas perderam a vida de forma brutal. Até hoje, não vimos justiça. Até hoje, não ouvimos respostas. Ao contrário, os responsáveis foram recompensados, promovendo uma cultura de impunidade que destrói a confiança nas nossas instituições.

Este é o momento de dizer basta.

Faz hoje, exatamente 6 anos, que recusei o convite para chefiar o governo da ADI e afirmei que a proposta não continha os valores fundamentais que eu considerava essenciais para a nação. No meu comunicado, afirmei que o povo são-tomense não é o problema, mas sim a resposta. E destaquei que os valores que acarinhamos enquanto nação como família, paz, concórdia, hospitalidade, responsabilidade e respeito são os que tornam São Tomé e Principe forte e dão sentido às nossas vidas. E todos eles fariam parte do meu trabalho. Mencionei que, após uma análise cuidadosa, concluí que esses valores não estavam refletidos na proposta apresentada.

Hoje, vejo com tristeza que esses valores continuam ausentes no exercício do poder. Mas não podemos desistir.

São Tomé e Príncipe já enfrentou desafios imensos.

Juntos, enfrentamos o colonialismo e, em 1975, conquistámos a nossa independência. Em 1991, unimo-nos para criar uma democracia que trouxe esperança ao nosso povo.

Agora, enfrentamos outro momento crítico.

Não se trata apenas de combater um governo; trata-se de salvar o futuro das nossas crianças, de garantir uma nação onde cada jovem, cada mulher, cada idoso, cada homem, cada são-tomense tenha dignidade, oportunidades e liberdade.

Chegou a hora! O país clama por uma nova liderança. Uma liderança comprometida com o desenvolvimento sustentável, com a justiça e com o bem-estar do nosso povo. Uma liderança que coloca São Tomé e Príncipe acima dos interesses pessoais.

Apelo a todos os são-tomenses, a todos os homens e mulheres de coragem e boa fé: não deixemos que a nossa nação seja reduzida a pó pelas mãos de quem não tem compromisso com o nosso futuro. Mobilizemo-nos. Lutemos como os nossos pais e avós lutaram. Defendamos esta terra com determinação, união e amor.

Neste momento, enquanto a crise social e económica nos desafia, enquanto os valores democráticos são atropelados, é nossa responsabilidade erguer a voz. Participemos na marcha do dia 23 de novembro a realizar-se em Lisboa e Londres; e dia 28 em São Tomé. Que este seja o nosso grito de “basta!”.

A nossa nação merece mais. São Tomé e Príncipe é a nossa casa, e ninguém cuidará dela por nós. Juntos, podemos construir um país onde cada são-tomense tenha orgulho de viver, um país onde o nosso maior recurso — o nosso povo: homens e mulheres são-tomenses — seja o centro de todas as decisões.

É hora de agir. É hora de construir a nação mais ditosa da terra.

Com esperança e determinação,

Olinto Daio

22/11/24

Opinião extraída do Portal – Liderança Inspiradora

5 Comments

5 Comments

  1. Marlucy

    23 de Novembro de 2024 at 5:51

    Penso que os governantes do nosso país estão interessados apenas neles e não no país, ficaria feliz se está taxa fosse baixíssima e que as pessoas não sentiriam a diferença e se o governo faria bom uso desse dinheiro mas como todos sabemos, o dinheiro irá todo para eles. Misericórdia.

    • Patriota

      23 de Novembro de 2024 at 19:55

      Este povo faminto e fragilizado pelo papá não tem cabeça própria.
      Papá está a dar de tudo para ganhar dinheiro para perpetuar no poder.

      Este povo merece

    • Lenilza Lumungo Congo

      25 de Novembro de 2024 at 10:22

      Verdade, temos q melhorar essa situação

  2. Carlos Manuel Calix Esteves

    24 de Novembro de 2024 at 20:00

    Não sou São-Tomense,mas tive a oportunidade de conhecer São Tomé e fiquei fascinado pela sua gente e por uma ilha que considero um verdadeiro paraíso.Queria desta forma demonstrar a minha total solidariedade para com o povo de São Tomé.

  3. Edson Neves

    24 de Novembro de 2024 at 21:26

    Olha, quem te viu quem te vê! Hoje mudou de lado e está com o discurso da razão. Já se esqueceu que assumiu a pasta do Ministério da Educação sem ter qualquer conhecimento técnico em Ciências de Educação, fazendo um monte de besteira, perseguindo funcionários contrários aos seus ideais, tomando decisões sem ouvir o corpo técnico do ministério nem os docentes. Está sentindo na pele o que é não ter os poderes da máquina pública para poder fazer o que quer, perdeu o favo não tem mais mel pra lamber os dedos, agora se posiciona como se fosse igual ao zé povinho. Me deixe viu! Se as Instituições do Estado funcionasse o senhor deveria estar na cadeia cumprindo pena pelos atos praticados enquanto ministro. O país está cheio oportunistas e demagogos, quando assumir o poder novamente cometerá os mesmos erros que governo atual está cometendo por arrogância, falta conhecimento técnico, ganância e senso de justiça.
    Deus é justo, onde há Deus há chuva.

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