Opinião

O MAIS HERÓICO ESPÍRITO PATRIÓTICO.

Todas as nações querem que os seus políticos se sacrifiquem pela população, mesmo estando animadas pelo mais heróico espírito patriótico.

Mas a ajuda à população não se faz só com esperança nem com meras honras, mas com dinheiro real, e muito. É aqui que tudo deve começar, quando um líder quer verdadeiramente ajudar os seus.

Tudo o resto são ideias metafísicas que não se podem realizar e é o mesmo que querer que um embaixador sem rendimentos e pobre faça boa figura numa corte rica. É risível dizer, como o fazem certos falsos políticos, que se deve servir a pátria por mera honra. Nunca vi nenhum político nem governante contentar-se com a honra, todos querem os seus tostões (e muitos) para manter as aparências e, por isso, todos eles se contradizem na prática.

O Rei David que, conhecendo melhor que todos que os homens são obrigados a obedecer a Deus apenas pelo facto de as ter criado e mantido, dizia, de qualquer maneira, bem claramente: “Curvei o meu coração para suportar as tuas justificações em vista da recompensa”.

Em suma, os líderes não ouvem a importante verdade de que já não são senhores dos dinheiros públicos, mas meros administradores, e que estes dinheiros devem ser usados unicamente para o bem dos povos.

Ora, não se encontra nenhum conselheiro, nem confessor, que lhes explique e inculque esta verdade evangélica.

Pelo contrário, desde a primeira infância que se habituam a pensar que “o que é do Estado é meu”.Não existe o espírito de servir, de respeitar o interesse público (e não o privado). É daqui que nascem as desordens que vemos hoje em dia e aquele espírito de despotismo e perseguição com que oprimem todos aqueles que não compartilham as suas ideias.

De facto, quando uma pessoa é colocada pelo povo e por Deus num cargo governante, é-o unicamente para proveito dos outros. Caso não se ache preparado para desempenhar todas as tarefas, deverá chamar de imediato em auxílio os homens mais capazes e mandar embora todos os aduladores e promotores dos prazeres inúteis e injustos. Mas, infelizmente, não é isso que acontece.

Esta falta de bons princípios dá origem a que no nosso país nenhum homem e muito menos um homem com formação pode dizer a verdade aos políticos e pode fazer grandes coisas para bem da população.

Os homens com instrução encontram-se de novo dentro de dois extremos perigosos. A verdade é que, se alguém tenta fazer qualquer coisa para o bem público e para melhorar o país, morrerá inevitavelmente na solidão.

Moscovo, aos 4 de Novembro de 2010

5 Comments

5 Comments

  1. Nome

    8 de Novembro de 2010 at 12:51

    Muito bem, escrito, meus parabéns.
    É a vida meu caro!
    Lendo a sua crónica, lembrei do caso “Mensalão” que ocorreu no Brasil, o Presidente mesmo contra aquilo e devido aos interesses e compromissos assumidos, simplesmente respondia “não sei e não vi nada”…
    E assim, vamos de geração em geração…

  2. J. Maria Cardoso

    8 de Novembro de 2010 at 17:20

    Por mais k em termos filosóficos se queira trazer a luz dos olhos a verdade dos novos tempos pk pairam as ideologias, é muito mais prático e até politicamente correcto negar “o mais heróico espírito patriótico”.
    A corrida desenfreada do capital no alcance ao bem material dispensa o patriotismo, aliás, o desenvolvimento de qq sociedade, normalmente sacrifica o k de melhor os seus homens devem oferecer ao bem servir.
    Num país como o nosso, STP, não podendo auto-marginalizar-se das mais elementares regras da modernidade, o povo é chamado a eleger os seus filhos a quem deposita a confiança num dia melhor.
    Se por um lado, o Socialismo já o era, não obstante a crise internacional, mantem-se viva a chama do Capitalismo.
    Os primeiros anos da nossa existência como Nação, a doutrina Socialista com mais ou menos clareza, era a imagem a seguir. Hoje resta-nos o Capitalismo.
    Até lá chegarmos, “o mais heróico espírito patriótico”, imoral e infelizmente, é de tudo o k mais dispensa o pensamento humano.
    O capital colide com o patriotismo, senão há k ter esperança nas migalhas do próprio capital e com ela sair da “solidão”.
    A terra há-de sempre parir bons filhos.

  3. Madalena

    8 de Novembro de 2010 at 17:31

    Estes escritos podem ser comparados as edições gratuitas que nós recebiamos na embaixada URSS, junto ao Liceu, naqueles tempos, decada 70 a 90. Principios, Praticos e Perspectivas.
    Gostava de os ter em casa, tradução em português de Marxismo Leninismo.
    Em cada capitulo, Marx, volta e meia Marx, depois Lenine, vira pagina Lenine.
    Dquilo era ditadura.
    Hoje não se fala de Lénine, porquê?
    So o senhor Samba!!!
    Parabens manu.

  4. Miques Bonfim

    10 de Novembro de 2010 at 16:47

    Não sei como agradecer .
    Este escrito é realmente válido e revelador de algum espírito de patrotismo.
    Encoraja te mais e continui a formar as gerações vindoras ( santomense em esperança).

  5. Miques Bonfim

    10 de Novembro de 2010 at 16:56

    Esta nota é só para pedir desculpas aos carros leitores, bem como à cronista do erro ortografico cometido – patrotismo – que deve ser patriotismo.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top