Política

STP e a Rússia começaram a trabalhar na elaboração de uma nova Doutrina Militar

Uma delegação do ministério da defesa da Rússia está a trabalhar com as autoridades nacionais na elaboração pela primeira vez da doutrina militar de São Tomé e Príncipe.

É uma garantia dada pelo embaixador da Rússia Vladimir Tararov numa entrevista exclusiva concedida ao Téla Nón.

«Posso dizer que está agora uma delegação do ministério da defesa da Rússia aqui, para negociar com a parte santomense as acções práticas a serem implementadas. Temos boas perspectivas para a realização de algumas acções, como a formação dos quadros militares santomenses», declarou o embaixador da Rússia.

A Doutrina Militar, é o instrumento base que define de facto, o que é que o país quer para si, que objectivos pretende alcançar, no domínio da defesa e segurança. É equiparado ao Plano Estratégico muito propalado nos dias de hoje.

«A doutrina militar define as necessidades não só em formação de quadros militares, mas também, no fornecimento de equipamentos, para os ramos das forças armadas, nomeadamente a guarda costeira para melhorar a fiscalização do mar territorial santomense», detalhou.

Segundo o embaixador da Rússia, é através da criação da doutrina militar, que os acordos assinados entre os dois países no domínio da defesa e segurança serão executados de forma eficiente. E são 3 acordos que ligam São Tomé e Príncipe e a Rússia no domínio da defesa e segurança.

«Assinamos três acordos e não apenas um. Temos um acordo de cooperação militar, o outro no domínio da cooperação técnico-militar que significa o fornecimento de material bélico e outros meios, e o terceiro acordo liga o ministério do Interior da Rússia e a Polícia Nacional de São Tomé e Príncipe», acrescentou Vladimir Tararov.

Os três acordos de defesa com a Rússia foram assinados em maio de 2024 na cidade de São Petersburgo pelo ex-Ministro da Defesa Jorge Amado, por orientação do ex-Primeiro Ministro Patrice Trovoada.

«Devo sublinhar que são acordos quadro. São acordos que apresentam as linhas gerais de cooperação, e não definem as acções concretas. Por isso a importância dos trabalhos técnicos que estão a decorrer aqui em São Tomé entre os técnicos do ministério da defesa dos dois países», realçou o embaixador.

FOTO : Embaixador Vladimir Tararov na entrevista dada ao Téla Nón

Com a doutrina militar como principal objectivo, a Rússia que contribuiu para a criação e estruturação das forças armadas de São Tomé e Príncipe, logo depois da independência nacional, diz que pretende agora ajudar no fortalecimento da soberania nacional sem repetir os erros do passado.

«Estamos neste momento a ajudar São Tomé e Príncipe a elaborar a doutrina militar. A doutrina militar vai definir os interesses de São Tomé e Príncipe no domínio militar, ou no domínio da segurança…. Por exemplo, no passado, no período da União Soviética fornecemos a São Tomé e Príncipe, minas antinavio, tanques ou viaturas blindadas. Mas para quê? São Tomé e Príncipe necessitava desses meios? Tinha aqui inimigos com tanques para combater?», interrogou.

Os tempos são outros, as ameaças são outras, e a Rússia considera que a utilização das novas tecnologias pode garantir defesa e segurança sólidas, para o arquipélago cuja extensão marítima é 160 vezes maior que a terra.

«Por exemplo no ano passado apresentei uma ideia ao ex-Primeiro Ministro Patrice Trovoada, que era a possibilidade de criarmos uma empresa mista santomense e russa, com capital privado para a fiscalização das águas santomenses. Nós forneceríamos radares de curto alcance que pudessem detectar as embarcações na prática de actos ilegais no mar de São Tomé e Príncipe. Teríamos drones que poderiam seguir a embarcação suspeita. De acordo as coordenadas emitidas pelos drones, as lanchas rápidas faziam-se ao mar para intercepção do navio que estivesse a fazer a pesca ilegal», pontuou Vladimir Tararov.

Na entrevista dada ao Téla Nón, e que vai ser divulgada brevemente na íntegra, o diplomata russo avisou que o propósito do seu país, continua a ser igual ao do período da independência nacional de São Tomé e Príncipe. Ajudar no fortalecimento da soberania e da independência nacional.  

No quadro do acordo no domínio da defesa a Rússia pretende criar escolas de formação técnico-profissional dentro das forças armadas para dar futuro aos jovens que ingressam nas fileiras das FASTP.

«Sem ciúmes. Nós não temos ciúmes de outras cooperações. O Estado soberano de São Tomé e Príncipe, é que deve decidir. Se achar que a Rússia pode ser importante numa área, assim o faremos, para o bem-estar do país, e sem ciúmes», concluiu o embaixador Vladimir Tararov.

Membro fundador dos BRICS, organização que integra os países emergentes do Sul Global, a Rússia é um dos promotores da criação de uma nova ordem mundial multipolar.

Abel Veiga 

6 Comments

6 Comments

  1. Domingos Pereira

    9 de Abril de 2025 at 15:26

    Uma vergonha São Tomé alinhar com os interesses de uma ditadura que está neste momento a matar civis inocentes na Ucrânia!
    O nosso caminho deve ser o caminho de Portugal, dos Europeus e dos países com valores democráticos.
    Mais diálogo e cooperação com a União Europeia e menos com países genocidas como a Rússia e China!

    • Leão do norte

      10 de Abril de 2025 at 9:29

      O nosso caminho é com Portugal e países europeus e blá blá blá?
      Escreva aqui o nome da erva que fumas.
      Os europeus por aqui estiveram por 500 anos pilhando tudo quanto queriam.
      Deveríamos sim estar de costas viradas para estes loucos, o nosso caminho é com o Sul Global, com a Rússia no comando.
      Doa a quem doer.

  2. Vladimir Pudim

    9 de Abril de 2025 at 20:30

    A Russia já nao oferece tanques nem viaturas blindadas porque a Ucrania já as destruiu praticamente todas.

    Talvez seja mais realista Sao Tome fazer esse acordo com os Ucranianos

  3. JuvencioAO

    10 de Abril de 2025 at 10:28

    Talvez tenhas razão!

    O ponto de vista dos europeus é isso mesmo. Mas no entanto, se vermos bem, sem demagogia, a Rússia vem ganhando terreno da Ucrânia, onde já possui mais de 20%.

    Sejamos realistas.

  4. Chicão da Mina

    10 de Abril de 2025 at 15:55

    Vamos de mal a pior. Então a ditadura Russa é que é boa? Querem cá colocar os mercenários da Wagner? Vejam o que está a acontecer no Mali onde a Rússia e os seus mercenários mandam. Não há ouro em STP como no Mali, mas há peixe no mar, há madeira na floresta, e há o interesse estratégico na situação geográfica. Vai tudo ser roubado. Abram os olhos!!!! O interesse de STP não pode ser o mesmo da Rússia. E o comentário desse Leão do Norte é do mais ordinário que já aqui vi.

  5. MOREIA

    10 de Abril de 2025 at 17:00

    Necessitamos de construir escolas, universidades, academia de polícia, academia militar,formação superior policial, formação instrução de comandos, formação militar superior, as estratégias defesa, organização de defesa, pactos de defesas, a legislação na área de defesa, os direitos humanos, bem como nas áreas de investigação forense, laboratórios, equipamentos etc

    Formação de policia judicial, investigação criminal, etc..

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